Assembleia Geral decidiu por unanimidade; Rui Rocha assume nterinamente a presidência
Accionistas do IPOR
exoneram Helena Rodrigues
Accionistas do IPOR
exoneram Helena Rodrigues
Os accionistas do Instituto Português do Oriente (IPOR) exoneraram Helena Rodrigues do cargo de presidente da instituição por considerarem não estarem reunidas as condições para a sua continuidade, revela um comunicado enviado ontem à Lusa em Macau.
No comunicado, o presidente da Assembleia Geral do IPOR e da Fundação Oriente, Carlos Monjardino, revela que numa reunião realizada segunda-feira, em Lisboa, aquele órgão "deliberou, por unanimidade, dar por findo o mandato de Helena Rodrigues, exonerando-a do cargo".
A exoneração tem efeitos imediatos e foi tomada por "não estarem reunidas as condições exigíveis para o normal exercício das funções para que foi designada" em Dezembro de 2005, acrescenta.
Contactada telefonicamente pela Lusa, Helena Rodrigues disse que a sua exoneração lhe foi comunicada por carta entregue pessoalmente, em Lisboa, por Carlos Monjardino, escusando-se "por agora" a fazer qualquer comentário sobre a decisão dos accionistas do IPOR.
Fonte do IPOR disse à Lusa que o delegado da Fundação Oriente em Macau, Rui Rocha, assume interinamente o cargo de presidente do IPOR, ficando encarregue da gestão corrente e de uma nova análise às contas do instituto para que "até ao final de Junho, início de Julho, seja aprovado um orçamento para o corrente ano".
A Fundação Oriente detém 44 por cento do capital do IPOR, de que o Instituto Camões (IC) é accionista maioritário, com 51 por cento.
A "crise" no IPOR foi desencadeada quando Helena Rodrigues admitiu publicamente não ter dinheiro disponível para pagar em Maio os vencimentos de cinco leitores de português na China e da própria direcção, responsabilizando o IC pelos problemas financeiros do instituto.
No início de Junho, a presidente do IC, Simonetta Luz Afonso, recusou culpa na falta de verbas do IPOR e disse que aguardava, desde Dezembro de 2007, um "orçamento revisto, ajustado e justificado face à redução de áreas de actuação e responsabilidade propostas pela presidente do IPOR".
A troca de acusações levou mesmo Helena Rodrigues a pedir a demissão da presidente do IC.
As notícias sobre a situação financeira do IPOR surgiram dias depois de o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, João Gomes Cravinho, ter afirmado em Macau, em Maio, que o Governo português se prepara para anunciar um novo plano de divulgação da língua e cultura portuguesas no estrangeiro.
Criado em 1989, o IPOR está a ensinar a língua e cultura portuguesas na Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) a mais de 1.300 alunos, grande parte dos quais pertencente aos quadros dos serviços da Administração Pública.
Com quatro níveis de ensino - iniciação, elementar, intermédio e avançado - nos cursos gerais e dois cursos dirigidos a públicos específicos - um para as Relações Económicas entre a RAEM e os Países Lusófonos e outro centrado no Património e Turismo -, o IPOR conta com sete professores a tempo inteiro e cinco a tempo parcial.
Actualmente, o IPOR dá apoio a cinco universidades do continente chinês e a uma de Hong Kong, mas existem pedidos de Tianjin, Nanjing e da Universidade de Línguas Estrangeiras de Cantão, interessados em receber um leitor de Português.
Por decisão da Assembleia-Geral, realizada em Agosto de 2007, em Lisboa, o IPOR tem, desde 01 de Setembro do ano passado, a sua actividade centrada na República Popular da China.
Os leitorados da Tailândia, Indonésia, Malásia e Coreia do Sul passaram para a tutela directa do Instituto Camões, que também coordena agora directamente os Centros Culturais de Pequim, Banguecoque e Tóquio.