Julgamento de atleta cabo-verdiano suspeito de violação adiado
Testemunhos ausentes
Depois de quase ano e meio a aguardar pelo início do julgamento, o jogador de futebol Samiro Soares, acusado do crime de violação de uma jovem estudante de etnia chinesa, soube ontem que vai ter que esperar pelo menos mais duas semanas pelo arranque do processo
Alfredo Vaz
Testemunhos ausentes
Depois de quase ano e meio a aguardar pelo início do julgamento, o jogador de futebol Samiro Soares, acusado do crime de violação de uma jovem estudante de etnia chinesa, soube ontem que vai ter que esperar pelo menos mais duas semanas pelo arranque do processo
Alfredo Vaz
Quem, hoje a meio da manhã, entrava no quinto andar do edifício onde está instalado o Tribunal Judicial de Base da RAEM sentia um silêncio profundo perceptível desde dos corredores à sala das testemunhas e de audiência.
Durante mais de meia hora, arguido e familiares e testemunhas da queixosa (ausente da RAEM, por se encontrar com a família na sua terra natal, no continente chinês) aguardaram lado a lado pelo final da sessão de um outro julgamento. Sem trocarem palavras, sem sequer cruzarem olhares.
Quando finalmente Samiro Soares foi chamado a entrar na sala de audiências, o arguido sentou-se, ouviu falar a juíza e o seu advogado, e menos de cinco minutos depois voltou sair para aguardar julgamento em liberdade. Ou para ‘continuar a aguardar’, uma espera que já se prolonga há quase dezoito meses.
O adiamento foi pedido pela própria defesa. Álvaro Rodrigues, advogado de Samiro Soares, alegou duas razões fundamentais: a falta das declarações de uma testemunha “indispensável para a descoberta dos factos”, e também do relatório de perícia médica, ainda não enviado pelo Centro Hospitalar Conde de São Januário, apesar da queixosa ter sido vista por um médico daquele hospital na manhã do dia da ocorrência dos factos, 15 de Outubro de 2006. A defesa alegou que o relatório hospitalar “é também fundamental para a descoberta da verdade material”.
O testemunho que falta foi pedido às autoridades portuguesas pelo tribunal da RAEM em Janeiro deste ano em forma de uma carta rogatória. A testemunha em causa chama-se Susana Pinto, estava presente na discoteca Basement na altura do suposto incidente e o seu depoimento é considerado pela defesa como sendo “fundamental para apurar a verdade”.
Ambos os pedidos não tiveram qualquer objecção por parte do Delegado do Ministério Público, tendo sido deferidos pela Juíza do Tribunal Judicial de Base que ficou o próximo dia 15 como data limite para a entrada dos documentos em falta.