China suspende execução de filipina residente em Macau condenada por tráfico de droga
À espera no corredor da morte
“É, para já, uma pequena vitória.” Foi esta a reacção de um destacado membro da comunidade filipina de Macau ao anúncio, recebido ontem à noite, de que o governo chinês suspendeu a execução de Marissa Coledo, apanhada na província vizinha de Guangdong com 2,5 kg de heroína
Alfredo Vaz
À espera no corredor da morte
“É, para já, uma pequena vitória.” Foi esta a reacção de um destacado membro da comunidade filipina de Macau ao anúncio, recebido ontem à noite, de que o governo chinês suspendeu a execução de Marissa Coledo, apanhada na província vizinha de Guangdong com 2,5 kg de heroína
Alfredo Vaz
A notícia do adiamento da execução chegou a Macau via canais não-oficiais eram ontem sete e meia da noite. Ainda que com muitas reticências, Jamelito Escote, destacado membro da comunidade filipina na RAEM, saudou o anúncio, mas disse que ainda é cedo para ‘cantar vitória’, “se é que alguma vez possamos vir a celebrar. É um drama humano que muito provavelmente nunca terá o desfecho que a condenada e a família desejam. Mas podemos dizer que é, para já, uma pequena vitória.”
Isto, porque até ontem à noite os serviços consulares das Filipinas em Macau continuavam à espera de comunicação oficial, confirmou ao PONTO FINAL Jamelito Escote: “Ainda esta tarde (ontem) falei com o secretário do gabinete para as questões laborais que me disse não ter conhecimento oficial do caso de Marissa Colado. Temos em mãos um outro caso, de uma filipina trabalhadora residente em Macau, cujo marido foi recentemente preso na Índia também por suspeita de tráfico de droga. O secretário disse-me que o governo das Filipinas continua a efectuar diligências junto das autoridades chinesas e que espera poder ter mais detalhes até ao final desta semana, até amanhã (hoje), sexta-feira.”
No entanto um dos principais canais filipinos vistos por satélite pelas comunidades da diáspora, a ABS/CBN, citou ontem o vice-cônsul das filipinas em Guangdong, Alex Chua, confirmando o adiamento da execução por dois anos “período que permite o recurso para tribunais superiores e alimenta alguma esperança”, disse o representante consular.
A cidadã filipina, condenada no passado dia 2 do corrente, diz-se inocente, mas as autoridades do continente não tiveram dúvidas em aplicar-lhe a pena capital.
Jamelito Escote disse também que o caso está a ter grande projecção e cobertura mediática no seu pais e a ABS/CBN apresentou uma reportagem em que o pais da condenada apareceram a entregar uma petição a um representante da Presidente Arroyo para que interceda em favor da filha.
‘Margem de manobra’ é escassa
O governo das Filipinas afirma que só pode pedir para que a pena seja comutada, mas é pouco provável que o pedido venha a ter mérito uma vez que os casos mais graves de tráfico de droga nas Filipinas podem também ser sentenciados com a pena capital: morte por injecção letal.
Por outro lado, Jamelito Escote referiu igualmente ao PONTO FINAL que Marissa Colado poderá ser vítima de consequências colaterais do recente esfriamento das relações diplomáticas entre os governos de Manila e Pequim, que, segundo esta fonte, “já conheceram melhores dias.” Escote referia-se ao escândalo de corrupção envolvendo o Executivo das Filipinas e a empresa de telecomunicações chinesa ZTE.
Faz agora um ano, em Abril de 2007, o Governo filipino celebrou um contracto no valor de 300 milhões de dólares norte-amerticanos - o equivalente a 2 mil milhões e quatrocentas mil patacas - para que a ZTE instalasse um sistema operacional de banda larga entre os serviços da administração das Filipinas. O contracto foi considerado nulo pelos tribunais filipinos devido à suspeita de subornos pagos a altos dirigentes da governação do próprio pais, situação que provocou uma reacção enérgica de condenação por parte do Governo Chinês.