Melhor jogo da época no Estádio de Macau
Monte Carlo assegura título de campeão
com empate diante de rival Lam Pak
Monte Carlo assegura título de campeão
com empate diante de rival Lam Pak
O Lam Pak teria de vencer o seu adversário para ainda acalentar esperanças de renovar o título. Mas o Monte Carlo tirou partido da vantagem que tinha e o 2-2 acabou com todas as dúvidas. O desafio levou cerca de três centenas de pessoas às bancadas do Estádio, o que é um bom número para o futebol do território
Vítor Rebelo
rebelo20@macau.ctm.net
rebelo20@macau.ctm.net
E o encontro de ontem correspondeu às expectativas dos que se deslocaram ao recinto. Monte Carlo e Lam Pak mostraram que, efectivamente, são as duas melhores formações do futebol na RAEM. Realizaram um desafio digno de uma final, com desfecho mais feliz para a equipa que detinha uma vantagem de dois pontos.
Mas o jogo foi aberto e, em especial na primeira parte, tudo poderia ter acontecido, quer para um lado quer para o outro, tendo sido o Lam Pak o primeiro a desperdiçar duas boas ocasiões. Uma logo no minuto inicial, através do goleador da equipa, o chinês Un Chon Fai e aos sete minutos por intermédio de Mok Kin Fong.
Aos poucos o Monte Carlo foi controlando o desafio e a vantagem que tinha na tabela, o que acabaria por ser determinante para se chegar desde já ao título no futebol de onze do território.
Mas os “azuis e amarelos” não deram a iniciativa ao adversário e nunca estiveram em desvantagem nesta partida do relvado do Estádio da Taipa.
Tam Iao San, o treinador, não quis utilizar de inicio os quatro estrangeiros permitidos pelos regulamentos, tendo colocado no banco o central nigeriano John. Fez recuar para “pivot” do sector recuado, o cabo-verdiano Samiro Soares, e tirou grandes vantagens da experiência de um dos melhores elementos do plantel.
Samiro segurou
sector recuado
sector recuado
Samiro foi, por diversas vezes, o salvador de situações muito complicadas e pode dizer-se que foi um dos melhores elementos em campo e um dos esteios da formação do Monte Carlo.
O Lam Pak estava proibido de cometer erros na defesa, tal como acontecera no desafio da primeira volta, em que perdeu com goleada (5-1), mas desta feita a inclusão do capitão e veterano Lam Ka Koi, deu outra consistência à equipa.
O Monte Carlo actuou com Alison Brito e Chan Kin Seng lá na frente e o jovem cabo-verdiano constituiu sempre um grande “quebra cabeças” para o quarteto defensivo do Lam Pak.
De bola parada o comandante do campeonato começou a criar o maior perigo. Geofredo Sousa, um especialista nos livres, deu o primeiro sinal, com um remate que levava selo de golo, negado pelo guardião Chu Hon Ming, à passagem dos 24 minutos.
No minuto seguinte, o Monte Carlo chegaria ao golo, através de um disparo de Chan Kin Seng, também ele habitual ponta-de-lança da selecção de Macau.
A defesa do Lam Pak deu-lhe espaço na direita da sua grande-área e o avançado não perdoou.
Lam Pak respondeu
ao golo do Monte Carlo
ao golo do Monte Carlo
O Monte Carlo começava assim a construir um resultado positivo para chegar ao título, que acabaria por significar uma temporada histórica para o clube presidido por Firmino Mendonça.
Nunca a colectividade tinha conseguido, na mesma época, conquistar os dois títulos principais do futebol macaense, bolinha e bolão.
Mas o Lam Pak vendeu cara a perda do primeiro lugar, que havia conquistador nos dois últimos anos, já que empatou no minuto seguinte a ter sofrido o golo.
Grande jogada na direita do reforço chinês Iong Hei Chi, que cruzou de forma primorosa para a entrada, na pequena área, do seu compatriota Un Chon Fai.
O jogo estava de novo relançado e proporcionava um excelente espectáculo, para aquilo a que Macau está acostumado a ver.
Estas são na verdade as equipas que dispõem de um maior número de jogadores com mais qualidade técnica e que, em termos colectivos, ficam uns furos acima das restantes. Isto sem desprimor por futebolistas igualmente dotados, distribuídos pelas outras formações do escalão principal do futebol de Macau, mas que não têm grande correspondência no nível global das suas equipas.
Daí Monte Carlo e Lam Pak terem surgido, na segunda volta do campeonato, perfeitamente destacados dos outros clubes.
Aspecto físico
tramou Lam Pak
tramou Lam Pak
Voltando ao jogo, o intervalo chegou com um empate a uma bola, o que deixava “água na boca” aos espectadores para o segundo tempo, até porque o Lam Pak voltou a arriscar ofensivamente nos derradeiros minutos da primeira metade. Foi aí que Samiro, por exemplo, salvou, “in extremis” uma boa ocasiaão do ataque adversário, colocando o corpo na frente da trajectória de um remate perigoso de Un Chon Fai, avançado de grande oportunidade e eficácia.
Mas há que dizer, ainda antes do intervalo, que o árbitro poderia (e deveria) ter mostrado o segundo cartão amarelo a um jogador do Monte Carlo, Ao Weng Wa, por puxão da camisola a um adversário. Facto que motivou grandes protestos dos jogadores do Lam Pak e de todo o banco de suplentes.
