21.5.08

Reunião acontece hoje e tem por tema os angariadores de jogadores
Governo convoca concessionárias do jogo

O Governo reúne hoje com os seis operadores de casino para tentar chegar a uma plataforma de acordo das comissões pagas aos angariadores de jogadores, entre outros temas ligados ao sector do jogo.
Fonte do sector disse à agência Lusa que o encontro, agendado para meio da tarde, é uma consequência da decisão política assumida recentemente pelo Chefe do Executivo na Assembleia Legislativa de "regular de forma mais eficaz" o sector do jogo em casino permitindo assim um "desenvolvimento sustentável" das operações.
"Temos assistido à escalada do valor das comissões que pagamos aos ´junkets´ (angariadores de grandes jogadores) - que acaba por beneficiar esses operadores mas não as nossas empresas", explicou um operador à agência Lusa.
O mesmo responsável acrescentou que a reunião com o Governo pode ser positiva para todas as partes porque pode resultar num consenso generalizado.
"Se conseguimos chegar a um acordo entre todos sob a mediação do Governo então haverá um maior equilíbrio e todos nós teremos oportunidade de apresentar argumentos aos nossos clientes", disse.
"Se isso não acontecer, ou há uma intervenção directa do Governo na regulação forçada do mercado ou a instabilidade do sector pode vir a ser prejudicial", acrescentou.
Actualmente a generalidade dos operadores de casino paga aos "junkets" uma comissão de 1,35 por cento sobre o valor apostado na mesa pelos grandes jogadores, o que traduz cerca de 45 por cento do lucro do casino.
Por cada 100 patacas apostadas nas mesas, apenas um valor entre 2,7 patacas e três patacas fica nas mãos do operador de jogo que tem ainda de pagar 40 por cento de impostos ao Governo e vê assim a sua margem reduzida a pouco mais de 15 por cento das receitas brutas.
Na reunião, será também discutido, acrescentou ainda a fonte, o número de espaços de jogo a abrir nos próximos meses em Macau.


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Promotores de jogo exercem cada vez mais influência nos resultados dos casinos
"Junkets" com os ases na mão

Os "junkets" (promotores de jogo) estão com as melhores cartas na mão e os casinos estão a ser obrigados a ir a jogo segundo as regras ditadas pelos angariadores. É esta a leitura que alguns analistas ouvidos pela Reuters fazem da situação da indústria que mais riqueza traz a Macau.
Tome-se o exemplo da Venetian, o maior casino do mundo, explorado pela Las Vegas Sands. Gary Pinge, analista do sector do jogo da Macquaire, relaciona as perdas anunciadas pela empresa nos primeiros quatro meses deste ano com o facto de a concessionária ter tentado manter uma taxa de comissões pagas aos "junkets" demasiado baixa. Isto, explica Pinge, porque a Venetian acreditava que o mega-empreendimento, por si só, atrairia os desejados clientes VIP. "No entanto, subestimaram a influência que os angariadores de jogadores podem ter nos clientes VIP. Apenas depois começaram a aumentar as comissões", e isso reflectiu-se nas contas. Segundo os últimos resultados, os lucros caíram 23 por cento até Abril, o que significou uma perda de 11,2 milhões de dólares norte-americanos.
As "angústias" reveladas pela Sands ao ter cedido e aumentado as comissões dos "junkets" são uma prova de como estes promotores estão a exercer a sua influência junto das concessionárias do jogo de Macau.
De facto, os casinos dependem dos "junkets", os responsáveis pelo contínuo fluxo de, maioritariamente, grandes apostadores chineses do continente, com quem têm relações duradouras.
Actualmente, estas relações entre "junkets" e VIP são ainda fomentadas pelas restrições em torno da moeda chinesa. Uma vez que os residentes na China podem sair do país apenas com um valor máximo de 20 mil renminbis, é natural que necessitem da ajuda de "junkets" para conseguirem o milhão de dólares de Hong Kong que os habilita a tratamento VIP.
E, como observam os especialistas, em Macau, ao contrário de Las Vegas, é o mercado VIP, e não o mercado de massa, que reina.
Ryan Tsang, da Standard & Poor's, antevê que a relação "difícil" com os "junkets" vai passar por novos capítulos de "pressão", quando, em 2009, abrirem os primeiros de uma série de investimentos no Cotai. "Isto vai aumentar a pressão nos novos e nos casinos já existentes", prevê.
De acordo com a Reuters, os casinos já dão sinais de "pressão" e de algum "excesso" de mercado ou concorrência. Em 2002, as receitas diárias por mesa de jogo rondavam uma média de 22 mil dólares norte-americanos. Em 2008, esse valor desceu para cerca de 12 mil dólares.

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