Último balanço indicava mais de 6200 crianças afectadas na China
Melamina encontrada em Hong Kong
Melamina encontrada em Hong Kong
As autoridades de Hong Kong indicaram ontem que foi encontrada melamina, o produto químico que já matou quatro bebés na China, em bebidas e lacticínios comercializados pela empresa chinesa Yili, tendo ordenado a sua retirada do mercado.
O Centro para a Segurança Alimentar (CFS) de Hong Kong descobriu melamina em oito dos 30 produtos do gigante chinês Yili. "Pedimos ao importador que suspenda a venda dos produtos e retire do mercado todos os que estão à venda em Hong Kong", afirmou Constance Chan, a responsável do centro. "Pedimos sobretudo ao público que não consuma os produtos da marca", acrescentou.
O grupo Yili, com sede na Mongólia Interior, que foi patrocinador oficial dos Jogos Olímpicos de Pequim, está entre as 22 companhias acusadas pelas autoridades chinesas de comercializarem produtos contaminados.
Os testes em Hong Kong foram realizados após a descoberta, na terça-feira, de melamina em congelados fabricados pela Yili.
Os resultados foram enviados às autoridades chinesas para tentar erradicar os focos da contaminação, acrescentou Chan.
Fora das lojas
Ontem, um agente em Hong Kong da Yili indicou que todos os produtos da marca, à venda em Hong Kong, foram recolhidos, segundo a rádio RTHK.
As autoridades de saúde de Hong Kong estão a efectuar testes em outros produtos de marcas chinesas, principalmente a Mengniu, que estão na lista das empresas acusadas por Pequim.
Em Hong Kong, a rede de supermercados Wellcome anunciou, na passada terça-feira, a retirada das prateleiras um gelado de iogurte do grupo com sede na Mongólia Interior.
Ontem, a Wellcome e a rede de supermercados Park'n Shop revelaram à AFP que todos os produtos Yili foram retirados das suas lojas.
As autoridades chinesas admitiram, na quarta-feira, que duas empresas fabricantes de lacticínios acusadas pelas autoridades chinesas exportaram os seus produtos (para o Burundi, Gabão, Bangladesh, Birmânia e Iémen) e que iogurtes contaminados tinham sido encontrados em Hong Kong.
Quarta morte na China
Um bebé morreu na região de Xinjiang, oeste da China, depois de beber leite em pó contaminado, elevando para quatro o número de recém-nascidos mortos, segundo a página digital do governo da região.
A morte do bebé, que se deve à ingestão de leite em pó ao qual foi adicionado uma substância química - melamina - ocorreu na localidade de Bazhu, segundo um comunicado oficial, que não avançou mais pormenores.
O último balanço, divulgado na passada quarta-feira, pelo ministro da Saúde Chinês, Chen Zhu, dava conta da morte de três bebés, dois de Gansu (noroeste) e um outro de Zhejiang (leste) e de 6.244 crianças afectadas.
O escândalo do leite contaminado foi detectado no passado dia 12 com a abertura, pelas autoridades sanitárias, de um inquérito depois de um bebé ter morrido no dia anterior, e da descoberta de dezenas de casos de recém-nascidos que sofriam de problemas renais na província de Gansu (norte).
O Ministério da Saúde confirmou que os bebés tinham adoecido depois de terem consumido leite em pó da empresa Sanlu, contaminado por melamina, utilizada no fabrico de plástico e de colas e podendo artificialmente aumentar a taxa de proteínas.
O inquérito desencadeado em todo o país na semana passada, depois de o escândalo ter atingido a Sanlu, com sede na província de Hebei, perto de Pequim, revelou que o problema envolve ao todo 22 empresas, espalhadas pelo território chinês.
O Conselho de Estado (governo) decidiu, na quarta-feira, em reunião presidida pelo primeiro-ministro Wen Jiabao, "inspeccionar à escala nacional (...) a indústria do leite", lia-se ontem no site da Internet da Administração encarregue do controlo de qualidade.
De acordo com a agência oficial Xinhua, o controlo será alargado à alimentação para gado.
Em circular dirigida aos seus serviços, a Administração responsável exige o reforço do controlo para detectar qualquer vestígio de produto suspeito nos alimentos ou aditivos alimentares.
A melamina, utilizada no fabrico de plástico e de colas, podendo artificialmente aumentar a taxa de proteínas, é usada por falsificadores de produtos alimentares para dar uma aparência de elevado nível de proteínas.