Julgamento conexo ao de Ao Man Long retomado só no próximo dia 25
Patrícia Nolasco da Silva emitiu cheques
porque "confiava" no marido
Patrícia Nolasco da Silva emitiu cheques
porque "confiava" no marido
Ontem, durante a tarde, foi ouvida no Tribunal Judicial de Base, no julgamento conexo ao do antigo secretário para os Transporte e Obras Públicas Ao Man Long, a mulher do empresário Frederico Nolasco.
Patricia Nolasco da Silva, mulher do sétimo arguido do processo em que são julgados familiares de Ao Man Long e três empresários. Patrícia Nolasco da Silva é arguida noutro processo relacionado, e poderia ter recusado prestar depoimento, mas não o fez. A empresária, sócia principal e gerente da empresa Pollymile, foi a responsável pela emissão de cinco cheques de valor superior a sete milhões de patacas que acabaram numa das contas do pais de Ao Man Long, em Hong Kong.
Segundo a Rádio Macau, a empresária afirmou em tribunal que emitiu os cheques a pedido do marido, em quem disse "confiar completamente". De acordo com o relato da empresária, Ferederico nolasco ter-lhe-á dito que a Companhia de Resíduos Sólidos (CSR) deveria realizar uma transferência avultada para a conta da Pollymile na ordem dos 9 milhões de patacas. Terá alegado que o dinheiro parado não rendia, e que queria investir. Patrícia Nolasco da Silva entendeu assim que a necessidade de emitir cinco cheques diferentes resultava do facto de o marido querer fazer diferentes investimentos em produtos financeiros e também em diferentes alturas. Disse ainda que, como confiava no marido, não colocou questões perante três propostas de acordo entre a CSR e a Pollymile que o marido lhe pediu que assinasse.
Só mais tarde, quando inspectores do Comissariado contra a Corrupção lhe bateram à porta é que a empresária se terá dado conta de que haveria problemas com os acordos e cheques que assinou. Como Frederico Nolasco se encontrava ausente de Macau nessa altura, quando regressou explicou à mulher que se tratava de "assuntos comerciais do interesse da companhia". Segundo a empresária, isso bastou para que não fizesse mais questões.
"Fazer pouco do tribunal"
Foram ainda ouvidas três testemunhas, funcionários e subempreiteiros da San Meng Fai, para explicarem transferências realizadas a pedido do empresário Ho Meng Fai. Os subempreiteiros justificaram que se trataram de pagamentos de empréstimos cedidos por Ho Meng Fai. Segundo a Rádio Macau, algumas testemunhas insistiram em não se recordar dos factos, o que levou o Ministério Público a levantar a voz e também a juíza presidente do tribunal, Alice Costa, a dar uma reprimenda por estarem a "fazer pouco do tribunal".
A próxima sessão deste julgamento está marcada para o próximo dia 25, devido às férias judiciais da Páscoa. Serão ouvidas várias testemunhas que, apesar de notificadas, não apareceram ontem em tribunal. Entre estas conta-se o representante de Macau à Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, Lau Siu Cheng, uma investigadora do CCAC e uma testemunha arrolada pela defesa.