6.3.08

Primeiro-ministro Wen Jiabao traça objectivos para 2008
Tarefa principal é "evitar
sobreaquecimento" económico


O primeiro-ministro chinês definiu ontem uma meta de crescimento económico de oito por cento em 2008 e afirmou que a prioridade da China será controlar a inflação, no discurso inaugural da Assembleia Nacional Popular (ANP), a câmara legislativa chinesa.
Em discurso perante os 2.989 deputados à ANP, Wen Jiabao definiu como objectivo o controlo da inflação nos 4,8 por cento, o valor de 2007, que foi então o mais elevado dos últimos 11 anos.
Em Janeiro o índice de preços no consumidor (IPC), principal indicador da inflação, voltou a atingir um valor recorde, tendo subido aos 7,1 por cento.
“O nosso objectivo é manter um desenvolvimento estável e relativamente rápido e guiar todos os sectores da sociedade no trabalho da mudança do padrão de desenvolvimento, aprofundando as reformas e acelerando o desenvolvimento social”, disse Wen Jiabao, na sessão inaugural do plenário da ANP, que decorre até 18 de Março.
No mesmo discurso, o primeiro-ministro afirmou ainda que a prioridade governamental para a economia será o controlo da inflação resultante da escassez de bens alimentares e do rápido crescimento económico -11,4 por cento em 2007, o quinto ano seguido de crescimento acima dos 10 por cento.
“A tarefa principal para este ano é evitar que o crescimento rápido se transforme em crescimento sobreaquecido e evitar que o aumento estrutural dos preços se transforme em inflação significativa”, afirmou Wen.
Wen admitiu que a China “sofre pressões inflacionárias significativas” e prometeu para 2008 uma política monetária rigorosa e melhores controlos de capitais para evitar o crescimento do crédito e dos investimentos em activos fixos.
“Queremos prevenir a adoração cega da velocidade do crescimento económico e alcançar um desenvolvimento são e rápido da economia e da sociedade”, afirmou Wen Jiabao.
Uma das principais causas do rápido aumento da inflação é o crescimento superior a 10 por cento do preço dos bens alimentares - sobretudo do óleo, dos cereais e da carne de porco - que afecta sobretudo os grupos sociais mais pobres nas cidades e nos campos.
Em termos de previsões macroeconómicas, Wen Jiabao previu um crescimento de oito por cento em 2008, contra as previsões de economistas independentes que apontam para uma expansão entre os 9,5 e os 10,5 por cento.
Para efeitos de definição do orçamento de estado, o governo chinês assume sempre previsões de crescimento baixas, que vão subindo ao longo do ano.
Wen disse ainda aos deputados que o governo chinês espera ter um défice de 180 mil milhões de renminbis em 2008, menos 27 por cento que em 2007.
“Vamos trabalhar para aumentar as receitas e reduzir a despesa. Precisamos de levar a cabo reformas no sistema de gestão dos investimentos governamentais para melhorar os resultados desses investimentos”, afirmou Wen.

CAIXA
Reforçar a "democracia socialista"

O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, reafirmou ontem que o objectivo do governo é reforçar a "democracia socialista", sob o controle do Partido Comunista.
"Prosseguiremos com a reforma do sistema político visando fazer avançar a cultura política socialista. Será necessário generalizar a democracia popular, aperfeiçoar o sistema democrático, multiplicar as formas e os canais democráticos", destacou o chefe de governo na abertura da Assembleia Nacional Popular.
O primeiro-ministro chinês defendeu uma melhoria da "democracia nos escalões de base" e uma "maior liberdade de espírito", observando "estritamente a direcção do Comité Central do Partido".
Wen Jiabao reafirmou que as prioridades são o combate à corrupção e a reestruturação do aparato governamental, para torná-lo mais eficiente.
Em várias ocasiões, o discurso de Wen Jiabao tomou acentos maoistas, como quando evocou "a busca da verdade nos factos", ou quando retomou o lema: "Que se abram cem flores, que cem escolas rivalizem" - para promover a criação cultural e artística.

CAIXA
Mais de 3 mil jornalistas em Pequim

Por estes dias, estão 3060 jornalistas em Pequim, entre estrangeiros e chineses, um aumento de 5,4 em relação ao ano passado. A semana é de decisões e, por isso, às seis da tarde de terça-feira já se tinham inscrito 877 jornalistas estrangeiros, mais 23 por cento que no ano passado, segundo adiantou Zhu Shouchen, director do centro de imprensa. O número de jornalistas oriundos de Hong Kong, Macau e Taiwan também aumentou, tendo passado de 370 no ano passado, para 421 em 2008. "Os jornalistas estão interessados em cobrir os dois eventos devido ao crescimento rápido da China e à influência internacional, que é cada vez maior", disse Zhu.

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