16.6.08

Mais uma derrota da selecção local no Interport
Hong Kong fez estágio na Croácia
e ganhou a Macau pela margem mínima


Foi como que o fecho da temporada do futebol de onze. Macau perdeu por 1-0 com a sua congénere da RAEK no Interport anual. Mas nunca foi inferior ao adversário. Agora, vai parar o bolão. A bolinha devia começar, só que cinco equipas dizem não aos regulamentos da Associação de Futebol do território

Vítor Rebelo
rebelo20@macau.ctm.net

A selecção de futebol de Macau já não ganha a Hong Kong há vários anos. Talvez há mais de dez. Sabe-se que a qualidade dos dois lados é diferente, com a RAEK a dispor de um campeonato profissional e também de jogadores com mais técnica, dispondo igualmente de maior rodagem internacional.
Só que essa diferença habitual até nem se fez sentir ontem à tarde no Estádio de Macau, com a equipa da casa, treinada, como se sabe, por Leung Sui Wing, um homem de Hong Kong, a oferecer uma excelente réplica aos seu velho rival aqui do lado.
Só que se tratou de mais uma “vitória moral”, com a formação da RAEK, com maior ou menor dificuldade, a arrecadar mais um troféu do Interport.
A superioridade de Hong Kong já “tem barbas” e não há memória de um triunfo da equipa macaense nestes embates com a sua congénere do território vizinho. Isto apesar de, esporadicamente, Macau se contentar com uns empates, como aconteceu há dois anos, também aqui na RAEM.

Hong Kong traz sempre
selecções inferiores

Mas as vitórias de Hong Kong têm surgido por pequena diferença, isto porque, temos de ser realistas, a selecção que a RAEK envia a Macau, nunca é (talvez nunca tenha sido ao longo da história dos Interport…), a sua principal equipa. Caso contrário, o desequilíbrio seria evidente e os números naturalmente outros.
Desta feita Hong Kong trouxe até ao Estádio da Taipa uma formação de jogadores menores de 22 anos, praticamente a sua selecção olímpica. Sim porque o território vizinho participa sempre nas eliminatórias para o torneio olímpico, embora sem sucesso.
Esta selecção da RAEK tem vindo a trabalhar, tal como acontece curiosamente com Macau, tendo em vista aos Jogos da Ásia Oriental de 2009, que vão ter lugar precisamente em Hong Kong.
Só que as condições são muito diferentes das que são oferecidas ao conjunto macaense, que se limita a uns treinos caseiros e jogos de preparação com equipas locais.
Hong Kong tem estado a estagiar na Croácia, país de tradições no futebol europeu. Acabada de chegar da Europa, a formação jovem de Hong Kong deslocou-se a Macau para este Interport e provavelmente os seus responsáveis ficaram algo desiludidos.

Macau não foi inferior
e discutiu resultado

A selecção onde pontificam jogadores como Geofredo Sousa, Lam Ka Koi ou Luis Amorim, discutiu sempre o resultado, não se notando essa diferença de qualidade e de condições que são oferecidas às duas selecções.
Macau jogou de igual para igual e só perdeu porque Hong Kong é “mais equipa”, fazendo vir ao de cima a sua melhor preparação física, fruto de um trabalho mais intenso de preparação.
Isso aconteceu nos segundos quarenta e cinco minutos, período em que surgiu o único tento do desafio.
Macau nunca foi inferior e até tem jogadores com boa técnica, que nada ficam a dever aos seus adversários, igualmente jovens. Só que o colectivo deu mais um troféu a Hong Kong, depois da vitória, igualmente suada, na edição de 2007, efectuada num dos recintos de Kowloon, numa partida marcada por chuva intensa que tornou o relvado demasiadamente pesado.
Agora, na Taipa, com tempo seco, após muitos dias de chuva forte, Hong Kong encontrou uma boa reacção de uma equipa mesclada de Macau, ou seja, uma simbiose de jogadores que actuam habitualmente no “onze” dos Sub 21, patrocinado pela Associação de Futebol e que este ano desceu à II Divisão, e elementos “mais batidos” nestas andanças, como são Geofredo Sousa, Lam Ka Koi, Chan Kin Seng ou Paulo Chieng.
A maior experiência de jogadores macaenses acabou por ser determinante para que Hong Kong não conseguisse explanar o seu futebol mais tecnicista, apesar da velocidade utilizada desde os primeiros minutos.

