Democrata Martin Lee deixa lugar de deputado em Julho
Farto de esperar pela democracia
Farto de esperar pela democracia
Martin Lee, um dos principais líderes do movimento democrático de Hong Kong nos últimos 20 anos, anunciou que vai deixar o parlamento de Hong Kong em meados do ano. Em declarações à agência noticiosa francesa AFP, Martin Lee explicou a decisão com o facto de em Junho completar 70 anos e que, por isso, "é altura de arranjar sangue novo" já que "ninguém é indispensável".
Martin Lee é um dos fundadores do Partido Democrático de Hong Kong, um dos mais activos grupos pró-democratas da antiga colónia britânica, tendo-se assumido como um dos principais rostos da implementação do sufrágio universal na cidade.
Martin Lee disse que deixará o Conselho Legislativo de Hong Kong no final do mandato em Julho.
A introdução de eleições directas e universais em Hong Kong tem sido protelada por Pequim que, no entanto, anunciou no final de 2007 admitir o voto popular na escolha do chefe do governo em 2017.
Martin Lee, que sustenta ser "ridículo" ter de esperar dez anos pelo sufrágio universal, afirmou que o não ter conseguido a introdução das eleições directas foi o seu maior desgosto político.
Apesar de abandonar o lugar de deputado, Martin Lee garantiu que não vai deixar o combate político e sublinhou que irá continuar a lutar enquanto tiver forças.
Martin Lee explicou que a sua actividade política teve também momentos positivos como a manutenção das leis em Hong Kong e a independência dos Tribunais perante a justiça chinesa.
Martin Lee foi uma das figuras que Pequim lançou como um dos possíveis dirigentes de Hong Kong após a devolução da colónia à soberania chinesa e fez parte do grupo que redigiu a Lei Básica, a mini-constituição que rege a actual Região Administrativa Especial da China.
Abandonou o cargo em protesto contra a repressão chinesa em Tiananmen em 1989 e passou a ser um alvo regular dos políticos pró-Pequim e nos úiltimos 19 anos apenas conseguiu uma autorização para entrar no continente.
Em Outubro passado, depois de ter escrito um artigo de opinião no Wall Street Journal apelando aos líderes mundiais para pressionarem a China sobre questões de direitos humanos tendo em conta a realização dos Jogos Olímpicos de Pequim, em Agosto, Martin Lee foi alvo de duras críticas dos seus opositores políticos que, na voz de Tam Yiu-ching, disse que o advogado e deputado estava a apelar à interferência estrangeira em assuntos internos chineses.