A publicidade de Rocha Vieira
Rocha Vieira, apresentado como general na reforma, assinou nas duas últimas semanas as duas páginas de publicidade que há vários anos o Banco Privado Português (BPP) tem na abertura da revista do Expresso.
É a primeira vez que Rocha Vieira aparece a fazer publicidade, ainda que o seu texto não faça referências directas ao BPP – essa é, aliás, a lógica do espaço: diversas pessoas, sempre públicas, assinam textos, e depois são colocadas notas de rodapé relativamente a algumas palavras-chave em que aparece o Banco (e as suas mensagens).
O texto de Rocha Vieira chama-se «Tempo & Dinheiro» e conjuga essas duas ideias («O juro é o dinheiro gerado pelo dinheiro quando este é multiplicado pelo tempo» ou «atingir estes dois níveis da arte suprema da estratégia [a economia e a sociedade] implica que se compreenda que tempo é dinheiro e dinheiro é tempo».
O texto abre com a fotografia do último governador, termina com a sua assinatura e com o logótipo do Banco Privado Português.
A presença de Rocha Vieira neste anúncio apanhou muita gente desprevenida porque o general, nomeadamente desde que deixou Macau, tem gerido com extrema parcimónia a sua imagem pública, aparecendo muito raras vezes.
A campanha publicitária do BPP é um clássico na comunicação social portuguesa: há longos anos que o Banco faz publicar duas páginas em exclusivo na revista do Expresso, textos com alguma qualidade (e sem referências publicitárias directas) e assinados por figuras públicas.
Por causa de um texto neste espaço, a jornalista Maria João Avilez teve de entregar a carteira profissional – uma vez que se trata, indiscutivelmente, de um espaço publicitário.
O Banco Privado Português é um banco que se dedica ao ‘private banking’ (ou seja, às grandes fortunas).
João Paulo Meneses