Ponha na agenda: visitar Xangai em 2010
com intervenção portuguesa…
A Expo98 foi há 10 anos, mas os frutos ainda se vêem: a Parque Expo vai ajudar a reconstruir o espaço da futura Expo2010 em Xangai
João Paulo Meneses
putaoya@hotmail.com
com intervenção portuguesa…
A Expo98 foi há 10 anos, mas os frutos ainda se vêem: a Parque Expo vai ajudar a reconstruir o espaço da futura Expo2010 em Xangai
João Paulo Meneses
putaoya@hotmail.com
Xangai será certamente muito procurada pelos habitantes de Macau daqui a dois anos (estão previstos 70 milhões de visitantes). Nessa altura estará já aberta a Expo-2010 que se realiza nesta cidade, mais concretamente na zona de Pudong.
O que muitos habitantes de Macau não saberão é que há uma empresa portuguesa responsável por aquilo que será o pós-expo, uma vez que as autoridades municipais de Xangai pretendem que a iniciativa sirva para requalificar uma zona actualmente muito degradada e que passará a ser parte integrante da cidade. No fundo, tal como aconteceu – e acontece presentemente – com a zona da Expo 98, em Lisboa.
É por isso – porque os responsáveis chineses consideram que esse modelo deve ser seguido – que a entidade gestora da zona da Expo 98, a Parque Expo, assinou um contrato com a Câmara de Xangai para assegurar a gestão e dinamização dos 550 hectares (bastante maior do que Lisboa, portanto) que receberão a Expo-2010, a partir de um de Maio e até 31 de Outubro.
Responsáveis de Xangai e técnicos da Parque Expo deslocaram-se quer a Lisboa quer a Xangai, durante cerca de dois anos, para acertarem a colaboração. Primeiro foi elaborado um memorando de entendimento, para ser desenvolvido, no ano passado o acordo foi alcançado e assinado um contrato de prestação de serviços; a Parque Expo ficará responsável quer pela consultoria geral do espaço depois da festa terminar, o que significa que também intervirá em áreas mais específicas como projectos para espaços públicos, articulação entre o projecto da exposição e o projecto urbano ou até estratégias para o projecto de comercialização imobiliária.
Xangai quer que a zona que nos últimos anos esteve ocupada por estaleiros desocupados, por uma velha siderurgia e onde viviam cerca de 15 mil pessoas em bairros degradados, seja uma demonstração de «uma melhor cidade, uma melhor vida» - esse é o tema da Expo (na medida em que todas as exposições reconhecidas pelo Bureau International des Expositions têm um tema).
Intervenção do governo
A Parque Expo é a única empresa portuguesa com certificação para preparação, concepção e gestão de projectos de espaços públicos e uma das poucas que na Europa se movimenta nesta área.
Possui um cartão de visita que lhe tem trazido muitas encomendas – o Parque das Nações, onde se realizou há dez anos a Expo 98. Com isso tem conseguido trabalho em lugares tão diferentes como a Argélia, o Brasil, Espanha ou Angola.
Quer por interesse chinês quer por interesse dos governos portugueses, a hipótese de colaboração com Xangai começou a desenhar-se há vários anos – basicamente mal foi anunciado que a cidade chineses pretendia requalificar uma zona degradada e que espaços criados para a Expo seriam depois aproveitados para a viabilização do projecto.
O governo português interveio a vários níveis e conseguiu pôr em contacto as duas entidades – Sócrates esteve na zona durante a última visita. Da parte chinesa, embora existissem algumas dúvidas sobre a dimensão da empresa portuguesa, registou-se sempre abertura para formalizar essa colaboração.
Sem chegar às grandes obras
São grandes empresas da Alemanha, França ou Grã-Bretanha que estão responsáveis pelos projectos de engenharia que suportam as muitas infra-estruturas a criar na zona da Expo (junto ao rio Huang Puo), nomeadamente diversas estradas e auto-estradas. Mas também os próprios pavilhões. E já mais de 200 os países que confirmaram a presença, o que significará mais de cem pavilhões certamente.
As empresas portuguesas da área da engenharia e consultoria de obras públicas chegaram tarde à Expo2010, mas existe alguma expectativa de que na fase posterior, a da adaptação do espaço às exigências de uma cidade que ali nascerá (por influência da Parque Expo) possam aparecer oportunidades de negócio.
Embora não tivesse sido possível apurar pormenores em concreto, junto da Parque Expo, é provável que à medida que 2010 se aproxime mais técnicos portugueses se desloquem para Xangai.
Um português no júri
Portugal terá um pavilhão próprio na Expo 2010, tal como foi prometido pelo governo. Faltam dois anos mas – tanto quanto foi noticiado – não há ainda comissário escolhido (nem portanto o tema a focar).
Esta, contudo, não será a única participação portuguesa na Expo de Xangai. Tanto quanto se pode ler na página oficial, no júri internacional que escolheu a mascote, constituído por 11 pessoas, estava um português – cuja identificação não foi possível obter (apenas que no júri estavam chineses, um japonês, um italiano e o português).
A última exposição foi em 2005, também na Ásia (em Aichi, no Japão) e este ano realiza-se em Saragoça, Espanha. Depois é Xangai, em 2012 é a Coreia do Sul que organiza (em Yeosu) e a última anunciada será em Itália.
Entre 1993 (Coreia do Sul) e 2012 (Coreia do Sul) realizaram-se ou estão previstas realizar-se sete exposições universais, quatro na Ásia (duas na Coreia, uma no Japão e a de Xangai) e três na Europa (Lisboa, Alemanha e Saragoça), acentuando uma aposta da Ásia mais extrema nestas iniciativas e mostrando que, com uma ou outra excepção (uma no Canadá, outra nos Estados Unidos e outra na Austrália, entre 1984 e 1988), estas são iniciativas que interessam sobretudo aos continentes europeus e asiáticos.
Faltam 705 dias para começar a Expo em Xangai.