6.5.08

Museu do Oriente abre quinta-feira com música, dança e exposições
Junto ao Tejo, voltado para a Ásia

O Museu do Oriente, que será inaugurado quinta-feira, em Lisboa, vai funcionar como um centro cultural e terá uma programação que inclui cinema, música, dança, teatro, além das exposições voltadas para a Ásia.
Instalado junto ao Tejo, num edifício construído nos anos 40 para receber os Armazéns Frigoríficos do Porto de Lisboa e agora totalmente recuperado, este projecto da Fundação Oriente vai ocupar uma área de 15.500 metros quadrados, com seis pisos à superfície e uma cave.
O museu, que tem como directora Natália Correia Guedes, apresenta duas exposições de carácter mais longo - "Presença Portuguesa na Ásia" e "Deuses da Ásia" - e uma exposição temporária, "Máscaras da Ásia".
A primeira exposição tem 1.400 peças alusivas à presença portuguesa no Oriente (essencialmente obras adquiridas pela Fundação ao longo de 20 anos) e a exposição "Deuses na Ásia" reúne 650 peças da colecção Kwok On (instrumentos musicais, marionetas, pinturas, porcelanas e lanternas, por exemplo).
A colecção Kwok On é constituída por mais de 13 mil peças de arte popular de toda a Ásia, que serão expostas em ciclos.
Na galeria de exposições temporárias ficará durante seis meses a mostra "Máscaras da Ásia", composta por mais de 200 máscaras da Índia, Sri Lanka, Tailândia, China, Coreia e Japão.
A partir de Setembro, haverá uma outra exposição temporária com obras de jovens pintores chineses.
Nos primeiros dias, o Museu do Oriente vai apresentar uma peça musical desenvolvida pelo pianista Mário Laginha, que convidou alguns instrumentistas orientais (do Vietname, da Índia e do Japão) para o acompanharem.
Música e danças tradicionais de Goa, música chinesa em instrumentos ocidentais e um espectáculo de marionetas também fazem parte do programa inaugural.
Uma parte do Monstra - Festival de Animação de Lisboa vai decorrer nas instalações do museu de 10 a 18 de Maio.
Nos dois primeiros dias (10 e 11) será apresentada uma retrospectiva do japonês Osamu Tezuka. Do programa deste
festival consta ainda um ciclo dedicado ao Oriente por cineastas do Ocidente.
No início de Junho, o Museu do Oriente apresenta um espectáculo de teatro e outro de dança integrados no Alkantara Festival.
O Museu do Oriente tentou criar parcerias com eventos que já têm uma tradição na cidade, como é o caso destes festivais, apresentando "a componente oriental" das suas programações, segundo um responsável da Fundação Oriente.
Para a programação do primeiro mês foi ainda anunciado um espectáculo com a fadista Ana Moura, no dia 17.
O Museu do Oriente tem também actividades lúdicas e pedagógicas, a cargo do Serviço Educativo, incluindo visitas guiadas gerais e temáticas.
Estão previstos cursos de línguas orientais, workshops de yoga, de cozinha vietnamita ou de "chá com arte", a par de ateliers de pintura e caligrafia e de actividades para crianças.
Nos primeiros dias, os mais novos podem aprender com elementos do grupo Ekvât, de música tradicional de Goa, passos de uma dança de curumbins e canções em concani (língua falada em Goa) ou ainda experimentar os trajes típicos.
O edifício da zona portuária de Alcântara foi totalmente remodelado para acolher as várias componentes do museu, num projecto que ficou a cargo dos arquitectos Carrilho da Graça e Rui Francisco, com um pequeno jardim concebido por Gonçalo Ribeiro Telles.
Na cave, ficam instalados o centro de documentação (que pretende constituir uma referência na pesquisa de informação sobre a Ásia e as suas relações com Portugal) e uma cafetaria.
Os três primeiros pisos são destinados às exposições, no terceiro piso ficam as reservas e áreas técnicas afectas ao acervo museológico e acima estão o centro de reuniões (com cinco salas), o auditório com 360 lugares e um restaurante com vista sobre o Tejo.
Segundo Carlos Monjardino, presidente da Fundação Oriente, os custos deste projecto situam-se entre os 25 milhões e os 30 milhões de euros.
O Museu do Oriente terá entrada gratuita nos dias 9, 10 e 11 para todos os eventos, excepto os concertos de Mário Laginha.
Depois, o preço normal de entrada é de quatro euros, mas há descontos para jovens e idosos e há também bilhetes mais baratos para grupos e para famílias.
O museu está aberto das 10:00 às 18:00, mas à sexta-feira prolonga o seu funcionamento até às 22:00, sendo a entrada gratuita neste horário. Às terças-feiras encerra.


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A colecção Kwok On

A Colecção Kwok On tem origem numa doação, feita em 1971, a Jacques Pimpaneau, pelo senhor Kwok On, de um conjunto de marionetas cantonenses, instrumentos musicais, livros e objectos diversos.
Esta doação viria a servir de ponto de partida para uma associação/museu fundada em Paris, o Museu Kwok On, criado por Jacques Pimpaneau que, desde logo, se propôs aumentar a colecção.
Os objectos que reuniu são originários de um espaço geográfico que se estende da Turquia ao Japão e que incluía, em 1999, ano em que a colecção foi doada à Fundação Oriente, mais de 10.000 peças.
Trata-se de uma colecção que, respeitando apenas à etnologia cultural, foi, em princípio, orientada para todas as formas de teatro na Ásia. Posteriormente, o âmbito foi alargado a todos os géneros que transmitem os mitos e os relatos da cultura comuns às grandes civilizações asiáticas.
Reúne, também, o que diz respeito aos espectáculos: trajes, máscaras, instrumentos musicais, acessórios, teatros de sombras e de marionetas, uma vez que estes, na Ásia, representam as mesmas peças que o teatro de actores, tendo, por vezes, um carácter mais sagrado.
A colecção engloba, ainda, pinturas e gravuras que ilustram mitos e histórias, bem como os rituais de encenação: representações antropomórficas ou simbólicas de divindades, estátuas, imagens, altares e acessórios de celebrantes.
Hoje, a colecção compreende mais de 13.000 objectos. Entre os mais interessantes, poder-se-ão destacar todos os estilos de teatros de sombras e de marionetas asiáticas, com particular realce para uma colecção de cabeças de Bunraku e de sombras indianas, únicas no Ocidente, vários altares da religião popular chinesa e um conjunto de máscaras que permitiu, em 2006, apresentar pela primeira vez na Europa, na Abadia de Daoulas (França), uma exposição que pretendia mostrar que as máscaras da Ásia merecem a mesma atenção do que as de África e as da Oceânia.
De acordo com a Fundação Oriente, o espírito desta colecção é, antes de tudo, eminentemente educativo. Ela é complementada por uma mediateca que inclui livros, revistas e registos sonoros e visuais.

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