Quebra física local
acelerou novo desaire

E essa toada rápida de Hong Kong viria a dar os seus frutos, na segunda parte, com Macau a “ficar sem caixa” para responder à melhor preparação dos adversários.
Mesmo assim foi um desafio interessante e todos os que foram ao Estádio de Macau (poucos como já é normal) concordarão que se Macau tivesse conseguido a igualdade, isso seria um resultado justo.
Mas para a história fica o golo apontado por Hong Kong, que valeu a posse de mais uma taça, a juntar a muitas e muitas outras nos confrontos (não só na modalidade de futebol…) de Interport entre as duas regiões administrativas especiais da República Popular da China.
A selecção de Macau, orientada há uns meses a esta parte por Leung Sui Wing, que sucedeu ao japonês Kageyama e a uma série de outros nipónicos contratados pelos dirigentes associativos do território, continua assim sem ganhar nestes últimos tempos.
Recorde-se que participou, recentemente, na fase eliminatória da Taça Challenge da Confederação Asiática, tendo sido derrotada por Nepal (3-2) e Cambodja (3-1).

CAIXA
Bolinha pode não realizar-se
face a boicote dos “cinco”

O Interport com Hong Kong foi praticamente o fecho da temporada de futebol de onze, com os trabalhos a serem interrompidos nos próximos tempos. Isto a mais de um ano dos Jogos da Ásia Oriental, que como se sabe vão ter lugar aqui ao lado em Hong Kong e que contarão com a selecção macaense no torneio de futebol, tal como já aconteceu na edição de 2005.
Vai começar agora a época da bolinha, onde a selecção de Macau tem conseguido melhores resultados, com algumas vitórias recentes, face à sua rival de Hong Kong. Aí a diferença não se faz notar e até a RAEM nada fica a perder em termos exibicionais e de resultados.
A nível de clubes a bolinha, agora designada de “campeonato de futebol de sete” pode vir a conhecer um ano muito atribulado, de elevada polémica. Até mesmo de cancelamento da prova do escalão principal.

Leis e falta de diálogo
levaram à contestação

É que a Associação de Futebol de Macau decidiu introduzir novos regulamentos que a maioria das oito equipas não concorda.
Dias atrás, esses cinco clubes (Monte Carlo, Lam Pak, Vong Chiu, Vá Luen e Heng Tai), fizeram entrega de uma carta à direcção de Chong Coc Veng, afirmando que não vão participar no futebol de sete, por não concordarem com os regulamentos, criticando ainda a falta de comunicação existente enntre a Associação e os clubes seus filiados.
Segundo as novas “imposições” associativas, o campeonato de sete só conta com as oito equipas do escalão principal do “bolão” e os clubes não podem mudar o plantel. Estão impossibilitados igualmente de dispensar jogadores para outras formações.
Dizem os contestatários que “com estes regulamentos a Associação está a impedir o desenvolvimento do futebol”.
Recorde-se que as novas leis para a “bolinha” permitem sete substituições em cada desafio, o que os “cinco” dizem ser um exagero. Para além disso, os dirigentes de Monte Carlo e companhia, “lamentam não haver actualmente diálogo entre clubes e Associação.”
Fica a aguardar-se o desenrolar da situação, no que é mais um caso do futebol macaense, a juntar à não realização dos campeonatos de futebol de onze das camadas jovens, sub 16 e sub 19.

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