7.4.08

Jetfoil parado duas horas a cerca de 3 milhas náuticas de Macau
À "seca" no mar

Um Jetfoil da companhia Shun Tak esteve ontem quase duas horas imobilizado no Rio da Pérolas, nas águas circundantes do Aeroporto Internacional de Macau. A primeira justificação foi a fraca visibilidade que então se fazia sentir. Mas, mais tarde, o comandante admitiu aos passageiros que a demora estava relacionada com a espera de uma autorização da Policia Marítima para o barco poder entrar no canal. São ainda reflexos do acidente de 12 de Janeiro entre duas embarcações, provocado pela falta de visibilidade, e que provocou 133 feridos

Alfredo Vaz

As quase duzentas pessoas que seguiam a bordo de um Jetfoil da companhia Shun Tak que ontem de manhã fazia a ligação Hong Kong - Macau ficaram sem saber a verdadeira razão de tão longa espera. Embarcaram numa carreira suplementar (das muitas que são cada vez mais requisitadas – sobretudo – aos fins-de-semana, em hora de ponta) às 9:05 da manhã em Hong Kong, e só voltaram a pôr os pés em terra firme, em Macau, às 12:02.
A primeira parte da viagem decorreu sem incidentes, e com visibilidade “suficiente para podermos ver das janelas as ilhotas que ‘ladeiam’ o percurso. Só para cá de meio da viagem é que a visibilidade começou a ficar pior, quase de minuto para minuto”, disse um dos passageiros ao PONTO FINAL.
E foi já com a Ilha da Taipa no horizonte que a embarcação entrou primeiro em marcha lenta, para pouco depois parar totalmente, quase em frente à extremidade norte da pista do Aeroporto Internacional de Macau. E aí esteve quase duas horas imobilizada, de motores desligados, na fase final de aproximação ao terminal marítimo do Porto Exterior. Segundo o relato deste e de outro passageiro, o Comandante da embarcação começou por justificar a paragem com a fraca visibilidade que se fazia sentir na altura. Mas numa segunda comunicação aos passageiros pelo sistema de intercomunicador de bordo, o Comandante disse que o barco “estava à autorização das autoridades portuárias para poder entrar no canal final de acesso ao cais de acostagem do Terminal do Porto Exterior.”
As mesmas testemunhas disseram ao PONTO FINAL que o ambiente a bordo foi “no global, de grande tolerância e compreensão, ainda que houvesse famílias com crianças.”
Uma delas relatou ao nosso jornal que alguns passageiros ainda tentaram “persuadir o comandante a voltar para trás, para Hong Kong, mas a maioria – pareciam jogadores – insistiu em seguir para o destino original. O que até acabou por fazer sentido porque estávamos mais perto.” O mesmo passageiro disse-nos também ter tentado apresentar uma queixa junto das autoridades de imigração, que o remeteram para o balcão dos Serviços de Turismo, no rés-do-chão do Terminal Marítimo, onde deixou uma nota assinada em forma de protesto.

Excesso de zelo?

O PONTO FINAL chegou ontem à fala com uma fonte da Shun Tak, operadora dos Jetfoils, que, apesar de não ter conhecimento deste incidente em concreto, não se mostrou surpreendia ao saber da notícia. A fonte, que pediu anonimato, disse que as autoridades marítimas e a própria Shun Tak estão de “mãos atadas desde o acidente em Janeiro com as duas embarcações. “Agora, mal a visibilidade baixa um pouco (para valores onde antigamente as carreiras quase seguiam viagem em ritmo normal), levantam-se bandeiras vermelhas e tomam-se medidas quase de quase tolerância zero”, disse ao PONTO FINAL.
O choque entre as duas embarcações - Funchal e Santa Maria - deu-se sexta-feira, dia 12 de Janeiro, cerca das 20:30 a cinco milhas náuticas de Macau e já em águas territoriais da cidade continental chinesa de Zhuhai quando os navios se deslocavam a uma velocidade de 40 nós (75 quilómetros por hora), estando agora a serem investigadas as causas que levaram ao acidente num dia em que Macau esteve sob intenso nevoeiro e com a visibilidade bastante reduzida. Do acidente resultaram 133 feridos, dos quais 19 em estado muito grave, 24 feridos graves e 90 ligeiros.
Em comentário à situação actual, em função do incidente de ontem, a fonte da Shun Tak desabafou ao PONTO FINAL: “Em termos de fluxo de tráfego e passageiros chegam a pôr-se situações horríveis, simplesmente horríveis.” Para a mesma fonte o que terá acontecido este fim-de-semana, sobretudo ontem, domingo, foi fruto de um conjunto de circunstâncias: Má visibilidade associada a pouca tolerância dos controladores do canal aliada ao excesso de tráfego na zona, agravado por duas embarcações que grande porte que se encontravam ao mesmo tempo a dragar a entrada no canal, num ponto onde conflui igualmente o cruzamento das embarcações com destino ao novo Terminal da Taipa, junto ao aeroporto.

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