22.4.08

Amigos, colaboradores e familiares falaram em honestidade e lisura do empresário
Rasgados elogios
a Frederico Nolasco no TJB


Ontem, na parte da tarde de mais uma sessão do julgamento dos familiares do antigo secretário dos Transportes e Obras Públicas, Ao Man Long, e de três empresários, o Tribunal Judicial de base encheu-se de familiares, amigos e colaboradores de Frederico Nolasco, muitos deles tendo-se voluntariado como testemunhas abonatórias do arguido acusado de corrupção activa e branqueamento de capitais.
Uma lista de nomes sobejamente conhecidos em Macau foi chamada pelo advogado Luís Almeida Pinto, nomeadamente Jorge Rangel, José Maneiras, Fátima Santos Ferreira, João Manuel Magalhães e Alfredo Ritchie. Todos defenderam a integridade de Frederico Nolasco dizendo que só circunstâncias especiais poderiam levar a que cometesse o erro, já admitido pelo arguido, de efectuar pagamentos a Ao Man Long. O empresário explicou em tribunal que o fez sob ameaça e nunca em troco do favorecimento de contrato junto do governo. O facto de ser o único dos empresários que não está a ser julgado à revelia neste processo também foi um facto bastante destacado, de acordo com o relato da Rádio Macau.
O irmão do empresário, Henrique Nolasco da Silva, foi o primeiro a ser ouvido, no período da tarde, enaltecendo as qualidades de Frederico na vida familiar e empresarial, e manifestando-se orgulhoso do irmão. Henrique Nolasco da Silva descreveu-o como alguém que não foge das suas responsabilidades e que diz a verdade. Também o presidente do Instituto Internacional de Macau, Jorge Rangel, destacou uma personalidade de Frederico Nolasco que diz ser excepcional, e a sua carreira de militar, distinguida com louvor após 4 anos de serviço na Guiné. Jorge Rangel citou o filósofo espanhol Ortega Y Gasset que dizia que "o homem é ele próprio e as circunstâncias que o rodeiam", dizendo que só assim se compreende que Frederico Nolasco tenha cedido às alegadas exigências de Ao Man Long. A confissão dos pagamentos foi também um facto aparentemente atenuante.
O médico Alfredo Ritchie também salientou que, em Portugal, nas décadas de 60 e 70, era frequente os jovens desertarem ao serem chamados para cumprirem o serviço militar, de forma a não irem para a guerra no ultramar. Ritchie usou o exemplo para mostrar que Nolasco não fugiu à justiça, ao contrário de outros empresários no mesmo processo. O zelo com a família, a honestidade na vida empresarial, o bom comportamento na vida escolar e académica, as actividades no desporto e no turismo, e as actividades filantrópicas, a que o arguido e também a mulher, Patrícia Nolasco, se têm dedicado em Macau, foram outras das qualidades realçadas.
Já o arquitecto José Maneiras, ex-presidente do antigo Leal Senado, lembrou ainda que, nas relações mantidas entre o organismo e a companhia antigamente pertencente à família do arguido, sempre houve lisura e integridade. Maneiras continuou dizendo que, desde essa altura, a empresa da família Nolasco acabou por ser preferida nos concursos públicos lançados pelo Governo, já que era aquela que normalmente apresentava as melhores condições, designadamente os preços mais baixos.

Raymond Tam desconhecia
projecto até 2005


Na parte da manhã, foi ouvido o presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), Raymond Tam. Chamado pela defesa do arguido Frederico Nolasco da Silva, o responsável disse só ter tido conhecimento do projecto automático de recolha de lixo em 2005.
O presidente do IACM foi chamado para falar sobre os contratos adjudicados à Companhia de Sistema de Resíduos de Macau (CSR) pelo Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI), nomeadamente os contratos para a recolha de lixo supervisionados pelo IACM. A propósito do Projecto Automático de Resíduos Sólidos, um projecto de sucção de lixos subterrâneo implementado numa primeira fase na zona da Areia Preta, Tam disse que a hipótese de implementação do projecto só chegou ao seu conhecimento após a transferência de soberania, isto é, em 2005, quando a CSR apresentou a proposta formal junto de várias entidades competentes. No entanto, outras duas testemunhas referiram que a hipótese de implementação do sistema de recolha já estava a ser discutida em 1997.
O responsável da empresa de consultadoria que introduziu à CSR a tecnologia necessária de uma empresa sueca, assim como um responsável da empresa que deu assessoria técnica ao GDI na área do ambiente, afirmaram que o projecto começou a ser falado em 1997, aquando da implementação do sistema em Lisboa, na zona da Expo 98. A ideia era também implementar o sistema em Macau na zona de Pac On, mas a falta de recursos financeiros fez atrasar projecto.
Ontem de manhã, também a renovação do contrato da recolha do lixo à CSR, em 2007, foi discutido. O presidente do IACM afirmou que o parecer dado pelo organismo foi no sentido da renovação, embora fosse da opinião que os serviços prestados pela companhia de Frederico Nolasco podiam de ser melhorados.

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