Associação reúne amanhã com clubes do “boicote”
Se as regras não forem alteradas
Monte Carlo não participa na bolinha
É mais uma guerra nas relações entre clubes e Associação de Futebol. Chegou a vez da bolinha azedar ainda mais o ambiente. Cinco equipas decidiram não entrar na I Divisão. Dirigentes associativos vão tentar, amanhã, dar a volta aos contestatários. Mas o Monte Carlo avisa que se não mudarem as regras não joga
Vítor Rebelo
rebelo20@macau.ctm.net
Se as regras não forem alteradas
Monte Carlo não participa na bolinha
É mais uma guerra nas relações entre clubes e Associação de Futebol. Chegou a vez da bolinha azedar ainda mais o ambiente. Cinco equipas decidiram não entrar na I Divisão. Dirigentes associativos vão tentar, amanhã, dar a volta aos contestatários. Mas o Monte Carlo avisa que se não mudarem as regras não joga
Vítor Rebelo
rebelo20@macau.ctm.net
Como se já não bastasse o ineditismo da não realização de todos os campeonatos das camadas jovens do futebol de onze, depois do boicote de doze equipas, a Associação enfrenta mais uma “batalha” com a contestação de cinco clubes, que decidiram não participar este ano a I Divisão da antiga bolinha, agora denominada “campeonato de futebol de sete de Macau”.
Monte Carlo, Lam Pak, Heng Tai, Vong Chiu e Vá Luen, fizeram chegar uma carta à direcção associativa, anunciando a sua retirada da competição e explicando as razões da sua atitude.
Os clubes não concordam com as regras impostas unilateralmente pela Associação de Futebol de Macau, acusando a equipa liderada por Chong Coc Veng de não comunicar com os seus filiados.
As novas leis não permitem mudança de plantel, ou seja, mudança de jogadores relativamente à época do “bolão” que, como se sabe, terminou há pouco mais de um mês.
Assim, os mais de vinte atletas inscritos por cada clube do escalão principal, são aqueles que terão de jogar na “bolinha”, sem qualquer alteração.
Falta de diálogo
levou à contestação
levou à contestação
Por outro lado, “o novo campeonato de sete” dá a possibilidade às equipas de fazerem sete substituições em cada jogo. O que é entendido como um “perfeito disparate” pelos cinco que boicotam a prova, a juntar à obrigatoriedade de manutenção dos mesmos elementos no plantel.
Para além disso, como referiu ao PONTO FINAL, o presidente do Monte Carlo, Firmino Mendonça, “o grave da situação é a falta de diálogo dos dirigentes associativos, que nunca reuniram com os clubes para o que quer que fosse. Isto não é aceitável. Cada vez o futebol de Macau está pior, ainda pior do que se passava no tempo de Chui Vai Pui”.
O homem forte do campeão de futebol do território, mostra-se indignado com as atitudes da Associação e é peremptório em dizer que “o Monte Carlo não aceita o que eles estão a fazer. Estão a estragar cada vez a modalidade. Fizeram nas camadas inferiores do futebol de onze e estão a fazer com a bolinha. Têm feito tudo à maneira deles.”
Associação vai conversar
com clubes do desacordo
com clubes do desacordo
Firmino Mendonça confirmou, entretanto, a recepção de um fax dando conta da intenção da Associação reunir com os cinco contestários, na tentative de se chegar a um acordo.
“Sim, eles querem falar connosco amanhã (sexta-feira). Nós vamos ouvir o que eles têm para nos dizer, mas desde já afirmo que se não alterarem as regras e a forma de lidar com os clubes, não vão contar com o Monte Carlo. Os restantes clubes eu não sei o que irão decidir, mas o meu não vai participar se as leis se mantiverem.”
O presidente dos “azuis e amarelos” também já liderou o “boicote”, praticamente em massa, de doze das catorze equipas que deveriam inscrever-se nos campeonatos de futebol de onze de sub 17 e sub 19. “Tudo passou como que despercebido. Não houve esclarecimento de ninguém, nem mesmo o Instituto de Desporto se dignou responder a uma carta que enviámos. E agora eu pergunto, será que o IDM subsidia de facto a Associação para o desenvolvimento dos escalões mais baixos do futebol? Se sim, onde está o dinheiro?”
