Jorge Oliveira testemunho no processo movido por Richard Suen, em Las Vegas
Subconcessões foram necessárias
para salvar a Sands
Subconcessões foram necessárias
para salvar a Sands
Jorge Oliveira, coordenador da Comissão de Jogo, testemunhou na passada quinta e sexta-feira no tribunal do distrito de Clark, em Las Vegas, no âmbito do processo movido pelo empresário de Hong Kong Richard Suen, que reclama da Las Vegas Sands vários milhões de dólares por, alegadamente, ter ajudado a empresa a obter uma licença de jogo em Macau.
Segundo o relato feito pelo Las Vegas Review Journal, Oliveira disse em tribunal ter enfrentado, em 2002, um grande dilema: ou dividir a concessão entre a Las Vegas Sands e a Galaxy (que concorreram associadas ao processo de atribuição de licenças do Governo de Macau), ou recusar a ambas as empresas o direito de operarem casinos no território.
Perante esta situação, disse o responsável perante os jurados, a solução era óbvia: Oliveira contou ao tribunal como criou a subconcessão para a Las Vegas Sands em Dezembro de 2002, porque era "claro" que a empresa norte-americana teria condições para ganhar uma licença caso o concurso fosse reaberto.
Ainda de acordo com o testemunho de Jorge Oliveira, que fez parte da Comissão de Avaliação que seleccionou a parceria entre a Galaxy e a Sands como uma das três concessionárias em Fevereiro de 2002, corria-se o risco de, até ao final daquele ano, as regras da Comissão obrigarem à eliminação de ambas as empresas do processo. Isto porque, explicou, a Galaxy e a Sands não chegavam a acordo relativamente ao contratos entre as duas empresas. Oliveira afirmou que tentou mediar as negociações, mas sem conseguir chegar a bom porto.
"Estávamos num impasse e era uma situação muito difícil", disse. "Era tarde para reabrir o processo de concurso e tínhamos apenas duas concessionárias. A liberalização do sector pareceria ridícula", comentou.
Foi então que Jorge Oliveira teve a ideia de criar a figura da subconcessão, que atribuía os mesmos direitos de uma concessão. Oliveira disse que o conceito foi aprovado pelo Chefe do Executivo, Edmund Ho, ainda que uma subconcessão se viesse a traduzir em quatro operadoras, ao contrário do número que fora previamente acordado: três.
"Foi uma ideia minha e, daquilo que me apercebia, foi a melhor solução. Se a Galaxy e a Sands fossem eliminadas, teria sido um falhanço político para Macau."
Questionado por Rusty Hardin, advogado das Las Vegas Sands, Jorge Oliveira disse sexta-feira, tal como tinha dito na sessão do dia anterior, que o Governo chinês não controlou o processo de atribuição de licenças para casinos em Macau.
Parte do caso de Richard Suen assenta na alegação de que o empresário de Hong Kong moveu influências junto de altos dirigentes do Governo chinês para que a Sands fosse uma das empresas seleccionadas.
CAIXA
Galaxy não merecia licença, disse Jorge Oliveira
Galaxy não merecia licença, disse Jorge Oliveira
Na sessão da passada sexta-feira do julgamento que dura já há duas semanas, Jorge Oliveira revelou que, em Janeiro de 2002, a Comissão de Avaliação pediu a Arthur Andersen, representante de uma das 5 maiores firmas de contabilidade dos Estados Unidos, para que elaborasse um relatório onde fossem classificadas as empresas a concurso de acordo com critérios como a experiência na exploração de casinos.
Segundo o relatório confidencial que foi revelado na sexta-feira, a MGM Mirage, a parceria entre a Mandalay Resort Group e a Park Place Entertainment, e a Wynn Resorts ocupavam os três primeiros lugares da classificação. Em quarto lugar estava a Sociedade de Jogos de Macau, de Stanley Ho, e em quinto a parceria entre a Galaxy e a Las Vegas Sands.
No entanto, os nove membros da Comissão de Avaliação optaram por conceder licenças à Wynn, a Stanley Ho e à parceria Galaxy-Las Vegas Sands.
Em tribunal, Jorge Oliveira disse ainda desconhecer qualquer encontro entre o presidente da Las Vegas Sands, William Weidner, e Edmund Ho. De acordo com anteriores testemunhos prestados ao longo deste julgamento, terá sido o Chefe do Executivo a pedir à Las Vegas Sands para que entrasse no concurso com a Galaxy.
Questionado pelo advogado de Richard Suen, John O'Malley, Loliveira admitiu que a Galaxy não teria ganho uma licença se não concorresse associada à Sands.
"Foi atribuída à Galaxy uma licença que não merecia?", questionou O'Malley. "Sim", respondeu Oliveira.