28.4.08

José Drummond e a experiência na mostra de Cantão
O Contador de Histórias

Alfredo Vaz

José Drummond, multi-facetado artista plástico local, tem na mostra de Cantão dois trabalhos em espaços distintos, mas ambos na plástica vídeo: O Ilusionista e O Céptico.
Os dois trabalhos desenvolvem temas que o artista tem vindo a abordar - em sequência de outras peças dos tempos recentes -com especial incidência nos trabalhos mais recentes, O Narcisista, apresentado no Museu de Arte de Macau, em Agosto do ano passado, e O Sonhador, no Armazém do Boi, em Dezembro último.
O Ilusionista e O Céptico têm a ver com dois conceitos-chave: identidade e solidão.
Na exposição dedicada à temática vídeo, Drummond apresenta O Céptico, um filme desenvolvido a partir de um pormenor do rosto do próprio artista um grande plano que assente sobre a sobrancelha e olho esquerdos, e o modo como estes reagem ao estímulo sonoro. Um estímulo que é cadente, e que ao fim acaba quase por misturar-se, oriundo em duas frases-chave: I LOVE YOU, I HATE YOU.
O Ilusionista a peça que está do lado da apresentação do Armazém do Boi: “É uma peça que está mais ligada ao desejo, embora siga também o mesmo tipo de linguagem, que é a solidão, ou a incapacidade do ser humano em relacionar-se com o seu semelhante e em ter de procurar, dentro de si, forças para se redescobrir, embora que isso acabe por poder ser uma ilusão”, disse o artista ao PONTO FINAL. O Ilusionista mantém, formalmente, a mesma linha de O Céptico: “um pormenor da minha boca. O vídeo começa com a boca completamente cheia de mel, mel que acaba por desaparecer na imagem até ficar a boca simplesmente. Há também um estímulo sonoro que acompanha o desaparecimento do mel, que é o som de um beijo.”
José Drummond conta fazer uma apresentação destas duas obras em Macau, em Julho, por alturas da exposição O Contador de Histórias que vai realizar no Centro de Indústrias Criativas, uma mostra que marca o regresso do artista à pintura e que na qual irá também apresentar os mais recentes trabalhos em vídeo.

Colectiva é “um passo em frente”

José Drummond veio preenchido da experiência em Cantão. Tanto numa perspectiva pessoal como da experiência de grupo que representa um dado mais na exposição das artes contemporâneas de Macau para alem dos limites e das fronteiras da ‘pequenez’ de Macau: “Penso que representa um passo em frente, fiquei agradavelmente surpreendido. Do ponto-de-vista de difusão da arte de Macau, penso que foi muito importante, é qualquer coisa que me parece que é novo, o facto de haver um grupo de artistas de Macau que são expostos em Cantão, e quando aqui falo, refiro-me a artistas do lado da arte contemporânea, de novas linguagens. Penso que é qualquer coisa de novo, e que venha a ter boas repercussões para a arte de Macau. Falando do meu caso e das minhas peças, senti que houve uma adesão curiosa, talvez por apresentar vídeo, com uma linguagem que fica um pouco à margem das outras, acabou por cativar as pessoas. Houve uma situação curiosa (risos), em que ‘apanhei’ o guarda do museu a rever o vídeo três vezes, consecutivas."

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