1.5.08

Académico Davis Fung Ka Chio comenta medidas do Governo para o sector
Indústria do jogo não consegue
auto-controlar-se


Davis Fung Ka Chio, director do gabinete de estudos do jogo na Universidade de Macau, acredita que, comparativamente a outros sectores, a indústria do jogo não se consegue ajustar ao livre mercado e que as intenções do Chefe do Executivo em travar as licenças só vieram em boa hora.
As declarações que Edmund Ho proferiu no dia 22 de Abril, na Assembleia Legislativa, sobre o jogo não deixaram ninguém indiferente. O Chefe do Executivo explicou que não previa aumentar o número de concessões e subconcessões, interferindo assim no mercado do jogo de Macau.
Davis Fung Ka Chio admite, no entanto, que não há dados que mostrem quais podem ser as consequências da redução de mesas de jogo e a recusa de atribuição de mais licenças. Actualmente, só existem dados referentes aos últimos três anos, nomeadamente a partir da data de abertura do Sands, em 2004. Por isso, o académico aconselha o executivo a analisar o passado e o presente, de forma a prever o futuro.
Fung Ka Chio disse ao jornal Ou Mun que a evolução da indústria do jogo este ano teve um grande impacto na sociedade, sobretudo pelas mudanças no número de mesas. No primeiro quarto do ano, houve uma diminuição de 114 mesas de jogo em Macau, nomeadamente o Venetian (66 mesas), o Wynn (20 mesas), MGM Macau (menos 18 mesas) e o Galaxy Entertainment (10 mesas). A mensagem que passou foi a de haver uma saturação de mercado.
No entanto, nem todos os casinos seguiram esta tendência, sendo que alguns mantiveram o número de mesas de jogo e outros até aumentaram, como foi o caso da SJM, com mais 48 mesas, e da Melco PBL, com um acréscimo de duas mesas. Fung Ka Chio considera que esta é uma situação única e que as intenções das empresas de jogo em reduzir o número de mesas pode ser diversificada.
Segundo o académico, tem tudo a ver com a intenção com que as empresas de jogo abriram os casinos. Se o casino foi acompanhado de um hotel, então estarão os dois ligados entre si, já que o hotel não tem autonomia, nem capacidade para operações de livre mercado. Por outro lado, ao reduzir o número de mesas e falar em saturação de mercado, as empresas de jogo podem estar a tentar afastar possíveis concorrentes que desejam entrar no mercado.
No entanto, Fung Ka Chio admite que as regras do mercado livre não se podem aplicar à indústria do jogo porque esta não tem mecanismos de auto ajustamento e mostrou que não se consegue auto-controlar.
A comissão dos intermediários não cessa de aumentar, o que prejudica o lucro dos casinos. É uma das principais falhas do ajustamento do mercado do jogo, segundo o académico. Neste momento o ratio de benefício das mesas de jogo é de 2,7 por cento a 3 por cento. Cerca de 40 por cento dessa percentagem ainda estará reservada aos impostos de jogo. Por outro lado, as comissões dos intermediários que levam clientes às salas VIP chegaram aos 1,3 por cento. Portanto neste momento, o benefício das empresas de jogo é de cerca de 0,5 por cento.
E no entanto o investimento em projectos da indústria do jogo é muito alto. A falta de proporção entre o investimento e o lucro afecta o capital acumulado das empresas e acaba por incapacitá-las de diversificar negócios.
Para além do custo operacional do jogo ser alto, também os custos sociais das salas Vip são elevados. O académico acredita que, no final das contas, é a sociedade de Macau que os suporta. A comparação entre Macau e Las Vegas também não pode ser feita já que os custos sociais da industria do jogo em LA são igualmente suportados por outros estados e a cidade está dentro de uma nação com um só sistema. É por isso que, segundo Fung Ka Chio, a industria do jogo de Las Vegas sempre foi pressionada pelos estados vizinhos. Macau não tem tantas restrições.
De facto, Macau já mostrou que não sabe lidar com a concorrência feroz do mercado livre. Em Las Vegas só uma empresa com certas capacidades de capital, auditada e fiscalizada poderia começar a operar no mercado. No entanto, Macau só restringiu o número de empresas que detinham licenças de jogo. Por outro lado, a indústria do jogo em Macau só dependia do mercado livre para se ajustar e sobreviver. Até agora.
O académico aconselha o Governo a aproveitar este momento para falar com as empresas de jogo, de forma a que estas entendam quais as intenções do executivo.

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