Secretaria de Estado das Comunidades distinguiu 12 portugueses no estrangeiro
Especialista em cultura macaense
vence prémio Talento para a "Literatura"
Especialista em cultura macaense
vence prémio Talento para a "Literatura"
Doze portugueses emigrantes em três continentes foram distinguidos domingo em Lisboa com os prémios "Talento", atribuídos em diversas áreas pelo governo português.
Ainda que não tenha havido nenhum prémio a distinguir portugueses pelos seus feitos na Ásia, o continente esteve indirectamente representado, particularmente Macau, através de Mónica Simas. A académica foi agraciada com o prémio Talento para a "Literatura" pelo seu currículo de 14 anos de estudo e divulgação de literatura de expressão portuguesa a partir do Rio de Janeiro, Brasil, onde reside.
Vice-coordenadora da Graduação da Área de Literatura Portuguesa na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, Mónica Simas, 39 anos, tem o sonho de ajudar para que a “literatura portuguesa e macaense sejam cada vez mais conhecidas no mundo”.
Admiradora confessa da cultura macaense, aquela professora disse ainda, citada pela agência Lusa, que o “estudo da literatura portuguesa é muito procurado no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo”. “Os cursos estão sempre cheios”, afirmou aos jornalistas.
Mónica Simas editou em 2007, pela Yendis, a obra "Margens do Destino: Macau e a Literatura em Língua Portuguesa". Esta obra, a sua tese de doutoramento, tem como objectivos reflectir a respeito das possibilidades de entendimento entre povos e culturas, bem como reflectir sobre o império português, observando as relações entre Portugal e a diáspora e entre Portugal e a Europa, além de reflectir também sobre a legibilidade de Macau em contextos literários. Neste aspecto, pode ler-se na introdução à obra, além de questionar a construção das imagens dos chineses por portugueses e macaenses, é objectivo revelar ainda vertentes teóricas e práticas que conceituam a identidade macaense e verificar como os macaenses se representam a si próprios e se vêem representados. Mónica Simas lançou-se ainda na tarefa de questionar a caracterização de Macau como espaço de encontro, solidariedade e entendimento, evidenciando a importância da construção cultural de Macau como um espaço distinto e "especial".
Ainda sobre Macau, Mónica Simas é autora de um capítulo - "Identidade e memória no espaço literário de língua portuguesa em Macau", no livro Oriente, engenho e arte, organizado por Hélder Garmes.
Do espectáculo à política
Relativamente aos restantes prémios atribuídos na Gala dos Talentos, na categoria de "Artes do Espectáculo", a vencedora foi a cineasta Cátia Peres, residente no Reino Unido pelo trabalho desenvolvido no cinema de animação.
Do Reino Unido, também saiu um prémio "Talento" atribuído a Isabel Melo na categoria "Empresarial" pelo trabalho da empresa Mentaur, por si criada, que presta serviços a adultos com deficiências.
O prémio "Talento" de "Artes Visuais" foi para Raúl Camelo, residente em França, pelo conjunto da sua obra de pintura, amplamente divulgada em todo o Mundo.
Para França foi outra distinção, na categoria "Divulgação de Língua Portuguesa", recebido por Helena Carreira, professora catedrática na Universidade de Paris, onde dirige o departamento de Estudos de Língua Portuguesa.
Durante a gala, transmitida em directo pela RTP, o prémio "Talento" para o "Associativismo" foi atribuído à Associação Portuguesa de Socorros Mútuos de Comodoro Rivadavia, fundada na Patagónia, Argentina, em 1923.
A categoria "Ciência" foi para José Teixeira, pelo reconhecimento do seu trabalho por várias instituições académicas no Canadá, país onde se notabilizou na área de Geografia.
O prémio "Talento - Comunicação Social" foi recebido por Fernando Santos, residente nos Estados Unidos, onde é chefe de redacção do bissemanário "Luso-Americano", fundado há 80 anos.
O júri dos prémios "Talento" reconheceu Ivo dos Santos na categoria "Desporto", que faltou à cerimónia desta noite, no Convento do Beato, porque a essa hora estava a receber a medalha de vice-campeão australiano de Judo.
Na categoria "Humanidades", o prémio foi para Elisa Sousa, que habita na África do Sul, pelas actividades do "Lisa's Art School", de que é proprietária e onde se dedica ao ensino de arte para crianças carenciadas naquele país.
O prémio "Política" foi atribuído a Peter Fonseca, ministro do Turismo na província de Ontário, Canadá.
Por fim, o júri deu ainda o prémio "Talento" a Jorge Nunes que ganhou a categoria "Profissões Liberais", distinguindo os seus trabalhos na área de engenharia, em particular a "Coca-Cola Dome", uma estrutura metálica que serve de pavilhão multi-usos na África do Sul.
Criado pelo governo em 2007 para distinguir portugueses e luso-descendentes no estrangeiro, a segunda edição dos prémios "Talento" serve para mostrar que estes portugueses, disse o secretário de Estado das Comunidades, António Braga, "fazem falta a Portugal".