30.1.08

ARQUITECTO DA DSSOPT DEU PONTUAÇÃO MÁXIMA À CHON TIT SEM CUMPRIR ORDENS
“O superior não obrigava”

Sónia Nunes

O arquitecto da divisão de projectos e obras da Direcção de Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), Choi Tong Wa declarou ontem no Tribunal Judicial de Base que a alteração das pontuações das empresas a concurso para os projectos de construção, instruídas pelos responsáveis do gabinete, não eram impositivas. A primeira testemunha ouvida ontem, no julgamento que tem como arguidos os familiares de Ao Man Long e três empresários, nunca alterou uma classificação. Nem quando lhe foi pedido para colocar a Chon Tit à frente da tabela para as obras no Auto-Silo do Cotai.
“Não recebi nenhuma instrução no sentido de alterar as pontuações dos projectos” que antecederam os Jogos da Ásia Oriental – Macau Dome e Pavilhão do Instituto Politécnico – declarou o arquitecto. As únicas orientações que recebeu, avançou, foram relativas ao parque de estacionamento junto à ponte Flor de Lótus e não foram seguidas. “De acordo com a deontologia, a pontuação estava dada, era objectiva e não tinha nada que ser alterada”, assegurou Choi Tong Wa. A determinação tornou-se mais clara quando a testemunha garantiu perante o colectivo que “o superior não obrigava” os funcionários a acatarem as indicações para as adjudicações. Na mesma linha dos depoimentos dos técnicos da DSSOPT ouvidos anteontem, o arquitecto nunca questionou as sugestões vindas de cima, uma vez que, “não convinha fazer perguntas nesse sentido”.
Choi Tong Wa disse ainda não ter recebido quaisquer represálias por não fazer alterações nas grelhas provisórias e que, apesar de aparentemente se demarcar dos superiores, nunca foi excluído de nenhuma Comissão de Avaliação. Ainda assim, o modo de actuar na DSSOPT teve efeitos secundários: “Fiquei psicologicamente abalado. Recebemos instruções e isso interferia na autoridade da comissão”, afirmou.
Contudo, deve ser feita uma ressalva: a avaliação “objectiva” que fez deu também a pontuação máxima à Chon Tit, na primeira proposta para as obras no Auto Silo do Cotai. A referência ao parque de estacionamento voltou a trazer a tribunal uma das principais questões do processo. A saber: porque é que a empresa ganhou a obra com uma proposta e, a meio da construção, apresentou outro projecto, cerca de 50 milhões de patacas mais caro (de acordo com a testemunha ouvida ontem). O facto de Choi Tong Wa ter dado menos um ponto na proposta final lançou mais uma acha para o inquérito.
O arquitecto, responsável pela avaliação dos materiais, explicou que a construção final resultou da necessidade de aumentar os lugares de estacionamento e que foram tratadas como obras adicionais, com a decisão de Ao Man Long, autorizada pelo Chefe do Executivo – o que tem já sido dito por outras testemunhas. “A primeira proposta teve pontuação máxima porque era mais pequena e, nestes casos, o sistema de incêndio, por exemplo, é melhor”, esclareceu.

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