24.4.08

Proprietários das salas VIP estão a abandonar funções para serem eles próprios promotores
"Junkets" aplaudem controlo das comissões

Um gerente de uma sala VIP de um casino de Macau congratulou-se ontem, em declarações ao Ou Mun, com a medida anunciada terça-feira pelo Governo quanto à criação de um mecanismo de controlo legal nas comissões financeiras dos promotores de jogo. O secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam, revelou ainda que "será exigida uma licença aos directores dos espaços de jogo" e que "será criado um mecanismo de controlo da gestão para melhora o controlo dos espaços de jogo".
Para o agente ouvido pelo jornal chinês, as medidas surgem no momento certo, quando a competição causada pelas comissões pagas aos "junkets" (promotores de jogo) está ao rubro e a provocar significativas mexidas no mercado.
Uma dessas alterações, disse a fonte contactada pelo Ou Mun, tem que ver com o abandono de cerca de um terço dos gerentes de salas VIP para passarem a ser eles próprios "junkets". Actualmente, estima, existem cerca de 100 proprietários de salas VIP, enquanto que em tempos anteriores, considerados "dourados", existiram 150.
Comentando a criação de um mecanismo de controlo legal nas comissões financeiras dos "junkets", a fonte afirmou que os casinos vão ver-se obrigados a introduzir outro tipo de regalias para atraírem promotores e jogadores.
Actualmente, explicou a mesma fonte, as comissões que os "junkets" recebem variam entre os 1,2% e os 1,25%. Mas, acrescentou, há valores mais elevados em jogo, variando entre os 1,3% e 1,35%.
Na opinião deste gerente, se o valor a definir pelo mecanismo que o Governo quer criar fixar as comissões entre os 1,28% e 1,3%, isso significará a eliminação dos gestores e proprietários das salas VIP, espaços que surgiram em Macau em 1988 e que são, desde então, a grande fonte de receitas dos casinos no território, onde os jogadores mais endinheirados fazem apostas de elevados montantes. Um valor razoável, observa a mesa fonte, seria uma comissão de 1,1%.
Na base das convulsões que se verificam actualmente no mercado VIP está o acordo assinado pela Melco PBL em Dezembro com a promotora de jogo A-Max. Os proprietários do casino Crown, na Taipa, passaram a pagar à promotora comissões entre 1,2% e 1,35% do valor apostado pelos jogadores VIP, uma percentagem mais elevada do que o praticado pela maioria dos casinos, entre 1,1% e 1,2%.
Esta medida transformou o “Crown” no casino com o maior volume de apostas no mundo inteiro, e cerca de 60% dos clientes de todas as salas VIP de Macau estão agora "fidelizadas" no casino da Taipa.
Segundo o gerente ouvido pelo Ou Mun, todos os casinos com salas VIP estão a avisar pessoalmente os proprietários daqueles espaços de que os próximos 3 meses vão ser cruciais para definir o futuro da continuidade das salas. É viver ou morrer.

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