31.3.08

Maria de Lurdes Rodrigues mantém tabu sobre mudança de instalações
A Escola Portuguesa e o silêncio da ministra

Maria de Lurdes Rodrigues visitou Macau há um ano; um ano depois, o que é que aconteceu? Na prática, nada. A ministra entendeu que não se devia explicar

João Paulo Meneses
putaoya@hotmail.com

Macau recebeu, faz agora um ano, a visita do último membro do governo português, mas a presença da ministra da Educação na RAEM pode ser considerada, a esta distância, desprovida de resultados.
Passou um ano desde que Maria de Lurdes Rodrigues veio a Macau e nada de verdadeiramente relevante se passou na Escola Portuguesa – nomeadamente quanto àquela que ainda é a questão central, a mudança de instalações.
Recorde-se que a ministra saiu de Macau anunciando o compromisso do governo da RAEM em propor uma nova localização – isto algumas semanas depois do presidente da Fundação Escola Portuguesa de Macau ter dito que não via qualquer necessidade da Escola mudar de instalações.
Ainda no ano passado, e poucos meses depois da visita de Maria de Lurdes Rodrigues, foi noticiado que o governo local propusera a transferência para as instalações do antigo Hotel Estoril (que pertencerá à Sociedade de Jogos de Macau), proposta que teria sido aceite, ainda que sob algumas condições postas pela parte portuguesa. Mas, neste contexto, não pode deixar de se lembrar que, além de ter negado ter feito a proposta, o director dos Serviços de Educação disse que essa solução não garantia os padrões de qualidade que se exigem para um estabelecimento de ensino.
Para tentar esclarecer estas e outras questões relacionadas com a Escola Portuguesa de Macau, o PONTO FINAL enviou há duas semanas um conjunto de questões à ministra da Educação, as quais acabaram por não ser respondidas – apesar da insistência com que foram feitas.

As nove questões

Em concreto, tanto pedíamos à ministra um balanço deste ano, perguntando se, como parece, tudo está na mesma, como a questionávamos sobre a utilidade da própria visita a Macau (até do ponto de vista da promessa feita pelo governo da RAEM) ou da própria mudança das instalações – uma vez que há, cada vez mais, quem se pronuncie com outras prioridades educativas, que não a transferência, como a actualização curricular numa base mais ‘internacional’.
Mas o conjunto de perguntas enviadas pelo PONTO FINAL abrangia outras matérias, desde a própria validade do acordo assinado há três anos e meio com a Sociedade de Jogos de Macau ao próprio esquema institucional que suporta desde o princípio a Fundação Escola Portuguesa de Macau (face às repetidas queixas da Fundação Oriente) ou, finalmente, a mudança de responsabilidade ministerial nas escolas portuguesas no estrangeiro – esta e outras escolas portuguesas no estrangeiro passarão a ser tuteladas pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Ao todo, nove questões que corresponderiam, certamente, à curiosidade dos próprios leitores e, genericamente, da opinião pública de Macau, uma vez que – também – o governo português não se voltou a pronunciar publicamente sobre a Escola Portuguesa.
Entendeu o Ministério da Educação que não tinha de se pronunciar.

Um ano de quase silêncio

Maria de Lurdes Rodrigues visitou Macau, pela primeira vez, nos primeiros dias de Abril, tendo-se encontrado com o chefe do Executivo e com o secretário com a tutela educativa, Fernando Chu Sai On, além da associação de pais, por exemplo.
A visita, recorde-se, apanhou a opinião pública desprevenida, por ter acontecido poucas semanas depois de José Sócrates ter visitado a Escola, durante a presença em Macau.
Durante a deslocação do primeiro-ministro não se registaram nem avanços nem declarações relevantes sobre a matéria, mas Macau terá lembrado que existia um convite antigo para a ministra da Educação visitar Macau; Sócrates, ao chegar a Lisboa, terá dado indicações à ministra para se deslocar ao terreno.
Durante este ano, para além das complicações associadas à mais recente proposta, o antigo Hotel Estoril, há duas informações que se registam, ambas dadas pelo administrador da Sociedade de Jogos de Macau, Ambrose So: de que a SJM mantém o interesse em ficar com o terreno onde está a Escola Portuguesa e que, ao contrário do que foi avançado, Stanley Ho não chegou a fazer qualquer adiantamento por conta do acordo assinado em Dezembro de 2004, acordo esse que está na base das sucessivas hipóteses de transferência.

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