Pereira Coutinho diz-se “discriminado”, Silvério alega que convite foi feito a todos os deputados
Tocha acesa
Tocha acesa
A passagem da Tocha Olímpica por Macau já está marcada por polémica: o deputado Pereira Coutinho diz não ter recebido convite para participar no desfile, Manuel Silvério, presidente do Comité de Planeamento, diz que o convite seguiu a 14 de Agosto
Alfredo Vaz
Alfredo Vaz
Macau assistiu no sábado ao ensaio geral do percurso que a Tocha Olímpica vai realizar no próximo dia 3 de Maio com as opiniões a dividirem-se entre o “sucesso” para os organizadores, e queixas de alguns deputados à “perturbação” à ordem pública e o “desnecessário secretismo” que rodeou os preparativos. Mas o ‘verniz estalou’ ontem com o deputado Pereira Coutinho a queixar-se de não recebido convite para integrar o desfile, e o Presidente do Comité de Planeamento a afirmar que o convite foi enviado a todos os deputados, “sem excepção”, a 14 de Agosto do ano passado.
Em declarações ao PONTO FINAL, Pereira Coutinho disse ontem lamentar não ter recebido qualquer convite, nem na qualidade de deputado, nem na de “representante legítimo da comunidade portuguesa em Macau”, considerando tratar-se de uma “situação injusta e discriminatória.”
Contactado pelo PONTO FINAL, Manuel Silvério, Presidente do Comité de Planeamento (CP) da passagem da Tocha Olímpica por Macau, deu uma versão diferente da situação. Silvério disse que o CP enviou um convite a todos os deputados, “sem excepção”, no dia 14 de Agosto do ano passado, tendo como data limite de resposta o dia 7 de Setembro, e que Pereira Coutinho “respondeu verbalmente que não tomaria parte.” Silvério disse não querer alimentar polémicas, esclarecendo que, para o CP, o representante da comunidade portuguesa é o Cônsul Geral de Portugal na RAEM.
Pereira Coutinho, por sua vez, disse ainda ao PONTO FINAL que vai pedir uma audiência ao Chefe do Executivo para esclarecer este diferendo.
O deputado disse, no entanto, que apoia “incondicionalmente” a realização do evento, que representa “uma grande honra para Macau e para as suas gentes.”
Evento teste decorreu
com “tranquilidade”
com “tranquilidade”
O Comité de Planeamento do Transporte da Tocha Olímpica Pequim 2008 – Etapa de Macau - realizou no sábado um ensaio para testar as operações que serão realizadas no dia em que a chama Olímpica atravessar a cidade, nomeadamente, o controlo de tráfico, a segurança, a transmissão televisiva e a coordenação da comitiva de acompanhamento.
Com o objectivo de aperfeiçoar a coordenação entre as várias equipas envolvidas, e após inspeccionadas as infra-estruturas, ao longo do ano, o teste conjunto visou ainda certificar a recepção do sinal de transmissão televisiva a partir de um helicóptero destacado para filmar a tocha ao longo do percurso.
"Estamos satisfeitos com o ensaio ", disse Manuel Silvério ao descrever as observações retiradas ao longo do percurso. O mesmo responsável reiterou ainda a sua confiança no sucesso do evento, sublinhando que o Comité tudo fará para garantir a segurança da etapa de Macau, seja através das várias inspecções realizadas no passado como também do ensaio realizado.
O vice-comissário da Polícia de Segurança Pública, Ma Io Kun, revelou que poderão ainda ser feitas algumas alterações ao percurso traçado, dependendo das circunstâncias registadas até à chegada da Tocha a Macau, revelava um comunicado à imprensa do Comité de Planeamento.
Entretanto, ontem à tarde realizou-se o teste à travessia da Tocha Olímpica, no Lago Sai Van, num barco de dragão. Este ponto da etapa, considerado de grande simbolismo devido à tradição cultural chinesa que lhe está associada, contou com a participação dos 28 atletas da selecção de Macau que ensaiaram "in loco" todo o processo de coordenação com os vários grupos de trabalho envolvidos, em especial as operações de embarque e desembarque.