Na segunda metade, como já era previsível, o Lam Pak voltou a arriscar mas só enquanto teve força física, mas aos poucos foi claudicando, com o Monte Carlo a tomar conta do desafio e a reforçar o sector defensivo, com a entrada do central John e a saída de um extremo.
Contra ataque do líder
resolveu o encontro
resolveu o encontro
O técnico Tam Iao San mostrava claramente que queria dar maior consitência e segurança lá atrás, apostando na influência do chinês Lam Chio Meng no meio campo e no sentido de oportunidade e velocidade de Alison Brito e Chan Kin Seng.
Isso acabaria por resultar no segundo golo, da autoria de Alison que levou em corrida, no lado esquerdo, o defesa que o marcava e rematou para o poste mais perto, quando o guardião Chu Hon Ming esperava o disparo para o outro lado.
Aconteceu aos 65 minutos, num tento muito saudado por toda a gente ligada ao Monte Carlo, que saltou do banco para felicitar o avançado de Cabo Verde, goleador da equipa, ele que entrou no plantel quase por acaso, já com a temporada a decorrer e em virtude do abandono, por motivos disciplinares, do camaronês Wamba.
Há males que vêm por bem e este Alison é bem um exemplo disso na equipa de Tam Iao San.
A partir daqui e com o Lam Pak nitidamente em perda física (pode dizer-se que se trata de uma formação com vários jogadores em idade relativamente avançada…), o conjunto “azul e amarelo” dominava a todo o campo e poderia ter descansado se não tivesse desperdiçado algumas boas ocasiões para aumentar, numa delas através de Alison Brito, na cara do guarda-redes Chu Hon Ming.
Aposta ganha
do técnico Iao San
do técnico Iao San
O Lam Pak estava desesperado à procura dos golos e isso deu grandes espaços na rectaguarda para a entrada dos dianteiros do Monte Carlo.
A cinco minutos do fim o árbitro Filipino, Rando, fez vista grossa a uma falta para penalti sobre Chan Kin Seng.
Já à entrada para os descontos, o Lam Pak empataria, por Iong Hei Chi, proporcionando derradeiros momentos de emoção. Só que o Monte Carlo aguentou o desespero do Lam Pak e segurou a preciosa igualdade.
Assim, o ponto conquistado pelo Monte Carlo deu o título ao “onze” do jornalista Tam Iao San, o seu primeiro lugar no futebol de Macau a nível sénior, depois de vários anos como jogador do Heng Tai, segunda equipa do “patrão” Firmino Mendonça.
Resultou em pleno a aposta neste jovem técnico, que teve a coragem, no início da temporada, de dispensar os serviços de um dos principais reforços da equipa, o camaronês Wamba, transferido do Vong Chiu. Na altura, o treinador fora claro: “não é um jogador que sirva os interesses colectivos”.
Agora, no final da partida de ontem, Tam Iao San reconheceu que a equipa não esteve sempre bem, “mas acabou por merecer o ponto que dá o primeiro lugar. Foi um jogo grande para aquilo que as pessoas estão habituadas em Macau.”
Por seu turno, o número um do Lam Pak, Chan Man Kin, deu os parabéns ao adversário pela forma como conseguiu atingir os seus objectivos:
“Acabámos por fazer uma boa partida mas o empate não nos servia. Caíamos fisicamente na segunda metade e isso facilitou também a tarefa ao Monte Carlo, que é um bom vencedor. O futebol é assim e assistimos a um desafio entre duas grandes equipas.”
Dobradinha merecida
do clube de Mendonça
do clube de Mendonça
O Monte Carlo sucede assim ao seu rival Lam Pak na lista dos campeões do futebol macaense e regressa ao primeiro lugar depois de ter assegurado o título em 2004. Mais saboroso ainda foi, como dissemos anteriormente, o facto do clube ter conseguido a dobradinha, bolinha e bolão, que é a primeira na sua história.
Resta uma referência aos restantes desafios da ronda, com destaque para o Hoi Fan que, graças ao seu empate (2-2) face ao Vong Chiu, assegurou o terceiro lugar, numa excelente época de uma equipa que acabara de vir da II Divisão.
O Vong Chiu esteve a perder por 1-0 e deu a volta até 2-1 antes do descanso. O Hoi Fan marcaria por Wu Kam Fai e terminava a prova com um ponto de vantagem sobre o Vong Chiu.
No sábado, os Sub 21 venceram o Heng Tai, por 3-1, numa partida em que o lanterna vermelha do campeonato acabou com oito jogadores. Um dos expulsos foi o português Dedé.
Grupo Desportivo da Policia de Segurança Pública e Vá Luen empataram a um golo.
Quando ainda faltam disputar dois jogos em atraso (Lam Pak-Sub 21 e Policia-Heng Tai), a tabela está assim ordenada:
Monte Carlo (campeão) 37 (51-12)
Lam Pak 32 (48-13)
Hoi Fan 24 (20-21)
Vong Chiu 23 (27-28)
Vá Luen 15 (14-28)
Sub 21 13 (19-33)
GD Policia 10 (10-22)
Heng Tai (despromovido) 1 (6-38)