Adeptos perspectivam dificuldades de Portugal no Euro2008 | Favoritos: Itália, Alemanha e Holanda
Primeira fase não será nada fácil
As opiniões dividem-se entre os adeptos de futebol residentes em Macau. Mas uma maioria não tem plena confiança na equipa de Scolari. Tudo vai depender das exibições e resultados da primeira fase da prova. E pode haver equipas sensação, como Croácia, República Checa e até a Suíça
Vítor Rebelo
rebelo20@macau.ctm.net
Primeira fase não será nada fácil
As opiniões dividem-se entre os adeptos de futebol residentes em Macau. Mas uma maioria não tem plena confiança na equipa de Scolari. Tudo vai depender das exibições e resultados da primeira fase da prova. E pode haver equipas sensação, como Croácia, República Checa e até a Suíça
Vítor Rebelo
rebelo20@macau.ctm.net
Fomos ao encontro de alguns amantes do “desporto-rei” residentes na RAEM. Deram a sua opinião sobre o que pode acontecer no Campeonato da Europa, que arranca já amanhã à noite, com dois desafios do Grupo A, o de Portugal.
Na maior parte das vezes as antevisões falham e muito principalmente no Europeu, considerado muito mais equilibrado do que um Mundial. Ou seja, no Euro não é muito vulgar acontecerem goleadas ou resultados desnivelados. Daí as grandes dificuldades para qualquer uma das 16 selecções, apesar de haver sempre favoritos.
PONTO FINAL ouviu declarações de alguns adeptos, dois deles “estrangeiros mais do que localizados”. Um francês e um italiano. Afinal representantes de países com grandes tradições futebolísticas e, mais do que isso, com títulos em europeus e mundiais.
Falaremos deles mais à frente.
Prioridade para a “nossa selecção”. Portugal volta a estar numa fase final e nos últimos anos o balanço tem sido extremamente positivo.
Depois da desilusão do Mundial de 2002, com a selecção treinada por António Oliveira a ficar-se pela primeira fase (estagiou em Macau e deixou uma imagem nada famosa), vieram duas participações de grande nível.
No Euro 2004, que Portugal organizou, a formação já treinada pelo brasileiro Luis Filipe Scolari, atingiu a final, tendo sido derrotada pela surpreendente Grécia.
No Mundial de 2006, na Alemanha, Portugal chegou às meias-finais e aí foi ultrapassada (mais uma vez…) pela França.
Agora espera-se que à terceira seja de vez. Que Cristiano Ronaldo e companhia levam o troféu para casa.
O primeiro diagnóstico é feito pelo médico Humberto Évora, um antigo jogador do futebol de Macau. Vestiu a camisola do Vá Seng e foi um ano campeão. Recordou-nos, por curiosidade, que participou numa das eliminatórias da Liga dos Campões Asiáticos, tendo perdido na Coreia do Sul por 9-1.
Relativamente ao Europeu e à selecção de Portugal, concorda com a disciplina imposta por Scolari: “Penso que, face à juventude da equipa, ele (treinador) é bom para disciplinar. E tem conseguido. Só que falta um “matador” nesta selecção nacional, uma vez que apresenta uma defesa sólida e um bom meio-campo. Lá na frente é que as coisas se complicam. Tenho pena que não tenha havido uma aposta em Makukula, até mesmo no Benfica. Não vejo que Nuno Gomes vá resolver alguma coisa. Aposto em Hugo Almeida, pela sua compleição física. A Turquia vai ser muito difícil e eu preferia encaixar noutro tipo de futebol, a Inglaterra ou Alemanha, por exemplo.”
Nestor Ribeiro, durante muitos anos realizador na TDM e depois responsável pelo departamento de programas, está de “malas feitas” para regressar a Portugal, onde o espera a continuação da carreira na RTP, a cujos quadros sempre pertenceu.
É um aficionado do desporto e do futebol em particular. Por isso faz a seguinte análise/antevisão: “Por aquilo que me tenho apercebido, Scolari está a testar Cristiano Ronaldo na posição de ponta-de-lança e isso pode limitar muito a selecção. Na minha opinião é preferível ele actuar no flanco e actuar em velocidade. Se for na área terá uma marcação maior e pouco espaço de manobra. Tenho muitas reservas na equipa. O jogo diante da Turquia vai ser fundamental, mas o nosso futebol não me parece encaixar bem com o turco. Preferia os ingleses. Mas podemos ir longe se conseguirmos passar o grupo. Alemanha e Itália são favoritos, mas igualmente a Holanda está forte.”
Para Nuno Rodrigues, que está agora a trabalhar no “Turismo de Negócios”, após alguns anos no MEAGOC e no MAIGOC (organização dos Jogos da Ásia Oriental e Jogos da Ásia em Recinto Coberto), Portugal não terá grandes hipóteses de brilhar no Campeonato da Europa.
“Tem havido um enorme mediatismo à volta da selecção e quando isso acontece é difícil não evitar desgaste e pressão. E penso mesmo que a Federação está a conduzir mal a situação. Há uma má gestão. Ora os jogadores são isolados, ora treinam com uma assistência de 12 mil pessoas. Há o risco dos jogadores se deslumbrarem, dado o exagero de entusiasmo. Coloco Portugal na lista de “outsiders”, ao lado de Croácia, República Checa e Espanha.”
Francisco Rosário, macaense, é o capitão da equipa sensação da última temporada do futebol de onze de Macau, o Hoi Fan, terceiro classificado da I Divisão. Acompanha também o futebol de alto nível e, claro, está a torcer por Portugal: “Coloco talvez Portugal no mesmo nível de Itália, França e Holanda. Tudo vai depender da primeira fase. O grupo parece fácil mas não é. E atenção à Suíça que para mim pode vir a ser um “outsider” muito perigoso. Temos é que ganhar à Turquia. O Cristiano Ronaldo está em grande forma e por isso há que o aproveitar para marcar golos, já que é habitual Portugal ter dificuldades lá na frente. Gosto igualmente da Holanda, acho que tem uma boa selecção.”
Deixámos para o fim, então, dois estrangeiros há muitos anos a viver em Macau.
Um “é campeão do mundo”, o italiano Fabrizio Crocce.
“A Itália pode voltar a estar a um nível alto, até melhor do que no Mundial. Tem três ou quatro jogadores que marcaram muitos golos no campeonato. O veterano Del Piero, Toni, Quagliarella e Di Natali. Apesar da ausência por lesão do defesa central Canavarro, penso que não haverá problemas. Mas o nosso grupo é muito forte e o primeiro jogo é logo com a Holanda, apesar de nos darmos bem com os holandeses. Considero Portugal um “outsider”. Alemanha é sempre difícil de bater. E depois temos a República Checa, a França. Poderá ser um bom Europeu, pois há por aí bons jogadores.”
O outro é francês, Guy Lesquoys, pelos vistos mais confiante na selecção de Portugal do que na “sua” França: “Sim, não tenho grande confiança na equipa de Domenech. Antes tínhamos o Zidane e outros, que faziam a diferença. Agora, com a nova geração é mais complicado. Vamos ver o valor real de jogadores como Benzema, Ben Arfa, Toulalan, Ribery, ao lado de vedetas como Thierry Henry, Makelele e Patrick Vieria, se este jogar uma vez que se encontra lesionado. Acredito mais em Portugal, mas não gostaria que os dois se defrontassem de novo. É que o meu coração fica dividido. Itália, Alemanha e Holanda, são os meus favoritos. A Croácia vai ser sensação.”