Queda do dólar norte-americano leva investidores de Macau e Hong Kong a apostar no renminbi
Poupanças ficam no lado de lá
Poupanças ficam no lado de lá
A valorização do renminbi e as taxas de juro praticadas pelos bancos chineses estão a fazer com que muitos habitantes de Macau, Hong Kong e mesmo Taiwan comecem a abrir contas bancárias no continente.
Na sua edição on-line, a Asia Times adiantava que nem as restrições que o governo chinês impõe à circulação de capital demovem os investidores da RAEM e da RAEHK de atravessarem a fronteira e escolherem o renminbi como moeda para as suas contas. A desvalorização do dólar de Hong Kong - ao qual a pataca está indexada -, por influência do dólar norte-americano ao qual está indexado, leva a que os habitantes do território vizinho sejam os que em maior número recorram aos bancos chineses. Francês Cheung, economista de Hong Kong, prevê que o renminbi registe um ganho de cerca de 15% face ao dólar americano.
Em Macau, o problema dos investidores locais parece ser a elevada inflação. Só no mês de Março, os preços no consumidor aumentaram 9,49 por cento comparativamente a Março de 2007. No primeiro trimestre deste ano, a taxa de inflação em Macau foi de 9,09 por cento. Ambos os valores foram os mais elevados desde 1991.
A agravar a subida da inflação está a estagnação das taxas de juro a níveis muito próximos do zero. A Asia Times publica o testemunho de um residente no território, de 48 anos, dizendo que, "com a taxa de juro para a pataca muito baixa e com esta inflação, se fizer um depósito num banco local, perco dinheiro." Assim, conta, "eu e a minha mulher decidimos abrir uma conta em Zhuhai."
Desde Julho de 2005 que o renminbi valorizou 13% face à pataca, e está previsto que os ganhos da moeda chinesa em relação à moeda local atinjam um valor de 9% anualmente.
No artigo, a Asia Times cita ainda uma trabalhadora de um banco de Macau (que pediu para não ser identificada), que afirma que no banco onde trabalha houve um aumento de 230% nos pedidos de renminbis só nos dois primeiros meses do ano, e de 110% no depósitos na mesma moeda. A mesma fonte acrescenta que o envio de renminbis para a China por parte de trabalhadores originários daquele país cresceu em cerca de 300% em Macau.
também nos dois primeiros meses do ano.
No entanto, nem todos os residentes parecem estar preparados para colocar todo o seu dinheiro em contas no continente. Chan, que recebe uma renda fixa através de propriedades em Gongbei, Zhuhai, afirma que não está a converter as patacas em renminbis. "Tenho a minha conta em renminbis em Zhuhai, mas não penso converter as patacas que tenho. Normalmente, os bancos de Macau cobram uma taxa pelas remessas enviadas e, além do mais, a reputação das instituições bancárias do continente deixam a desejar", comentou.
Em Hong Kong, as instituições bancárias já reconheceram a situação, e estão agora a ajudar os clientes a transferir as suas poupanças. Uma medida que pode ir contra os regulamentos chineses, que requerem que o cliente deve estar presente no momento da abertura de uma conta.
Há, contudo, outro factor apresentado como justificação para este fluxo de investimento nos bancos chineses: é o facto de ter havido um corte significativo no valor das taxas de juro em Hong Kong, onde já há bancos que pura e simplesmente não pagam juros a depósitos abaixo dos 5 mil dólares de Hong Kong.
Actualmente, na RAEHK os juros para depósitos em renminbis variam entre os 0,4% e 0,8% por ano, ao passo que na China o valor pode atingir os 5 pontos percentuais em igual período de tempo. Já nos depósitos a 3 meses, em Hong Kong a taxa de juro pode ir ate aos 0,68%, contra os 3.33% que os bancos chineses oferecem.