1.4.08

Associação de Pais da EPM pede intervenção de Edmund Ho no caso Amorim
Dúvidas e preocupações

Hugo Pinto

A Associação de Pais da Escola Portuguesa de Macau (EPM) vai pedir ao Chefe do Executivo "que sejam tomadas as devidas previdências para que o processo de investigação sobre a morte de Luís Amorim seja clarificado", revelou José Luís Oliveira Paulo. A decisão, segundo o presidente da Associação de Pais explicou ao PONTO FINAL, foi tomada na assembleia-geral realizada ontem, e deve-se ao avolumar de dúvidas que o caso, ocorrido em Setembro, ainda suscita. "O processo esteve muito tempo parado e só depois de ter aparecido na comunicação social é que foram desbloqueadas algumas coisas. Houve inclusive várias tentativas para evitar a realização da autópsia", lembrou Oliveira Paulo. "O que tem sido divulgado pelos próprios pais, e que nos comunicaram, é que efectivamente houve negligência neste processo."
O responsável descreve esta situação como "extremamente preocupante para todos os pais, até pela forma como o processo foi conduzido pelas entidades que investigaram o caso." O pecado original, considera, foi ter-se partido "do pressuposto que se tratou de um suicídio, o que nunca é dado como causa de morte." Mais grave, continua, quando "os indícios que existem é que não se trata de suicídio nenhum." Perante esta situação, "não se sabe concretamente o que se passou, e o que nos preocupa é a negligência e a forma como o processo foi tratado."
Conforme o que os pais do antigo aluno da EPM têm comunicado à Associação, "há médicos legistas em Portugal a analisar o caso e já verificaram que há coisas que apontam para outra tese que não a do suicídio, nomeadamente lesões ou os próprios rasgões das roupas."
Ainda este mês, José Pereira Coutinho, na qualidade de conselheiro das comunidades portuguesas, remeteu para Edmund Ho uma missiva dando conta das preocupações que lhe têm chegado em torno deste caso, assentes sobretudo nas críticas à forma como a investigação foi conduzida a partir da tese de suicídio.
De acordo com Oliveira Paulo, a Associação de Pais só agora toma esta decisão "porque achámos que as entidades competentes iam conduzir o processo de uma maneira que clarificasse tudo, mas isso não se verificou."
Admitindo que "há provas que já não se podem recuperar", Oliveira Paulo é da opinião de que faz sentido ir até ao fim nas investigações. "Acho que é importante para toda a gente ficar descansada, desde os pais do Luís, como também os restantes. É preciso ganhar confiança nas instituições. Há qualquer coisa em todo este caso que nos parece estar a ser escondida e uma série de atitudes que não beneficiam a transparência."
Por aquilo que vai percebendo da parte dos restantes pais e mesmo dos alunos, Oliveira Paulo descreve que "não se pode dizer que haja um clima de insegurança, mas as pessoas, depois deste caso, começaram a ter algum receio pelos filhos quando saem para as festas de finalistas ou outros divertimentos."
De resto, também os sucessivos relatos de delinquência juvenil têm merecido a atenção dos pais dos alunos da EPM, mesmo aqueles relatos com origem em Portugal e que têm sido profusamente noticiados.
Sobre o que se passa na EPM, até pelas reuniões que têm sido mantidas entre a Associação de Pais e a direcção da escola, não há actos de indisciplina, diz Oliveira Paulo. Contudo, refere, existe uma certa "cultura de desrespeito pelos professores". Por isso, entre as actividades planeadas para 2008, a Associação de Pais quer promover colóquios e seminários em que se "discutam este tipo de questões que se levantam nas relações entre pais-filhos e professores-alunos." A Associação de Pais chegou mesmo a convidar Daniel Sampaio para ser um dos oradores, mas o psiquiatra declinou.

Propinas e instalações

Outros dos assuntos na ordem do dia entre os pais dos alunos da EPM é o aumento das propinas. Os pais dizem-se tranquilos porque "pensamos que o subsídio atribuído pelo Governo irá cobrir o previsto aumento das propinas."
Nas questões monetárias, o que motiva as preocupações são as recentes declarações de Carlos Monjardino, presidente da Fundação Oriente, no sentido de cortar em 50 por cento as contribuições para a EPM. "Isso é um problema que as instituições vão ter que discutir, mas foi-nos transmitido pela direcção da escola que existe um orçamento realista e não há hipótese de diminuí-lo. Ou seja, não se vão diminuir salários ou despedir pessoas. Como o orçamento vai ser financiado é uma questão que não nos compete. Nós, pais, pagamos propinas e a RAEM já faz a sua parte com os subsídios. Se estes forem aumentados, isso pode cobrir o aumento das propinas", afirmou.
Já em relação à mudança de instalações, o tema foi aflorado apenas na perspectiva de "fazer a história" do que tem acontecido. Ou seja, fica tudo como está. "O ministério da Educação já reconheceu que as instalações actuais são boas, e também o presidente da Fundação da EPM, Roberto Carneiro, considera que esta é uma boa escola. Penso que iremos ficar naquelas instalações por alguns anos..."

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