Representantes do Monte Carlo e de outras colectividades tiveram assim de “engolir e calar” no que diz respeito à decisão (mais fácil…) dos dirigentes associativos, de pura e simplesmente não realizarem este ano os respectivos campeonatos de juvenis e juniores.
Será talvez único no mundo, ou quase. Ainda por cima quando se fala na enorme e premente necessidade de se desenvolver a modalidade através do investimento nos jovens jogadores.
Mais uma especificidade do território.
Instituto de Desporto
não quer intrometer-se
não quer intrometer-se
Sobre toda esta situação, o IDM, pela palavra do seu vice-presidente José Tavares, já deu a entender que não irá mexer no que for estipulado pela Associação, podendo mesmo apoiar Chong Coc Veng e seus pares nas decisões tomadas.
Por um lado compreende-se que Alex Vong e José Tavares, como os homens fortes daquele organismo do Governo, não se queiram “escaldar” nestas questões do foro interno do futebol, evitando assim polémicas e mal entendidos de um passado não muito distante, que levou a FIFA a suspender Macau de todas as participações no exterior, por entender que terá havido ingerência na gestão da Associação (que é considerada como uma Federação nacional).
Por outro, como refere Firmino Mendonça, “o IDM tem de fazer alguma coisa, perguntar o que se passa, o porquê de toda esta situação. Então uma contestação de doze clubes no futebol de onze e agora cinco (no meio de oito) na bolinha, não são representativos do descontentamento?”
Regras deste ano
são para manter
são para manter
Recorde-se que há dias, já depois de realizado o sorteio de todas as divisões da “bolinha”, a Associação de Futebol de Macau organizou uma conferência de imprensa (com muitos dos órgãos de comunicação a não serem informados), em que lamentavam o “boicote” dos cinco clubes, mas afirmando que as regras estavam já definidas e não iriam voltar atrás.
Segundo o presidente Chong Coc Veng, “tem havido mal entendidos e no próximo ano os regulamentos até poderão sofrer algumas alterações, é um caso a ver, mas esta época não há possibilidade de se voltar atrás.”
Ficou então quase esclarecido, nesse contacto com os poucos jornalistas (não foi nenhum jornal em língua portuguesa, nem mesmo o canal chinês da TDM), que “caso as cinco equipas não aceitassem jogar no escalão principal, então a Associação iria realizar um torneio com as três formações que restavam.”
Os que ficaram de fora
não “podem” apoiar
não “podem” apoiar
Já agora, convém dizer que o trio que não assinou a carta de boicote, é formado por Sub 21 (patrocinado pela própria Associação e que desceu de divisão), Grupo Desportivo da Policia de Segurança Pública (colectividade que “não pode, obviamente, meter-se nestas guerras”…) e ainda o Hoi Fan, cujo “patrão” é membro da direcção associativa.
Talvez por aqui (e é apenas uma conclusão a tirar…), se explique a razão de nem todos os oito conjuntos da I Divisão da bolinha estarem “no mesmo barco” da contestação.
PONTO FINAL sabe, através dos “mentideros” que muitos dos atletas e até dirigentes dessas três equipas estão do lado do boicote, “mas não podem divulgar oficialmente o seu apoio.”
Perante todas estas críticas dirigidas à actual Associação de Futebol da RAEM, começam a movimentar-se desde já os bastidores para “destronar” esta equipa associativa nas próximas eleições, a terem lugar provavelmente nos primeiros meses do próximo ano de 2009.
Desilusão de alguns
face ao momento actual
face ao momento actual
Firmino Mendonça mostra-se desiludido com o trabalho desta Associação:
“Isto é muito pior do que no tempo de Chui Vai Pui. O futebol está a decair cada vez mais. Votámos nesta Associação, que prometeu mudar muita coisa e levantar o futebol. Mas a desilusão é evidente. Iremos conversar com os outros clubes das várias divisões, para se saber o que fazer no futuro, perante o estado caótico em que se encontra a modalidade.”
Para já e no que diz respeito à “bolinha”, amanhã é dia de “lavar roupa suja”. Será que vai sair algum fumo branco?
Já agora aqui fica uma constatação, em jeito de “moral da história” – não tenhamos dúvida de que o grande prejudicado nesta guerra, mais uma, entre clubes e Associação, é o futebol de Macau.
Como se já não bastasse a sua pobreza, se calhar não só de qualidade, de resultados, mas também (e essencialmente) de mentalidades.
“Não há rei nem roque” há dezenas de anos.