9.4.08

Intenções de Lei Chin Ion como novo Director dos Serviços de Saúde
Viabilidade de novo hospital
nas ilhas em estudo


A partir de ontem, Lei Chin Ion, Director do Centro Hospitalar Conde de São Januário, é o novo Director dos Serviços de Saúde de Macau. Segundo a TDM, Lei explicou aos jornalistas que está a ser estudada a viabilidade de um hospital público nas ilhas, e, a acontecer, não se dedicará só a idosos, como havia anunciado a imprensa, mas será multidisciplinar. "Para os idosos não será ser construído nenhum estabelecimento próprio mas o centro de reabilitação vai ser ampliado, passando de 20 para as 100 camas", garantiu o novo Director dos Serviços de Saúde.
Também há planos de ampliação dos serviços de urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário, que segundo Lei Chin Ion, passaram das 12 para as 25 camas até Junho deste ano. Mas as alterações às urgências do Conde S. Januário não ficarão por aí. "A área do serviço irá triplicar até ao final deste ano", adiantou também o médico.
Quanto à falta de pessoal, que já vem sendo uma queixa recorrente desta classe profissional, Lei explicou que, nos últimos anos, Macau tinha recrutado médicos de Xangai, Cantão e Pequim. De Portugal também terão vindo dois médicos nos últimos dois anos. Neste momento, existem 350 médicos nos Serviços de Saúde, distribuídos entre dois hospitais, um público e o outro privado, e entre diversos centros de saúde. Mas não são suficientes já que, segundo Lei Chin Ion, "não conseguiram acompanhar o desenvolvimento de Macau nos últimos anos nem as necessidades da população.

 "Pretendemos continuar a trazer médicos para Macau nomeadamente das áreas de cirurgia tóraxica, vascular e de urgências", explicou.
Lei Chin Ion já era subdirector dos Serviços de Saúde antes de substituir Koi Kuok Ieng, que passa para o cargo de assessor do secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. Fonte oficial citada pela agência Lusa explicou que esta nomeação pretende "implementar uma nova dinâmica numa área de grande sensibilidade e que tem recebido várias críticas por parte da população".
É uma nomeação normal mas tem objectivos definidos entre os quais dinamizar todo o sector da saúde do território", explicou a fonte.

A tomada de posse deu-se na sede do Governo da RAEM com a presença do secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Chui Sai On, e do Chefe do Gabinete do Secretário, Tam Chon Weng.


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Fernando Gomes, da Associação de Médicos, comenta mudança de direcção nos SS
"O Governo está no final do mandato
e penso que vai tomar decisões"


Lei Chi Ion é o novo Director dos Serviços de Saúde de Macau, mas o vice-presidente da Associação dos Médicos dos Serviços de Saúde de Macau acha que a renovação não irá resolver os problemas da classe. É que, segundo Fernando Gomes, esperam-se decisões políticas

Marta Curto

Fernando Gomes, vice-presidente da Associação dos Médicos dos Serviços de Saúde de Macau (AMSSM) explica que "a tomada de posse de Lei Chin Ion, como novo Director dos Serviços de Saúde de Macau, facilita um pouco o processo, embora eu acredite que isto é uma questão política". Fernando Gomes adianta que os problemas de que os médicos de Macau se queixam, nomeadamente a falta de apoio judiciário, o ajustamento indiciário das carreiras e a falta de pessoal, não são de hoje, mas "já andam marinar há vários anos. Algumas questões permanecem porque não há, lá de cima, uma orientação clara do que é interesse público e interesse privado participado. O problema é que não existe até hoje uma clarificação de responsabilidades e direitos, e isso é uma decisão política". Embora a tomada de posse de Lei Chin Ion seja, segundo Fernando Gomes, uma lufada de ar fresco, a verdade é que ele acredita que já não se trata de questões administrativas. Os médicos conhecem os problemas, Lei Chin Ion conhece os problemas, e o Governo também já os ouviu repetidas vezes. O que pode destravar este processo, que segundo o vice-presidente da AMSSM, já vai demorado, é o aproximar-se do final do mandato do actual executivo. "Eu penso que haverá decisões mais rápidas, porque este governo está no final do mandato e portanto há decisões que têm de ser tomadas". O vice-presidente da AMSSM considera que o ajustamento indiciário é uma das questões fulcrais que precisam de resposta urgente. "Não basta o Governo dizer que o rendimento per capita em Macau é superior ao de Hong Kong. É preciso que um funcionário público, nomeadamente um médico e um enfermeiro, ganhem tanto como em Hong Kong, e isso não acontece, por mais que o nível de vida das duas RAE esteja cada vez mais próximo". Fernando Gomes diz que um médico em Macau ganha três a quatro vezes menos que em Hong Kong. "Eu penso que há coisas que têm de ser equilibradas. As pessoas erram, errar é humano, e o ajustamento não é um acto desonroso. Pelo contrário, acho que é um acto digno".
Fernando Gomes admite que já ouviu dizer que os enfermeiros de Macau pensam manifestar-se no dia 1 de Maio, mas adianta que "a acontecer, não é uma novidade e é de apoiar. Acho que classe de enfermagem, sem esquecer a classe médica está, estes anos todos, a ser muito desrespeitada". Fernando Gomes recorda o ano de 2003, quando a gripe das aves apareceu e fomentou o pânico um pouco por todo o mundo. "Durante a SARS, os enfermeiros deram corpo ao manifesto, nunca arredaram pé, e nos primeiros dois meses nem havia seguro de vida. Mas agora já não precisam deles e a desconsideração é continuada". O vice-presidente da AMSSM explica que o salário de um enfermeiro "nem é ridículo, é patético! Com o curso superior, com a responsabilidade que têm, a trabalhar por turnos e com as doenças contagiosas que há por aí, ganham 20 mil patacas mensais! Em Hong Kong, os enfermeiros ganham o dobro. O Governo não gosta de dados científicos? Isto é um dado científico!".
Em relação ao ajustamento indiciário dos enfermeiros, Fernando Gomes admite que o processo deverá estar a ser ultimado. O problema que ainda reside é que equivalência de carreiras.
É que, há 20 anos, por exemplo, o curso de enfermagem era bacharelato, de três anos. Hoje, é curso superior. "Alguém, sem querer citar nomes, não quer dar o reconhecimento automático aos enfermeiros. Agora não se pode obrigar alguém com 40 anos a estudar com indivíduos de 19. Muitos dos enfermeiros que agora têm curso superior, fizeram estágios com os enfermeiros que só fizeram um bacharelato, mas têm 10, 15, 20 anos de experiência. Imagine que durante o curso os alunos aprendem com estes técnicos e quando acabam os cursos, são superiores a eles! Isto é uma falta de respeito por quem trabalha".
Segundo Fernando Gomes, há quem queira passar a equivalência para os 10 anos de experiência, outros para os 15, outros para os 20. "Agora estão a discutir a cor da meia que vão usar, é preciso respeitar as pessoas. Faz-se um levantamento para saber quantos são, quantos anos de experiência têm e toma-se uma decisão. A ideia é não excluir ninguém".
O vice-presidente da AMSSM garante que tal não irá acontecer com a classe médica. "Nós estamos preparados, não vamos aceitar as coisas por tuta e meia. Dizem que os médicos de Hong kong são muito bons. Pois, mas também lhes pagam muito bem!"

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