Mundial de Resistência ou Asiático de Super Sport nos planos de João Fernandes
Se os patrocínios não chegaremabandona no final do ano
O tempo aperta, também para o piloto de motos, João Fernandes. Estão a demorar a chegar os patrocínios, sem os quais não é possível definir a temporada. O motociclista de Macau tanto pode ir ao Mundial de Resistência, como ao Asiático de Super Sport. Ou nenhum deles. Mas há optimismo
Vítor Rebelo
rebelo20@macau.ctm.net
O mais recente convite para João Fernandes surgiu na semana passada. A equipa Yamaha Spirit Petronas, sediada na Malásia, quer contar com o piloto português residente na Raem, para o Campeonato da Ásia de Super Sport, categoria de 600 centímetros cúbicos.
“Eles souberam da minha situação actual, de indecisão no que diz respeito a patrocínios, e quiseram saber se eu estava interessado em participar na equipa deles no Asiático de Super Sport. Claro que estou disponível, mas sinceramente, a minha prioridade vai para o Mundial de Resistência, no qual me torneio campeão do mundo na temporada passada.”
João Fernandes falava ao PONTO FINAL no início de uma semana que pode ser importante, uma vez que aguarda pela confirmação dos patrocínios pedidos para fazer face a mais uma época do motociclismo, representando Macau, como tem acontecido há alguns anos a esta parte.
O Asiático de Super Sport é mais barato do que o Mundial de Resistência. Cerca de 750 mil patacas para 400 ou 500 mil. Quase metade.
“Todos os anos é esta dor de cabeça, mas tem valido a pena esperar, ainda que seja muito complicado confirmar a inscrição nas equipas, em virtude do tempo que eles nos exigem. Estamos já em cima do início dos campeonatos e eu nada posso fazer, nada posso dizer de concreto às equipas que pretendem os meus serviços. Continuo a aguardar, porque sem dinheiro eu não posso correr”, palavras de João Fernandes que diz estar triste pela situação:
“Eu fui campeão do mundo no ano passado, na minha classe, no Mundial de Resistência, sempre em nome da RAEM e por isso era suposto ter desta feita mais facilidades de patrocínio. Afinal nada mudou e aqui estou, mais uma vez, a depender das verbas para saber o que vou fazer na temporada.”
Eslovenos da Macomoto
querem o português
querem o português
O Campeonato do Mundo de Resistência começa daqui a um mês (22 de Abril, com as 24 Horas de Le Mans) e o piloto de Macau nada pode confirmar junto da equipa que o convidou, a Macomoto da Eslovénia, oficial da Yamaha.
A ideia é fazer a temporada toda, que são seis corridas e três treinos, portanto, nove deslocações. “Tenho já um contrato em mão com essa equipa eslovena, só estou à espera dos patrocínios para que fiquem asseguradas todas as despesas, cerca de 750 mil patacas. Só posso assinar o contrato com o dinheiro na mão.”
De referir que João Fernandes correu no ano passado pela Moto38 de França, com a qual deu nas vistas, ajudando ao título de Super Sport, com três triunfos e dois terceiros lugares.
Os responsáveis gauleses desde cedo se aperceberam que o piloto de Macau não tinha condições para dar continuidade à sua presença na equipa, por causa da demora das verbas, e substituíram-no de imediato, preparando assim com tempo toda a temporada. “Eles entenderam que, ao não assegurarem rapidamente os patrocínios, os responsáveis de Macau não estariam interessados em apoiar-me. E por isso fiquei de fora.”
Ansiedade do piloto
e alternativa Super Sport
e alternativa Super Sport
João Fernandes reconhece que está muito ansioso, com o tempo a passar e nada de dinheiro na mão para planear mais um ano de corridas. “Mas estou optimista, porque a mesma situação tem acontecido anteriormente. Tenho sido apoiado pelo Governo de Macau e espero continuar. Sem esse apoio era impossível correr, por isso estou bastante agradecido pelos patrocínios anteriores e quero continuar a corresponder.”
