18.6.08

Ferro Ribeiro sobre investimentos da Geocapital na banca e no sector energético da África lusófona
"Tudo isto demonstra
o sucesso do Fórum de Macau"


Hugo Pinto

A utilidade de Macau como plataforma de investimentos nos países de língua oficial portuguesa "está completamente provada através destas operações que a Geocapital está a fazer", disse ontem ao PONTO FINAL Ferro Ribeiro, juntamente com Stanely Ho um dos homens fortes da empresa sedeada na RAEM.
O empresário prestou declarações ao PONTO FINAL a partir de Moçambique, onde na passada segunda-feira foi inaugurado o Moza Banco, uma instituição financeira de raiz moçambicana, que tem como accionistas de referência a Moçambique Capitais, uma sociedade local, e a Geocapital.
"Temos participações em quatro bancos no espaço de língua oficial portuguesa, e esta presença no sector financeiro dá-nos uma visão de 360º na economia destes países. Tudo isto demonstra o sucesso da política que foi definida no âmbito do Fórum de Macau e cujo principal impulsionador foi o Chefe do Executivo, Edmund Ho", sintetizou o empresário.
Em declarações à agência Lusa logo na segunda-feira, Ferro Ribeiro havia já dito que é dentro da utilização de Macau como plataforma que o Mozabanco "estará como uma instituição de crédito no mercado", e com uma sociedade financeira "mais agressiva", a Mozacapital, que estará com a área dos investimentos.
A estratégia traçada passa por uma investida no sector financeiro dos países africanos de língua portuguesa virada para a banca de investimento.
Conforme explicou ao PONTO FINAL Ferro Ribeiro, a Geocapital tem "uma posição privilegiada para mobilizar recursos financeiros, humanos e tecnológicos para os países de língua oficial portuguesa", e Macau cumpre neste aspecto o "papel crucial" de plataforma. "O facto de termos uma relação antiga com grupos e entidades chinesas facilita-nos muito a articulação adequada entre as grandes empresas chinesas para a realização de projectos de investimento nos países de língua portuguesa."
Ferro Ribeiro considera que o interesse por parte dos empresários chineses é notório em países como Angola, Moçambique ou Guiné-Bissau, onde os investimentos "multiplicaram por 10 ou por 15" nos últimos anos.
Mas Portugal também desperta interesse nos empresários asiáticos. "Há manifestações de interesse bastante grandes. Há um excesso de liquidez na República Popular da China que tem sido aplicado em investimentos internacionais, em instituições financeiras, como no Morgan Stanley, o banco de investimentos norte-americano, ou no Barclays. No caso de Portugal, é inevitável o aparecimento de interesses nessa área."
Neste sentido, o Diário Económico avançava ontem que Stanley Ho está, neste momento, em negociações com a Sonangol para entrar no capital do Banco Privado Atlântico. Esta instituição tem como principal accionista a petrolífera angolana e é um dos parceiros do BCP no Millennium Angola. As ligações entre Stanley Ho e a Sonangol não se ficam por aqui. Ambos são accionistas do BCP e ambos apoiaram a escolha de Carlos Santos Ferreira para a presidência do maior banco privado português.
Por outro lado, a Geocapital prepara-se para comprar uma posição no capital do Banco Privado Atlântico, presidido por Carlos Silva.

CAIXA
Biocombustíveis "não são solução
para crise petrolífera, mas ajudam"


O anúncio surgiu na passada semana: a Geocapital, de Stanley Ho e Ferro Ribeiro, vai investir até 40 mil milhões de dólares nos próximos dez anos na produção de biocombustível em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau. A produção será iniciada em dois ou três anos e deverá atingir a capacidade máxima dentro de 10 a 15 anos, com 14 milhões de toneladas anuais, o equivalente a 10 por cento da produção mundial.
Segundo Ferro Ribeiro afirmou ao PONTO FINAL, esta aposta num sector energético alternativo não é alheia à crescente procura chinesa de fontes de energia. "Está ligada, absolutamente. Obviamente que isto tem a ver com a China e com o papel de Macau. A Geocapital tem sede em Macau e nós achamos que a RAEM é efectivamente uma plataforma privilegiada."
Ferro Ribeiro destaca ainda que este projecto tem também por objectivo reduzir a dependência do petróleo. No entanto, o empresário nota que "os biocombustíveis não são a solução para resolver o problema do petróleo, mas entram no esquemas das energias alternativas e renováveis e complementam a independência que devemos ter em relação ao petróleo. Não são a solução, mas ajudam."
Outra "matriz fundamental" deste projecto tem que ver com o facto de serem utilizadas na produção dos biocombustíveis "terras com pouca aptidão agrícola", não existindo, por isso, interferências na agricultura. A produção de biocombustível será feita com recurso à “jatropha” - também conhecida como pinhão manso - uma planta não comestível comum em África e na América e segundo especialistas será o meio que proporciona maior fiabilidade e o melhor rendimento de produção de biocombustíveis.

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