Pereira Coutinho e Ng Kuok Cheong criticam medidas de curto prazo
"É uma forma de acalmar os ânimos"
"É uma forma de acalmar os ânimos"
José Pereira Coutinho considera que os 2.300 milhões de patacas que serão distribuídas pelos residentes de Macau são uma medida inconsequente para resolver os problemas estruturais de Macau no longo prazo.
Comentando, em declarações ao Canal Macau, a medida anunciada pelo Chefe do Executivo, o deputado português disse que esta é uma iniciativa populista. "É uma forma de acalmar os ânimos. Estamos próximos do dia 1 de Maio... São medidas que vão alegrar por algum tempo, mas não resolvem os problemas estruturais das famílias, da carestia de vida, ou o problema da habitação."
Neste ponto particular, Coutinho acusa o Governo de manter 500 moradias devolutas, sob a Direcção dos Serviços de Finanças, destinadas para o armazenamento de "lixo e sucata". Para o deputado, estas moradias deviam ser disponibilizadas para usufruto das famílias carenciadas.
Ng Kuok Cheong partilha do mesmo entendimento. Para o deputado da Associação Novo Macau Democrático, a mera distribuição de dinheiro não resolve os verdadeiros problemas económicos.
"Não acredito que estas medidas resolvam o problema da inflação em Macau. Acho que o Governo não se esforçou o suficiente para melhorar as políticas da habitação social e solucionar os problemas que afectam os trabalhadores locais", disse o deputado aos jornalistas no final da sessão de ontem no plenário da Assembleia Legislativa.
Jogo sem regras, diz Coutinho
As medidas que Edmund Ho anunciou para o sector do jogo, na opinião de Pereira Coutinho, pecaram por escassas. O deputado crê que há uma necessidade urgente de rever a lei do jogo, dado existir uma situação de "anarquia". "Muitas empresas estrangeiras que chegam a Macau até ficam espantadas pela falta de regulamentação", comentou o deputado. "O Governo deve intervir para que haja uma concorrência leal no sector", alertou.
Ng Kuok Cheong, por sua vez, observa que "o Governo decidiu preparar o terreno para os ajustamentos ao sector do jogo." O deputado concorda com esta estratégia, uma vez que Macau vai passar a contar, em breve, com a concorrência de Taiwan e Singapura na atracção de turistas ao continente chinês. Neste sentido, cancelar, tal como Edmund Ho anunciou, a construção de mais casinos "é uma medida certa e natural."
CAIXA
Ng Kuok Cheong quer que Edmund Ho
peça desculpas pelo caso Ao Man Long
Ng Kuok Cheong quer que Edmund Ho
peça desculpas pelo caso Ao Man Long
Ng Kuok Cheong foi o único dos 17 deputados que interpelaram ontem o Chefe do Executivo a abordar o caso Ao Man Long. O deputado considera que Edmund Ho deve pedir desculpas pela sua alegada ligação ao caso, uma vez que, enquanto Chefe do Executivo, coube-lhe dar o aval aos projectos orçamentados em mais de 6 milhões de patacas pelos quais Ao Man Long foi implicado num escândalo de corrupção.
Edmund Ho não teceu comentários sobre o caso porque, justificou, há novos processos a decorrer. Para Ng Kuok Cheong, esta não é uma boa desculpa.
"O Chefe do Executivo continua a mostrar-se relutante no que diz respeito a pedir desculpa. É claro que há ainda casos relacionados com Ao Man Long que continuam a ser investigados, mas não acredito que estes novos casos irão provar que as conclusões a que já se chegou estejam erradas. Por isso, há aqui qualquer coisa de errado em tudo isto e o que quer que seja deve contar com o aval do Chefe do Executivo. Não creio que esta seja uma boa desculpa para evitar um pedido de desculpas", disse o deputado.