13.4.08

Selecção de Macau não terá condições e nem sequer foi contactada
Râguebi vai estar nos Jogos da Ásia Oriental de 2009

Estão praticamente definidas as modalidades para os Jogos da Ásia Oriental. O râguebi (de sete) é uma delas, mas a Associação de Macau não sabe de nada oficialmente, a vinte meses do arranque da prova. Os dirigentes esperam por um contacto, mas provavelmente não terão condições para ir a Hong Kong

Vítor rebelo
rebelo20@macau.ctm.net

Uns dias depois da participação em mais uma edição do Manila Tens, com uma classificação que “soube a pouco”, ou seja, ficou-se pelos quartos-de-final da Taça Plate, a equipa da Associação de Râguebi de Macau é confrontada com as dúvidas sobre a presença ou não nos próximos Jogos da Ásia Oriental.
Como se sabe, o evento multi-desportivo vai ter lugar aqui ao lado, em Hong Kong, quatro anos depois de Macau ter chamado a si a organização, com sucesso.
As modalidades foram já divulgadas oficialmente e são muito mais do que as que evoluíram na RAEM. Há várias novidades, todas elas depois de propostas da entidade organizadora, como são os casos de squash Windsurf, ténis de mesa, judo, bodybuilding, bilhar, râguebi.
O desporto da bola oval será (ou seria) assim uma excelente oportunidade para Macau se lançar (ou relançar) no panorama internacional, concretamente nesta região do continente asiático.
Mas pelos vistos os “homens fortes” do râguebi do território nada sabem oficialmente. Terão ouvido uns “zunzuns” nas suas deslocações frequentes a Hong Kong. Apenas isso e terão como que esquecido essa possibilidade.

É bom para o desporto
mas faltam condições

O PONTO FINAL foi ao encontro do seleccionador macaense, Luis Herédia, que curiosamente não se deslocou a Manila para acompanhar a comitiva. Quisemos saber de que forma o organismo estaria já a preparar a sua presença nos Jogos da Ásia Oriental do próximo ano. E qual foi a surpresa…
“Não sabemos de nada oficialmente, ou seja, através das entidades desportivas de Macau”, palavras de Luis Herédia, que se mostrou algo surpreendido pelo facto de ser já do conhecimento público que o râguebi de sete teria um lugar assegurado na lista de desportos para a edição de 2009 dos Jogos da Ásia Oriental.
“Se na verdade o râguebi vai lá estar é muito bom para a modalidade e isso significa que se estão a dar passos muito importantes para que se ganhe um lugar neste tipo de competições internacionais.”
O dirigente e antigo praticante (ainda faz uma perninha de vez em quando na equipa de Macau…), começou por afirmar que as condições actuais não permitem uma deslocação da selecção a uma prova deste nível.
“Penso que não há de facto condições para arriscar o nosso nome, a nossa imagem, numa presença nos Jogos, até porque a modalidade não tem campo para treinar e por isso não teria condições para se preparar adequadamente. Por outro lado, seria complicado formar um conjunto razoável de jogadores em condições legais (regulamentares) para representar a selecção.”

Dificuldade em juntar
vários atletas locais

Sabe-se que actualmente há vários jogadores estrangeiros que integram a equipa Macau/SJM, a qual tem participado, nos dois últimos anos, no campeonato da III Divisão de Hong Kong. Daí as dificuldades quando se trata de uma formação oficial de Macau, que terá sempre de integrar unicamente atletas naturais de Macau ou que aqui têm residência permanente há alguns anos.
Ricky Pina, Anacleto Cabaça, José Reis, Noel Cardoso, Albert Wong (este tem tido no entanto dificuldades para ser reconhecido como jogador local, apesar de ter nascido no Canadá), o irlandês Tim Lynch e os estudantes irmãos norte-americanos Kelcy e Devin Wilhiem, seriam seleccionáveis, entre outros que compõem actualmente o plantel do conjunto representativo da RAEM, que alinha em jogos das três variantes, sete, dez e quinze.
Luis Herédia teria sempre de auscultar a opinião dos restantes membros da Associação de Râguebi de Macau sobre um hipotético convite para integrar o torneio da modalidade dos Jogos da Ásia Oriental, mas a sua opinião é, para já, pelo menos neste momento em que terá sido apanhado de surpresa pela nossa reportagem, a de não aceitar se um dia houver esse contacto oficial.
“Claro que, como disse atrás, não vejo grandes condições para iniciarmos uma preparação nesse sentido, mas até pelo facto de não existir um campo próprio para as nossas actividades. E se não tem havido essa disponibilidade até agora, porque razão as coisas iriam mudar? Era bom que isso acontecesse, ou seja, que se alterasse o panorama do râguebi, mas teria de haver sempre um projecto a longa distância, de desenvolvimento, e não um projecto de ocasião, para apenas participar numa prova especial.”

