Imprensa estatal diz que número de mortos pode ultrapassar os 40.000
Tragédia é pior do que se esperava
Tragédia é pior do que se esperava
O sismo que atingiu segunda-feira o oeste da China causou mais de 14 mil mortos e cerca de 40 mil desaparecidos ou soterrados, de acordo com um novo balanço provisório divulgado ontem.
Li Chengyun, vice-governador da província de Sichuan, região onde foi localizado o epicentro do sismo, informou ontem, em conferência de imprensa, que 25.788 pessoas permanecem debaixo dos escombros, enquanto 14.051 foram dadas como desaparecidas e 14.463 morreram. Chengyun acrescentou que o número de feridos na província de Sichuan ascende a 64 mil pessoas.
A agência noticiosa estatal Xinhua avançou também com um novo balanço global provisório do número de vítimas mortais no país, referindo que o sismo causou 14.866 mortos. Além das 14.463 pessoas que morreram em Sichuan, 280 perderam a vida na província de Gansú, 106 em Shaanxi, duas em Henan, uma em Yunnan e 14 na região de Chongqing, segundo fontes oficiais citadas pela agência de notícias.
Entre as vítimas mortais, estão 178 estudantes de uma escola secundária que funcionava num edifício de três andares no distrito de Qingchuan, que caiu com o sismo e onde permanecem soterrados nos escombros 23 adolescentes.
Cidades devastadas, povoações com poucos sobreviventes, milhares de pessoas soterradas ou a precisar de alimentos e água, pontes e edifícios totalmente destruídos constituem o cenário que as equipas de socorro encontraram ontem ao chegarem a zonas até agora inacessíveis, relatou a imprensa estatal chinesa.
Depois da chuva de terça-feira ter dificultado o acesso a zonas destruídas, as notícias sobre os efeitos do sismo tornaram-se ainda mais preocupantes, com as equipas de salvamento perto do epicentro a darem conta que a dimensão real da tragédia na região montanhosa da província de Sichuan é pior do que se esperava.
"As perdas foram graves", afirmou Wang Yi, chefe de um destacamento da polícia enviado para a zona do epicentro, citado pelo ao Sichuan Online News.
"Em algumas cidades simplesmente não sobram casas. Todas foram deitadas abaixo", acrescentou.
Soldados e polícias só ontem conseguiram alcançar o coração da zona do desastre, com 100 pára-quedistas a aterrarem num distrito que se encontrava isolado e vários helicópteros a lançar mantimentos e material de auxílio como tendas, cobertores e equipamento de comunicação na zona.
Os relatos a partir da zona indicam que as equipas de socorro continuam a retirar corpos dos escombros e a encontrar feridos graves entre as ruínas, enquanto milhares de pessoas choram a perda de familiares.
Resgate dificultado
Os números da tragédia são impressionantes: mais de 5.400 mortos em Mianyang, mais de 5.000 em Beichuan, 3.000 em Mianzhu, 2.600 em Deyang, 500 em Wenchuan e centenas em Chengdu, capital da província.
As autoridades chinesas afirmaram à agência noticiosa Xinhua que uma equipa de resgate alcançou ontem Yingxiu a pé, onde encontrou uma situação "muito pior do que esperado".
Só na pequena cidade de Yingxiu, com cerca de 10.000 habitantes, pelo menos 7.700 pessoas morreram e apenas se encontraram 2.300 sobreviventes, referiu a agência estatal chinesa, citando um funcionário do governo local.
Gritos a pedir ajuda foram ouvidos de uma escola em ruínas em Yingxiu, onde pessoas tentaram desenterrar sobreviventes com as próprias mãos, relatou a imprensa estatal.
De acordo com a Xinhua, dois helicópteros lançaram alimentos, água potável e medicamentos em Yingxiu e outros três preparam-se para prestar assistência da mesma forma.
Por toda a província de Sichuan, milhares de pessoas estão desaparecidas ou enterradas entre os escombros de prédios, casas, escolas e fábricas que ruíram quando o sismo de magnitude 7,8 na escala de Richter atingiu a região.
Há equipas de socorro no terreno a tentar chegar por terra, caminhando até aos locais isolados onde é impossível chegar por via aérea ou de carro.
Os trabalhos de resgate foram dificultados pela chuva de segunda-feira e a Autoridade Meteorológica já alertou que o regresso da chuva no final da semana pode aumentar o risco de desabamentos de terra.
O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, anunciou ontem que 100.000 membros das forças militares e da polícia estão mobilizados para dar assistência às populações mais afectadas pelo sismo, segundo divulgou a Xinhua.
"Tempo é vida", disse às equipas de socorro. O primeiro-ministro chinês está a acompanhar pessoalmente e no local todos os trabalhos, visitando hospitais e dirigindo palavras de conforto e calma ao povo chinês.
Em 24 horas, cerca de 20.000 soldados acorreram à zona do desastre para ajudar a salvar pessoas e dar assistência aos feridos, à medida que aviões e carrinhas deixavam mais 30.000 efectivos nos locais mais afectados pela tragédia.
A rápida mobilização para a província de Sichuan reflecte a prioridade que a liderança chinesa atribuiu à eficiência da ajuda às populações, ao mesmo tempo que mostra ao mundo que está preparada para lidar com uma eventualidade semelhante durante os Jogos Olímpicos de Pequim, em Agosto.