15.5.08

Heidi Ho desmente declarações de artista francês a O Clarim
"Não recebi nenhum protesto da UNESCO"

Heidi Ho reagiu às declarações do artista francês que afirmou que a UNESCO estava de costas voltadas para o Governo da RAEM e que a Fortaleza da Guia e as Ruínas de São Paulo seriam riscadas da Lista do Património Mundial. A Presidente do IC diz desconhecer essa possibilidade e que se terá que perguntar ao artista a origem dessas declarações

Rui Cid

Sexta-feira a polémica estalava. O Clarim trazia à capa que a UNESCO congelara todas as acções de promoção do património de Macau no estrangeiro. Por trás desta posição estaria a ausência de medidas governamentais por parte do executivo da RAEM que visassem impedir a construção, em altura, junto dos locais classificados como Património Mundial. Para sustentar esta tese, aquele semanário publicava uma entrevista com o artista francês Charles Chauderlot, que vira uma exposição sobre o território, e que seria realizada, afirma, na sede da UNESCO, em Paris, ser cancelada. O artista contava que a justificação que lhe tinha sido dada era que a UNESCO "não tencionava continuar a promover o património de Macau." O artista afirmava ainda que aquela organização se preparava para retirar da lista de Património Mundial da Humanidade a Fortaleza da Guia e as Ruínas de São Paulo.
Ontem, à margem da cerimónia de inauguração da Exposição Anual de Artes Visuais, a Presidente do Instituto Cultural, Heidi Ho, em declarações aos jornalistas, apresentou a sua versão dos factos. Heidi Ho disse que no âmbito da promoção do património, os representantes da Direcção dos Serviços de Turismo (DST) em Paris convidaram, o ano passado, Charles Chauderlot para uma exposição na capital francesa, e que foi o próprio artista a sugerir a sede da UNESCO como local para o evento. Foi nesse sentido, continuou, que os responsáveis da DST iniciaram contactos com membros daquela organização. Da UNESCO, explicou Heidi Ho, veio a informação que estes contactos teriam que ser feitos por via diplomática, e através de um membro das Nações Unidas. A presidente do IC disse que foi nessa altura que o representante da DST, percebendo que o processo iria ser demorado, sugeriu ao artista realizar a exposição noutro local. Assim, diz Heidi Ho, a Exposição não pode ter sido cancelada porque nunca esteve agendada para a sede da UNESCO.
Em relação à possível remoção das Ruínas de São Paulo ou da Fortaleza da Guia da lista de Património Mundial da Humanidade, Heidi Ho negou ter recebido qualquer protesto por parte da UNESCO ou estar ne posse de informações que apontem nesse sentido, e disse que só o artista francês poderia explicar a origem das declarações que proferiu.
A presidente do IC afirmou, ainda, que o estudo que está a ser feito por peritos chineses para a área da protecção do património, e que visa conciliar a protecção do património e o planeamento urbano, estará pronto no final de 2008 ou início de 2009, e que só após a conclusão do estudo se estará em condições de poder apresentar medidas.
Heidi Ho não fugiu a outro assunto que tem provocado alguma celeuma no território, com alguns jornais chineses a levantarem suspeitas sobre a transparência do concurso publico para a nova Biblioteca Central. A responsável máxima do IC garante que o processo foi "justo e aberto." Heidi Ho espera agora que este concurso fique concluído para, depois, ser aprofundada uma nova fase virada para os trabalhos arquitectónicos. "Vamos convidar os arquitectos locais para formar uma equipa no sentido de serem apresentados vários projectos, dos quais vamos seleccionar os melhores." Até ao momento, 45 arquitectos manifestaram interesse em participar neste concurso, mas a presidente do IC espera que todos os arquitectos locais possam e queiram participar. O prazo para inscrição termina no dia 23 de Junho.

CAIXA
DST nega recusa da UNESCO
em promover património de Macau


Apesar de o artigo com o título "UNESCO recusa promover o património de Macau" ter sido publicado na edição d'O Clarim da passada sexta-feira, dia 9 de Maio, só ontem houve reacções. No mesmo dia em que Heidi Ho, presidente do Instituto Cultural, afirmou que "não recebeu nenhum protesto", a Direcção dos Serviços de Turismo emitiu um comunicado em que "nega a existência de qualquer recusa por parte da UNESCO em Paris em promover o património de Macau."
A O Clarim, o pintor Charles Chauderlot disse que a responsável pela Representação da DST em França, Marie Pierre Bourdier, lhe confidenciou que "há lugares sensíveis que podem vir a ser excluídos da Lista do Património Mundial da Humanidade."
Agora, o comunicado da DST diz que "tanto a DST como o artista Charles Chauderlot negam ter havido qualquer menção de recusa por parte da UNESCO em Paris em promover o património de Macau e afirmam a inexistência de qualquer referência da UNESCO em relação à alteração do estatuto dos Locais do Património de Macau."
O documento acrescenta que "no ano passado, a DST recebeu uma proposta do seu escritório de representação em França para levar a cabo uma exposição à volta do tema do património de Macau em cooperação com o Charles Chauderlot, sendo a sede da UNESCO o local proposto pelo artista. Contudo, dado o relativamente demorado procedimento necessário à obtenção de autorização para a realização de qualquer exposição a decorrer na sede da UNESCO, a DST deu instruções à sua representação em França para procurar outro local para a mostra - estado em que se encontra de momento o projecto."

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