29.1.08

NOVO LIVRO DE JONATHAN CHAMBERLAIN RETRATA KING HUI, EMINENTE PERSONAGEM DA ANTIGA COLÓNIA BRITÂNICA
O dono de todo o ópio de Hong Kong

Marta Curo

King Hui foi dono de todo o ópio de Hong Kong. Mas também foi um famoso lutador de Kung Fu, um playboy e um jogador nos casinos de Macau, esteve associado às tríades de Shangai e a um grupo de assaltantes à mão armada, e acabou por servir de espião, ao serviço da CIA americana aquando a Revolução Cultural. Parece personagem de filme, mas Hui existiu e a sua biografia foi agora lançada em Hong Kong pela Balcksmith Books. O autor de King Hui: The Man Who Owned All the Opium in Hong Kong (O homem que era dono de todo o ópio de Hong Kong) é Jonathan Chamberlain que baseou a obra em 72 horas de entrevistas, realizadas no espaço de dois anos. E a conclusão a que se chega é que King Hui era um homem como os outros. Não era um homem mau, nem um criminoso ou um traidor. Era só um chinês em Hong Kong, que aproveitava, da melhor maneira, as oportunidades que os tempos lhe iam dando, vendo tudo e conhecendo toda a gente.
Hong Kong era naquela altura, para além de muitas outras coisas, o destino recreativo dos militares americanos estacionados no Guam. Um dos homens, que correram para a o território assim que conseguiram uma licença, foi Nelson.
Mal deu entrada no hotel, Nelson indicou que precisava de roupa (todos precisavam de roupa) e de uma mulher (todos precisavam de uma mulher). Os funcionários do hotel conheciam bem Hui e chamaram-no. Ele providenciou a roupa e a mulher. Não era, no entanto, um proxeneta. Era só um homem útil. Sabia estar onde mais podia ganhar, quando mais podia ganhar.
Poucos dias mais tarde, Hui voltou a ver Nelson. O militar confessou-lhe que estava apaixonado e comprara um apartamento à mulher. E a ultima vez que Hui ouviu falar no militar já ele tinha gasto o dinheiro todo, tendo sido devolvido apressadamente a Guam. Nelson era um de muitos. E Hui estava lá para todos. A sua esperteza levava-o a meter-se num barquito para receber os navios americanos logo à entrada do porto, não fosse outro esperto levar a melhor.
O chinês conseguia moldar-se às necessidades, e sentia-se em casa em qualquer estrato social. Não foi por acaso que passou de playboy rico, a criminoso num abrir e fechar de olhos. Pelo caminho, testemunhou grandes momentos históricos que o livro relata como se de uma novela se tratasse. Hui viu a invasão japonesa e a ocupação de Hong Kong, o assassinato do empresário Lee Hysan, a ocupação comunista de Guangzhou, a revolução cultural, a pirataria no sul da China, a chegada das tríades de Shangai, e até sentiu as tensões políticas que Taiwan levantava.
Antes de lançar esta obra, o autor havia publicado outros dois livros, relativas aos deuses chineses e à recuperação do cancro, respectivamente. Tendo crescido entre a Irlanda e Hong Kong, Jonathan Chamberlain acabou por se fixar na RAE intercalando a profissão de professor com a escrita. Hoje só se dedica aos livros e segundo, David Tang, fá-lo muito bem.
"Esta é uma história verídica, mas lê-se como se fosse um romance. Uma excelente leitura", dizia Tang na comunicação enviada pela editora. O empresário, conhecido pela marca de roupa Shangai Tang, da qual é proprietário, mas também pelas suas ligações diplomáticas a Cuba, escreve o prefácio de King Hui: The Man Who Owned All the Opium in Hong Kong.


*****


EXPOSIÇÃO NA CHANCERY LANE GALLERY
Francesco de Stefano em Hong Kong

Pela primeira vez, o pintor italiano Francesco de Stefano exibe o seu trabalho em Hong Kong, depois de apresentações em vários países da Europa e América Latina. Com mais de 70 anos, o artista italiano usou uma técnica chamada fortezzato nesta exposição, que passa pelo uso de pinceladas de oiro e prata sobre as pinturas de paisagens e imagens abstractas que faz. O conjunto é depois iluminado com luz natural e artificial num jogo de sombras, criando uma pintura unificada e cheia de reflexos. O método vem cortar com a tendência da colagem, que nem tenta esconder onde começa e acaba cada elemento do trabalho. Mas a verdade é que o italiano nunca tentou seguir tendências.
Francesco de Stefano estudou na Academia de Belas Arte de Caracas, Venezuela, em 1955, mas acabou por rumar à escola de belas artes de Milão com uma bolsa. Os anos 60 foram passados na cidade italiana, onde Stefano se dedicou à cenografia, trabalhando com alguns dos maiores génios do cinema europeu. A crescente dependência dos computadores no mundo do cinema, acabou por afastar o pintor, que voltou à sua primeira arte para tentar entender a noção de espaço, ligada à atracção e repulsa da força da luz.
O seu trabalho estará em exposição no 10 Chancery Lane Gallery, em Hong Kong, de 6 de Março a 5 de Abril.

Edições Anteriores

Arquivo

DIRECTOR Paulo Reis REDACÇÃO Isabel Castro, Rui Cid, João Paulo Meneses (Portugal); COLABORADORES Cristina Lobo; Paulo A. Azevedo; Luciana Leitão; Vítor Rebelo DESIGN Inês de Campos Alves PAGINAÇÃO José Figueiredo; Maria Soares FOTOGRAFIA Carmo Correia; Frank Regourd AGÊNCIA Lusa PUBLICIDADE Karen Leong PROPRIEDADE, ADMINISTRAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO Praia Grande Edições, Lda IMPRESSÃO Tipografia Welfare, Ltd MORADA Alameda Dr Carlos d'Assumpção 263, edf China Civil Plaza, 7º andar I, Macau TELEFONE 28339566/28338583 FAX 28339563 E-MAIL pontofinalmacau@gmail.com