Jogos da selecção em directo nos ateliers da Casa de Portugal
Luxo Asiático
A comunidade portuguesa radicada na RAEM ‘arrisca-se’ a ser aquela que vai ficar melhor instalada das centenas de claques e grupos que pelo mundo fora para assistir aos jogos da selecção das quinas. O ‘Tele Estádio’ vai fica nas magnificas novas instalações em São Lázaro e as portas abrem às 2:15 da manhã de domingo
Alfredo Vaz
Luxo Asiático
A comunidade portuguesa radicada na RAEM ‘arrisca-se’ a ser aquela que vai ficar melhor instalada das centenas de claques e grupos que pelo mundo fora para assistir aos jogos da selecção das quinas. O ‘Tele Estádio’ vai fica nas magnificas novas instalações em São Lázaro e as portas abrem às 2:15 da manhã de domingo
Alfredo Vaz
Em Lisboa eles têm a zona ao ar-livre da EXPO e em Viena de Áustria está instalado o Fan Park para quem não tem bilhetes para entrar nos estádios, que há muita viram a lotação esgotar. Nós, cá nosso cantinho da Ásia, temos o antigo Albergue da Santa Casa, no Bairro de São Lourenço, remodelada em estilo Court Yard chinês – com um lindíssimo jardim central – e as janelas das casas viradas precisamente para a área ajardinada. Foi este ‘mimo’ da arquitectura - que é ao mesmo temo um ‘hino’ ao bem estar - o local escolhido pela Casa de Portugal para os jogos da selecção portuguesa na fase de grupos. Sob os lemas ‘Junta-te a nós, não fiques em casa’ e ‘Veste-te a rigor e vem gritar: Força Portugal’
O ensaio geral para um mês que se quer tão longo quanto Portugal conseguir ou puder, acontece já amanhã à noite, ou melhor, a partir das 2:45 da manhã, hora prevista para soar o apito inicial do Portugal vs Turquia, o jogo de estreia da selecção das quinas no Euro 2008. Os portões abrem meia hora antes, a partir das 2:15, para dar tempo para aquelas rotinas da tribo do futebol: entrar em sprint para guardar os melhores lugares (não vale marcar para mais do que um acompanhante de cada vez , disse ao PONTO FINAL um auto intitulado ‘observador escrupuloso’; tirar as medidas à plateia e lembrar aos adversários clubistas que as hostilidades só cessam ao apito inicial, e são reabertas – no limite – mal soe o apito final; fazer as últimas apostas a crédito do subsídio suplementar de Julho (apostas em géneros, e nunca mais valiosos do que MOP 500) e apanhar a cerveja gelada que vamos verter pela goela seca naquela parte da letra do hino em que – teimosamente – a memória insiste em nos deixar ficar mal.
Diz um comunicado da CPM que a instituição “providenciou no sentido de que possam ser consumidas pelos pressentes, no decorrer das transmissões, bebidas e comidas ligeiras, de forma tornar mais confortável e animada a festa com a selecção de todos nós.” Apesar dos horários (o jogo com a República Checa é à meia noite de quarta-feira, e o Suíça Portugal às 2:45 de domingo para segunda-feira) a direcção da CPM apela “para que todos façam um esforço e se juntem nos Ateliers de São Lázaro no apoio festivo à nossa selecção”, desafia a CPM.
Carlos Couto, dirigente da CPM, diz sentir que desta vez “há condições para que possa haver convívio.” O arquitecto sabe bem do que está a falar: esteve na linha da frente dos dinamizadores de claques de apoio a Portugal na três últimas grandes competições internacionais em que participou a equipa das Quinas. Em 2002, a experiência no Mundial Coreia/Japão foi cara, desportivamente má, e pouco sucedida na mobilização do grupo. Em 2004, enquanto Portugal se unia na organização da prova e apoio fervoroso à equipa, por estas paragens também sobrava entusiasmo, mas faltava um lugar que ‘puxasse’ 12º jogador. A CPM ainda fez esforço arrendando uma sala na Torre, mas Portugal perdeu, e os adeptos foram perdendo as suas mágoas por outros lugares com menos vertigem. Sem certezas quando à vontade dos portugueses se reunirem em comunidade para assistirem aos jogos da selecção, a CPM deixou que o ‘mercado’ se regulasse a si próprio e nos seus lugares de escolha. Mas como a campanha ia boa e empolgava, o Cônsul Moutinho de Almeida abriu as portas do ‘seu’ Bela Vista para vermos dali a chegada à final de Munique. Mas a equipa das quinas não conseguiu ir mais longe, e Moutinho deixou-se sobressaltar pelo ‘fantasma da superstição’: “Abri as portas da minha residência por duas vezes, e Portugal perdeu em ambas. Primeiro foi quando estava em Timor e nos juntámos em minha casa para ver aquela meia-final com a França, de triste memória” (mão na área de Abel Xavier, penalidade convertida por Zidane). A outra foi há dois anos no Mundial da Alemanha e voltámos a perder. Desta vez não caio na ‘malapata’” disse ao PONTO FINAL, soltando uma gargalhada semi-contida. O Cônsul aproveitou para “saudar a iniciativa” e prometeu estar presente sempre que lhe for possível: “gosto de futebol, sou do norte”, exclamou Moutinho de Almeida.
Entre “as condições” que Carlos Couto diz estarem agora reunidas conta-se a reposição de líquidos, condição indispensável à boa prestação dos atletas de bancada, sujeitos a níveis de humidade desumanos. Para alem da água – que os arrendatários do espaço garantem não ser tirada do poço do jardim – e de outras bebidas de cores diversas, o ‘drink’ da noite é a cerveja. Que ainda por cima é grátis. É que a selecção das quinas tem a Sagres como patrocinador oficial, a selecção de apoio de Macau tem um patrono chamado Fernando, popular açoriano representante da Super Bock em Macau. “Oferece 10 caixas por cada golo que Portugal marcar, um gesto simpático” considerou Carlos Couto. Mas que traz água no bico, no caso, cerveja: “Pois é verdade, ofereço sim senhor 10 caixas – 124 cervejas – por cada golo que Portugal marcar aos turcos. Mas é cada golos a mais, se perderem ou empatarem nem que seja 20 a 20, fica seco”, disse ao PONTO FINAL com o seu sorriso malandro de marca.