Deputados criticam
“perturbação à ordem pública”
“perturbação à ordem pública”
O ‘factor surpresa’ com que decorreu o teste à segurança e os “transtornos” causados à população e ao trânsito automóvel na tarde de sábado, mereceram críticas de Lee Chong Cheng e Au Kam San.
Os deputados concordam na necessidade da realização do evento, mas também juntam vozes na discordância à forma como este foi preparado e as repercussões junto da população.
Lee Chong Cheng, vice-presidente da Associação Geral dos Operários de Macau, considerou que os preparativos foram feitos “de maneira desorganizada e mal planeada, afectando a vida de milhares de pessoas” no centro de Macau e em algumas das principais artérias da Taipa.
Au Kam San, deputado eleito pela Associação do Novo Macau Democrático, discordou do facto da operação ter sido mantida em segredo: “Não havia necessidade de se criar um secretismo (em torno do evento). As coisas foram organizadas de forma abrupta. Espero que as autoridades tirem ilações dos erros cometidos, e não os voltem a cometer em futuras situações (análogas).”
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Primeira detenção associada
à passagem da Tocha
Primeira detenção associada
à passagem da Tocha
A Polícia de Segurança Pública deteve no último sábado um homem de 28 anos acusado de ter lançado um fórum na internet sob o lema “Como Roubar a Tocha Olímpica.”
Apesar do acusado, um empregado da indústria hoteleira, garantir que tudo não passou de uma brincadeira, as autoridades decidiram avançar com procedimento judicial, devendo o autor ser presente esta manhã às instancias judiciais.
O suspeito foi identificado com base no seu ‘endereço IP’ do seu computador pessoal.
Em declarações ao PONTO FINAL, Manuel Silvério, Presidente do CP, considerou o incidente de “lamentável. Trata-se de um incidente desagradável.”
Recorde-se que o ano passado surgiu num fórum da internet uma ameaça de bomba relacionada com a cerimónia de abertura dos Jogos Asiáticos em Recinto Coberto, não tendo no entanto sido efectuada qualquer detenção.
As autoridades explicaram a diferença de comportamento pelo facto de estarem agora a monitorizar directamente a internet, quando no incidente anterior tiveram conhecimento da situação por forma de denúncia.
Trio de activistas impedido
de entrar em Hong Kong
de entrar em Hong Kong
Três activistas dos direitos humanos dinamarqueses provenientes de Copenhaga foram interrogados durante seis horas à chegada ao aeroporto da RAEHK, impedidos de entrar na região e ‘recambiados’ num voo com destino a Londres.
Do grupo fazia parte o artista Jens Galschiot, autor da celebrizada escultura Pilar da Vergonha, evocativa dos acontecimentos de 1989 na Praça de Tiananmen, e que está sedeada – precisamente – na Universidade de Hong Kong.
Um operador de câmara que acompanhava o grupo conseguiu ‘escapar’ à vigilância das autoridades e encontra-se na RAEHK.
A medida foi criticada por um grupo de deputados da Assembleia Legislativa de Hong Kong que consideraram tratar-se de uma violação à liberdade de expressão que vai contra o conceito de Hong Kong, Cidade Internacional.
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Au Kam San recusa
transportar tocha
Au Kam San recusa
transportar tocha
O Comité Olímpico de Macau convidou Au Kam San para levar a tocha na sua passagem por Macau, no dia 3 de Maio, mas o deputado recusou, dizendo haver incompatibilidade. Segundo a TDM, o representante da Associação Novo Macau Democrático, explicou que, como deputado, é responsável pela fiscalização da despesa pública, e a passagem da tocha olímpica por Macau tem peso nesses números. Au Kam San já enviou uma carta dirigida ao Comité Olímpico de Macau e outra ao Comité Organizador dos Jogos Olímpicos de Pequim, recusando o convite.
No dia 3 de Março deste ano, o deputado pediu mais informações à administração sobre as despesas da passagem da tocha olímpica por Macau, mas, segundo a TDM,
não recebeu ainda uma resposta.
Recorde-se que a Fundação Macau, instituição cuja atribuição de subsídios tem sido escrutinada pelo deputado da Associação Novo Macau Democrático, doou mais de 16 milhões de patacas para a organização da passagem da chama olímpica pelo território.
Au Kam San pede que o Executivo mostre uma maior transparência no que diz respeito aos fundos públicos.