Fabricantes de slot machines à procura de cativar os jogadores chineses em Macau
A guerra das máquinas
A guerra das máquinas
Dragões a dançar à volta das slot machines, ecrãs gigantes com imagens de cavalos virtuais a galopar, e mesas de baccarat com croupiers gerados por computador. Para os fabricantes de slot machines vale quase tudo para ficarem com o seu quinhão dos quase 15 mil milhões de dólares americanos que a industria do jogo lucra em Macau. É com o recurso à hipérbole que a Reuters começa uma reportagem sobre um sector do jogo que está longe de convencer os apostadores que se deslocam ao território. Diz aquela agência noticiosa que apesar de a RAEM querer atrair apostadores em massa que poderiam passar horas a por moedas numa máquina, os casinos estão a envolvidos numa "batalha" para ver quem consegue o maior número de jogadores VIP que adoram jogar baccarat, mas em mesas reais.
A Reuters cita Mark Yoseloff, chefe executivo da Shuffle Master Inc, que afirma que há operadores a retirarem slot machines de algumas áreas para ganharem espaço. Yoseloff que se encontra em Macau a assistir à Global Gaming Expo Asia, desconhece se esta situação será provisória, ou se, pelo contrário, terá tendência a agravar-se. "Se estivéssemos só no mercado das slot machine estaria preocupado", acrescentou.
Na reportagem, a agência de notícias recorda que depois da concessão de licenças a outras operadoras, há seis anos, houve um boom na construção de hotéis e casinos, e que desde 2006 o território ultrapassou Las Vegas nos lucros provenientes do jogo. Em Macau as receitas arrecadadas com as slot machines representam apenas 4,6% dos lucros dos casinos, ao passo que na cidade americana atigem os 80%. Perante estes números fica a ideia que este é um mercado que ainda se pode desenvolver bastante, mais ainda quando se sabe que os casinos costumam ficar com 2,5% do que os apostadores gastam nas mesas, enquanto esse número sobe para 8% nas slot machines. Mas, diz a Reuters, é mesmo o baccarat, um simples jogo de cartas em que ganha "a mão" que estiver mais perto de 9, que faz as delicias dos chineses que se deslocam à RAEM. E, continua a agência, os apostadores VIP que chegam a gastar 100 mil patacar por visita, representam três quartos das receitas dos casinos.
As previsões apontavam para que dentro de três anos o número de slot machines chegasse às 35 mil. Contudo, o facto de o Crown ter retirado cerca de 350 slots para ganhar espaço para as mesas de baccarat veio levantar duvidas quanto a essa previsão.
A Reuters considera que o Crown, depois de um período inicial sem muito sucesso, acertou no "jackpot" quando, o ano passado, fez um contrato com a A-Max Holdings, uma firma que trabalha com angariadores de jogadores, os chamados junkets. Diz a agência que o Crown, ao fim de dois meses, já tinha quadruplicado a sua percentagem de apostadores VIP, passando a concentrar 25% do total deste tipo de apostadores em Macau, tendo as suas receitas triplicado no ultimo quarto de 2007 e no primeiro trimestre de 2008.
Denominados por operadores "junket", as empresas registadas como angariadoras de jogadores são as mais beneficiadas pelo aumento das receitas já que recebem comissões cada vez mais elevadas, pagas por operadores que precisam de cativar jogadores para as suas salas que lhes permitam recuperar os grandes investimentos feitos nos últimos anos. Mas a luta pela conquista de mais jogadores faz-se aumentando as comissões, diminuindo assim a margem dos operadores o que começam a fazer contas aos investimentos.
É neste ponto que os fabricantes das slots concentram os seus argumentos, dizendo que a aposta nas máquinas pode ser a solução para combater esta diminuição dos lucros. "Não há duvida que o mercado está muito competitivo. Os casinos estão focados em aumentar as receitas provenientes das slots, e os departamentos das máquinas estão a trabalhar tanto como os das mesas" afirmava Ken Jolly da fabricante Aristocrat Leisure Lta, citado pela Reuters. Com 2600 máquinas vendidas ao Venetian, esta empresa arrebata 55% do Mercado das slot no território, número que Ken Jolly espera aumentar assinando contratos com a Melco para o projecto da City of Dreams.
Alguns analistas estimam que sejam necessários 50 mil croupiers nos próximos anos, um décimo da população, algo que Kim Quartier, director para a Ásia da International Game Techonology, acredita poder beneficiar os produtores de slot machines. "Todos os croupiers têm que ser de Macau, e não andam assim tantos por aí, e com as mesas virtuais o problema da falta de croupiers resolve-se."