Alguma surpresa
pelo silêncio…

O seleccionador-treinador reconhece que, mesmo que os seus colegas de direcção pudessem decidir também pelo não aos Jogos, “estamos surpreendidos pelo facto de ninguém ter falado connosco, de nos darem uma satisfação e mesmo de nos convidarem, sabendo-se de antemão que não temos condições para estar presentes em Hong Kong no próximo ano. Será que os responsáveis de Macau já convidaram formalmente as restantes modalidades do território que tarão os seus desportos no evento? Se sim, o râguebi pelo menos deveria ser informado. Se não, aguardamos por um contacto.”
Estamos a 20 meses (um ano e oito meses) do arranque dos Jogos da Ásia Oriental. A cerimónia de abertura está marcada para 5 de Dezembro, ainda sem local estipulado. Provavelmente algumas modalidades estarão já a intensificar os seus treinos, seleccionando um primeiro grupo dos seus atletas.
E o râguebi? Também não é um desporto com associação legal no território e que apesar de lutar, contra a sua própria vontade, por condições para se desenvolver, poderia beneficiar de um contacto internacional tão importante?

Comitiva da RAEM
será em larga escala

E com os Jogos aqui tão perto não terá de se dar a desculpa das despesas avultadas com o envio de um largo número de atletas. Até porque isso vai seguramente acontecer pelo facto de se tratar de uma estadia “barata”, ou seja, sem custos com os habituais e dispendiosos bilhetes de avião.
“Temos tentado mostrar que o râguebi tem vindo a evoluir nos últimos anos, não obstante as más condições em que treinamos, embora reconheçamos que as autoridades fazem o que podem para nos apoiar. O IDM, por exemplo, apoia sempre que necessitamos, mas o nosso sonho é um campo adequado à nossa actividade. Até porque já temos muitos jovens a praticar a modalidade. Por esta nossa vontade de progredir se calhar até merecíamos ir aos Jogos da Ásia Oriental, mas de facto temos de ser realistas.”
Luis Herédia, no final da entrevista, já quase que reconhecia que com um bocadinho de esforço e de tempo de preparação, tentando juntar cerca de doze atletas, até se poderia pensar na deslocação a Hong Kong, “mas na verdade não há nada de oficial e nenhum contacto foi feito connosco.”

20 meses suficientes
para trabalhar equipa

Provavelmente vinte meses para formar uma razoável equipa de sevens até chegavam. E nem se teria de pensar em dar imagem negativa, em termos de resultados desnivelados, que é o que há mais no desporto de Macau. Veja-se o exemplo da selecção de futebol.
Se todos os países que integram a Associação dos Jogos da Ásia Oriental, decidirem participar no torneio “sevens”, então talvez a RAEM até pudesse discutir (quem sabe…), nos jogos diante de Guam, Mongólia, Taiwan, Coreia do Norte. Isto no meio de países com “outro estatuto” no râguebi asiático, como são Coreia do Sul, Japão, Hong Kong, República Popular da China.
Mas ninguém tem dúvida de que seria uma extraordinária experiência para os jogadores de Macau.
Luis Herédia considera que a modalidade está a dar passos muito importantes por todo o mundo e que a categoria “sevens” pode muito bem integrar, num futuro próximo, os próprios Jogos Olímpicos:
“Penso que não sera dificil, até porque os Jogos Asiáticos de Doha já contaram com a primeira experiência do râguebi de sete jogadores. Agora, pelos vistos, também entrará nos Jogos da Ásia Oriental. É bom, muito bom. É o reflexo do crescimento que está a ter. Já o râguebi de 15 é mais complicado entrar na Olimpíada, uma vez que dispõe já de competições de grande impacto, como é o caso do Campeonato do Mundo.”
A terminar, diga-se desde já que o território vai voltar a ter o seu Torneio Internacional Tens, no dia 7 de Junho. Uma prova, a realizar apenas num dia, que deverá contar com 10 ou 12 equipas, a maioria das quais, como sempre, de Hong Kong.

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