Alegações finais do julgamento de familiares de Ao Man Long e empresários na segunda-feira
Carion voltou a ser chamado
por defesa de Ho Meng Fai
Carion voltou a ser chamado
por defesa de Ho Meng Fai
Na sessão de ontem do processo em que são julgados familiares de Ao Man Long e três empresários locais, acusados de corrupção activa e branqueamento de capitais, um novo depoimento do director das Obras Públicas Jaime Carion fechou a fase de audição dos testemunhos.
Carion voltou ao Tribunal Judicial de Base a pedido do advogado de defesa de Ho Meng Fai, Pedro Redinha, que pediu esclarecimentos sobre novos factos aditados à pronúncia de acusação. Em causa está um pedido de permuta num lote da zona de Pac On, onde terá havido orientações para diferimento por parte do antigo secretário das Obras Públicas e Transportes sob um falso pretexto. Jaime Carion, que já antes tinha produzido declarações sobre esta matéria, confirmou mais uma vez em tribunal ter recebido indicações verbais de Ao Man Long para dar início a diligências de autorização para a troca de terrenos. Voltou também a reiterar o fundamento apresentado pelo ex-governante, de a zona estar nas imediações do futuro túnel subaquático de ligação entre Macau e as ilhas, prevendo-se assim que o lote estivesse no local exacto das vias de acesso.
O director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes veio a saber que a justificação era falsa após contactos com o Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas. Jaime Carion declarou também que as instruções de Ao Man Long lhe foram dadas antes de ter recebido, no respectivo serviço de obras públicas, o requerimento, que foi enviado directamente para o Gabinete do Secretário. A defesa de Ho Meng Fai tentou também inquirir o director das Obras Públicas sobre outros factos, mas tanto o Ministério Público como o colectivo de juízes se opuseram por não ter havido indicação prévia para tal.
De acordo com a Rádio Macau, durante o período da tarde, foram também ouvidos dois responsáveis da consultora contratada pelo Venetian para gerir as obras do projecto do Cotai. As duas testemunhas negaram saber de qualquer tentativa da empresa para evitar eventuais penalizações por atrasos através de Ao Man Long. Referiram também que os contratos adjudicados à construtora, seja em exclusivo ou em consórcio, não tiveram atrasos de maior que justificassem multas ou indemnizações.
De resto, disseram que o Centro de Convenções e a Arena do Venetian foram concluídos por uma empresa de Hong Kong, que, estando inicialmente em consórcio com a San Meng Fai, acabou por se dissociar informalmente da empresa por divergências quanto aos custos da obra, em Outubro de 2006. Um funcionário da construtora que geriu os estaleiros do Centro de Convenções e das fundações do Galaxy declarou que, em ambos os projectos, não houve atrasos da responsabilidade da San Meng Fai.
As alegações finais estão marcadas para segunda-feira, às nove e meia da manhã, dando a última palavra aos arguidos do processo que não estão a ser julgados à revelia. O pai de Ao Man Long, actualmente internado no hospital Conde São Januário, será notificado para comparecer em tribunal na segunda-feira.