3.2.08

Nova Iorque, Macau e Hong Kong unidos pela arte

Coreógrafos de Macau vão a Nova Iorque 'criar' com a companhia de dança Amy Marshall. O primeiro musical made in Macau está a ser preparado inteiramente com artistas locais. E o coreografo Yuri Ng pega em duas dezenas de dançarinas amadoras de Macau para fazer um espectáculo amador. Quem diz que Macau é só casinos?

Marta Curto

Abrem amanhã as inscrições para os coreógrafos de Macau que queiram ir três semanas a Nova Iorque para trabalhar com a companhia de dança Amy Marshall. O objectivo será criar uma coreografia com influências de Macau e de Nova Iorque, que subirá ao palco do Centro Cultural de Macau no dia 19 de Outubro.
O "Dançar até Nova Iorque" é mais uma iniciativa do CCM para promover (e formar) os artistas locais. Desta vez, o programa é de intercâmbio internacional, juntando um ou dois coreógrafos de Macau à Companhia de Dança Amy Marshall, em Nova Iorque, durante três semanas de Agosto. As inscrições terminam a 2 de Março e qualquer residente de Macau é bem vindo, desde que seja maior de idade. Em teoria, exige-se também formação em dança, sobretudo ballet, e alguma capacidade de improvisação. Mas Pedro Lencastre, da área de programação e marketing do CCM, explica que "só existem um ou dois coreógrafos profissionais em Macau, o resto são amadores que trabalham no conservatório ou em escolas de dança. E nós queremos chegar a todos". A verdade é que, no fim de contas a decisão final cabe a Amy Marshall.
"Esta é uma iniciativa nossa. Seremos nós a custear as viagens dos coreógrafos e também fomos nós que escolhemos esta companhia de dança, porque gostamos da sua dinâmica e projectos". No dia 8 e 9 de Março, Amy Marsahll virá a Macau e fará uma audição aos candidatos. Mas não uma audição como as outras. Será um wokshop onde a directora artística poderá ver o desenvolvimento dos coreógrafos e escolher um ou dois artistas para com ela criarem uma coreografia com influências macaenses e nova iorquinas. Para isso, os candidatos terão mesmo de saber falar inglês.
"Olá a todos! Estou ansiosa por vos conhecer em Macau e tenho a certeza que trabalharemos bem juntos! A pessoa que vou procurar nas audições tem sobretudo de ter muita vontade de integrar este projecto. Espero que me possa dar a conhecer as tradições e a cultura de Macau, assim como prefiro alguém que tenha bons conhecimentos de dança e capacidade de improvisação. Mas, na verdade, só quero mesmo que quem seja escolhido tenha muita vontade de participar no projecto!".
Uma Amy Marshall de camisola de lã vermelha - que o inverno em Nova Iorque também não está para brincadeiras - foi filmada na Big Apple para incentivar os candidatos a inscreverem-se e a imprensa a escrever.
Esta companhia, criada em 2000, tem Amy Marshall como directora artística, enquanto Chad Levy é o director executivo. Desde o início que a companhia faz várias digressões, actuando e ensinando em varias universidades e companhias de dança americanas. Esta companhia de dança também desenvolve um programa educacional de assistência social, realizando palestras e actuações em escolas e comunidades, numa tentativa de sensibilizar o público na arte da dança moderna. Estas iniciativas serão repetidas em escolas de Macau quando a companhia vier aqui actuar em Outubro.
As inscrições para "Dançar até Nova Iorque" abrirão amanha e os interessados poderão descarregar o formulário do site do CCM. Não há limite de inscrições, nem de criatividade.

Recrutamento para o
primeiro musical made in Macau

Em curso está também o projecto Um Musical Criado em Macau Ganha Vida, que começou no ano passado e só terminará em 2009. O objectivo é criar do zero um musical em Macau, feito por profissionais de Macau. Para isso, em 2007 abriram-se inscrições para o workshop ABC dos Musicais, onde 25 criativos na área do guionismo, composição musical, e coreografia receberam aulas de vários artistas internacionais. Ficaram 15, que, neste momento, preparam a base do espectáculo que acontecerá em Dezembro do próximo ano.
Amanha abrirão as inscrições para a segunda fase do musical. São necessários cantores, dançarinos e actores, e, para tal, serão dados três workshops por profissionais de Hong Kong. Para concorrer basta ter 16 anos e alguma experiência - ou mero interesse - por teatro, musica ou dança.
Henry Shek, maestro, dará as nove sessões de Técnica Vocal para Musicais, entre os dias 7 e 30 de Março. O coreografo Mohamed Drissi ensinará Técnica de Dança para Musicais em 16 sessões, entre 18 de Abril e 7 de Junho, e Dominic Cheung terá a seu cargo as 16 sessões do workshop de Técnica de Representação para Musicais, entre 19 de Maio e 8 de Julho. O custo de cada curso é de 500 euros, mas quem se inscrever nos três terá um desconto de 30 por cento. O objectivo é formar profissionais altamente qualificados em todas as áreas do musical e, para isso, no final de cada workshop haverá um espectáculo interno para testar o grau de aprendizagem dos participantes.
No início do mês de Dezembro deste ano, o CCM apresentará um musical, que ainda não foi escolhido, com os alunos que completarem a totalidade do programa, para que comecem a familiarizar-se com o palco e com o público.
O ano de 2009 é a terceira fase do processo e será marcado pela finalização da produção e pelos ensaios até o grande espectáculo. "A minha opinião pessoal é que teremos cerca de cinco actuações do musical criado no CCM, mas logo se verá qual a reacção do público. A verdade é que Macau é muito aberto a este género de teatro. O Cats esgotou em poucas horas", explica Pedro Lencastre. Neste momento ainda não se sabe do que tratará o primeiro musical made in Macau, mas os criativos já estão a trabalhar na ideia.
Outra das iniciativas do CCM que envolvem artistas locais é o Contos de Macau: Vestido para Dançar (Dress Up, to Dance). O centro convidou o coreografo de Hong Kong, Yuri Ng, para juntar roupa da dupla de designers portugueses Clara Brito e Manuel CS a duas dezenas de dançarinas amadoras de Macau, e fazer uma coreografia experimental e inovadora. O espectáculo acontecerá no próximo dia 16.

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