15.6.08

“O Lago dos Cisnes”, pelo Ballet Real Sueco, a 27 e 28 de Junho no Centro Cultural de Macau
Amor encantado

A vinda do Ballet Real Sueco a Macau neste Junho marca a última actuação da sua digressão de 2008 pela China, sendo ainda a primeira vez que visita Macau

Certas histórias de amor conquistam-nos os corações para sempre. No ballet, o arquétipo supremo de um amor arrebatadora é, inquestionavelmente, O Lago dos Cisnes, que conta a história do príncipe Siegfried e da princesa Odette. Durante o dia ela é a Rainha dos Cisnes, mas à noite transforma-se em Odette, uma princesa que se encontra sob um feitiço que apenas será quebrado quando encontrar o verdadeiro amor. Os dois jovens juram fidelidade, mas a tragédia vestida de negro abate-se sobre eles... Depois de sofrerem várias peripécias, os amantes reencontram-se no lago, local do primeiro encontro, caminhando juntos o caminho da redenção.
A história romântica e os movimentos etéreos de O Lago dos Cisnes fizeram com que este se tornasse no mais lendário de todos os bailados. Todas as bailarinas desejam dançá-lo e todos os públicos querem vê- lo. Macau não é excepção, e por isso chegou a hora da cidade testemunhar esta emocionante história de amor com a música de Tchaikovsky, o compositor de excelência dos bailados clássicos.
A sua música apaixonante será tocada ao vivo pela Orquestra de Macau, que acompanhará a interpretação exemplar por uma das companhias de ballet mais prestigiadas e procuradas do mundo - o Ballet Real da Suécia. A quarta mais antiga companhia de ballet do mundo e a maior da Suécia estreia-se em Macau a 27 e 28 de Junho com toda a sua grandeza histórica e elegância, envergando novos figurinos nesta versão completa do inultrapassável clássico do ballet.
Fundado em 1773, o Ballet Real Sueco é uma das mais antigas companhias de ballet da Europa. Embora o público asiático possa estar pouco familiarizado com esta companhia, ela já colaborou com diversos coreógrafos e bailarinos de destaque na história do ballet, inclusivé com Filippo Taglioni, August Bournonville, Michel Fokine, Antony Tudor e Erik Bruhn, apenas para referir alguns.
Em termos artísticos, o Ballet Real Sueco é estilisticamente versátil, estando apto para representar dramas psicológicos e sendo capaz de apresentar bailados históricos e clássicos dramáticos, assim como bailados contemporâneos.
Desta feita, em Macau a companhia vai apresentar “O Lago dos Cisnes” de Tchaikovsky - do repertório romântico clássico, no seguimento da readaptação de 1964 de Natalia Conus, que por sua vez se baseou na versão russa do par Petipa/Ivanov. “O Lago dos Cisnes” foi a primeira obra para ballet de Tchaikovsky, contudo esta apenas se tornou um sucesso em 1895, quando foi reposta como um bailado a quatro actos, conjuntamente coreografado por Petipa, director e também coreógrafo do 1o e 3o Acto, e Ivanov, que coreografou o 2o e 4o Acto. “O Lago dos Cisnes” tornou-se, desde então, um clássico.
Inspirando-se numa lenda alemã da Idade Média, “O Lago dos Cisnes” conta a história trágica de amor entre o Príncipe Siegfried e a Princesa Odette. Esta, enfeitiçada e transformada num cisne por um feiticeiro malévolo, encontra o corajoso Príncipe Siegfried. Após várias peripécias e lutas, o príncipe subjuga o mal e a princesa volta à sua forma humana para usufruir de uma vida feliz com o seu príncipe.
Em termos artísticos, o 1o e 3o Acto são uma mostra da técnica de dança, ao passo que o 2o e 4o Acto demonstram a coordenação entre música e dança. Devaneios campestres são cenas muito frequentes no ballet clássico e, como tal, o 1o Acto, que conjuga dança folclórica com um pas de trois e uma dança do bobo, claramente atesta estas nuances de dança folclórica e constitui uma demonstração de capacidade técnica,
O 3o Acto cumpre fielmente as regras do ballet clássico, fazendo sobressair a qualidade técnica da dança dos bailarinos principais no baile do palácio, através de uma sequência de danças entontecedoras com o carácter das danças Mazurka, Espanhola e Tarantella. A parte mais encantadora é o pas de deux de Siegfried e Odile, com a princesa de negro a encarnar a filha do barão pernicioso. Esta dança bem conseguida retrata sem reservas a donzela malévola e o príncipe encantado pelo cisne negro. Odile faz trinta e dois fouettés na final do pas de deux, que são movimentos do ballet clássico que requerem grande destreza técnica, e que ilustram o êxtase de Odile pelo triunfo sobre o príncipe.
O 2o Acto é provavelmente o melhor dos quatro actos. Tendo enveredado pelos sentimentos profundos do compositor para encarar a música, Ivanov criou uma coreografia quase sinfónica, e multi-estrutural. Em termos de composição, este acto é “uma peça dentro de uma peça”, com o seu próprio início e fim, e formando uma estrutura relativamente completa. A sequência da “Dança dos Pequenos Cisnes” ganhou considerável popularidade, tendo sido consagrada como um ballet sem igual. Os quatro pequenos cisnes dançam uma série de passos rápidos e subtis, pequenos saltos e pulos em pontas, dando vida à cena brincalhona dos cisnes no lago, e que claramente destaca o charme colorido da coreografia.
O 4o Acto culmina com o príncipe a ser ludibriado a quebrar a sua promessa. No grand pas de deux, o corps de ballet dos cisnes é fundido com o pas de deux das duas personagens principais e entrelaçado com a música para reflectir as transformações emocionais dos dois bailarinos principais. Isto não envolve técnica de grande nível, mas o uso de orquestração na coreografia, entrecruzando música e movimentos de dança, embeleza a carga emocional da história. Isto está argumentavelmente ao nível dos cânones sinfónicos e indubitavelmente é a quinta-essência da arte do ballet.
“O Lago dos Cisnes” é incontestavelmente uma pérola intemporal do ballet. Estou certa de que o Ballet Real Sueco vai apresentar ao público de Macau duas noites de grande prazer artístico, pois não só se vai poder apreciar o idílico e gracioso bailado, como se vai revisitar a música delicada de Tchaikovsky.

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