24.3.08

Polémica em torno de ligações do primeiro-ministro australiano ao magnata
Kevin Rudd acusado de aceitar
presentes de Stanley Ho


As ligações a Stanley Ho voltam a dar que falar. Agora foi a vez do primeiro-ministro australiano, Kevin Rudd, ter sido acusado de ter recebido "presentes do magnata do jogo", como referiu o jornal britânico The Independent.
As acusações surgem quatro meses depois de Rudd ter sido eleito, e as alegações de que o agora governante, mais alguns ministros do seu governo, receberam presentes de Stanley Ho reportam-se aos tempos em que ainda estavam na oposição.
Na verdade, quem terá pago um total de 16 viagens a países estrangeiros a Rudd e outros políticos do Partido Trabalhista foi Ian Tang, empresário chinês que é sócio de Stanley Ho num projecto imobiliário em Pequim.
O problema, como o The Independent coloca, estará também relacionado com o facto de Kevin Rudd, conhecido como um "católico devoto", ter declarado já a intenção de abordar em termos políticos os crescentes problemas do jogo na Austrália. O primeiro-ministro disse mesmo detestar "máquinas de jogo" e o seu impacto nas famílias.
Ora, a revelação de que Rudd ajudou ao lançamento do centro comercial de Tang e Stanley Ho em meados de 2006 na capital chinesa valeu-lhe já epítetos como "hipócrita" e outros mimos por parte dos seus opositores.
Rudd admitiu que tanto ele como correligionários seus aceitaram viagens pagas pela empresa de Tang, Beijing AustChina Technology, entre 2005 e Novembro do ano passado, o mês das eleições legislativas. A empresa de Tang doou ainda centenas de milhares de dólares ao Partido Trabalhista, mas também aos conservadores.
Rudd defende-se das acusações de que estaria em dívida para com Tang por causa das viagens, argumentando que esse tipo de prática é comum e que vários políticos na oposição viajam para o estrangeiro em circunstâncias semelhantes. "É apenas a realidade", disse Rudd à Australian Broadcast Corporation. "Quando estamos na oposição e queremos fazer alguma coisa, por vezes temos que recorrer a financiamentos privados, para assegurar que algumas viagens são viáveis." Do mesmo modo, Rudd também afirmou que tanto as viagens como as doações foram declaradas no devido tempo. "A questão principal é a transparência", afirmou.
Nas viagens em causa, Kevin Rudd, que é fluente em mandarim, deslocou-se a Pequim para a inauguração do projecto de Tang e Ho, mas também visitou os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e o Sudão.
A empresa de Tang, que importa produtos de telecomunicações australianos, declarou, por seu turno, que não houve compromissos devido às viagens. Apenas serviram, argumentou-se, para fomentar interesse político na China.
Em todo o caso, como concluiu o próprio jornal inglês, este episódio acaba por se virar contra os próprios instigadores das acusações. Ou seja, Kevin Rudd já teve oportunidade de demonstrar, na sua defesa, que há diversas provas que ligam o anterior governo australiano à empresa de Tang. Como Rudd afirma, "acho que existe aqui um claro caso de duplicidade de critérios."

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