E se realmente as verbas pedidas por João Fernandes e que são indispensáveis para fazer todo o Campeonato do Mundo de Resistência, não forem cobertas pelos patrocinadores (apenas o BNU garantiu uma parte do orçamento, relativamente importante), então a alternativa, com preços mais baixos (entre 400 e 500 mil), permitirão a presença no Campeonato da Ásia de Super Sport, uma prova de categoria absoluta, ou seja, não está integrada numa outra de maior potência. É mesmo só Super Sport, tratando-se de um verdadeiro Campeonato da Ásia.
“Seria igualmente interessante para mim, ainda que, como já referi, dou toda a preferência para o Mundial de Resistência, porque dá sem dúvida maior prestígio. Mas, a nível de continente asiático, esta competição de Super Sport também é excelente.”
Equipa Petronas
luta pelo título
luta pelo título
O Asiático de 600 é composto por oito corridas, duas em cada um dos quatro países, Malásia, Indonésia, Filipinas e República Popular da China. Começa também em Abril, na pista indonésia de Sentul.
Participam pilotos oriundos daqueles países, mas igualmente de Japão, Hong Kong, Austrália, Nova Zelândia.
O actual campeão é o japonês Amaguchi, que tem manifestado grande superioridade sobre todos os adversários, conquistando o título nos últimos três anos consecutivos.
“Trata-se de um campeonato homologado pela FIA, muito bem organizado, com diversos apoios importantes, como a Dunlop. Por isso seria igualmente prestigiante para mim correr ali.”
O convite da Spirit Petronas surgiu sem grandes exigências financeiras, o que vem provar o bom nível do piloto de Macau e a imagem que este tem deixado no exterior, ao longo dos anos em que tem participado em diversas provas. No entanto, João Fernandes prefere pagar a sua entrada:
“Estarei muito mais à vontade se conseguir pagar a minha entrada na equipa, como quase todos os pilotos. Será uma salvaguarda muito grande, no caso das coisas não correrem muito bem. Exijo mais facilmente os meus direitos no seio da equipa se pagar. Caso contrário estou sujeito a que me modem a moto a meio da temporada e que o apoio de material, por exemplo, não seja o mesmo se eu não estiver bem classificado.”
A Spirit Petronas é uma das mais fortes deste Campeonato da Ásia de Super Sport e luta sempre pelo título, só não tem conseguido em virtude da classe de Amaguchi. Em 2007 a Petronas posicionou-se logo a seguir ao nipónico, colocando pilotos seus nos segundo, terceiro e quarto classificados.
Carreira de Fernandes
pode acabar este ano
pode acabar este ano
No final de mais esta entrevista, João Fernandes deu a entender que, caso não consiga o dinheiro necessário para uma das duas competições, então abandona de vez a sua carreira de motociclista:
“Sim, não estou disposto a continuar neste tipo de situações, sempre de aperto, todos os anos, em relação a patrocínios. Em 2005 e 2006 não fiz nada de especial e as verbas apareceram. Em 2007 fui campeão do mundo e as dificuldades aumentam. Enfim, fico realmente triste quando penso que não sou reconhecido, pelo que tenho feito, reflectindo-se isso nos apoios indispensáveis, que não chegam ou tardam em chegar. Se houver um silêncio absoluto por parte dos patrocinadores até Abril, ponho um ponto final.”
João Fernandes continua:
“Fiquei triste também por não ter recebido prémio monetário por ter sido campeão mundial de resistência, ainda que seja na minha classe. Julgo que isso tem a ver com o facto de não estar integrado numa selecção. O motociclismo é individual. Com apoios eu estava determinado a correr mais dois ou três anos, mas assim não, terminarei mesmo no final da actual temporada. Gostava, no entanto, de fechar com mais uma presença no Grande Prémio de Macau. Só que se não disputar qualquer corrida nesta temporada, naturalmente não participarei na pista da Guia. Vou aguardar serenamente. Estou optimista apesar de tudo."