25.8.08

Torneio internacional de hóquei em patins
Selecção de Espanha é a favorita
e defronta Macau na estreia


A Associação de Patinagem comemora 25 anos com um torneio de seis equipas. Arranca já na próxima quarta-feira. A Espanha traz uma selecção mista e deverá “passear” no Pavilhão do Colégio D. Bosco. A modalidade tem dado vários títulos asiáticos a Macau

Vitor Rebelo
rebelo20@macau.ctm.net

São já vinte e cinco anos de dedicação ao hóquei em patins de Macau. A Associação de Patinagem quiz por isso marcar a data de forma especial, trazendo ao território várias selecções.
Mas não conseguiu concretizar a vinda de uma formação de Portugal. Essa a mágoa da comissão organizadora do Torneio Internacional, que passa assim a ter seis conjuntos, depois das desistências de duas equipas que viriam embelezar ainda mais a competição, Portugal e Moçambique.
As duas comitivas não terão conseguido os indispensáveis patrocínios para realizar a viagem até ao Oriente.
“Era de facto o nosso sonho trazer aqui uma selecção portuguesa, que pudesse defrontar, possivelmente no jogo decisivo, a formação espanhola. Um Portugal-Espanha era na verdade o principal cartaz da prova, mas não se conseguiu. Paciência.”
Palavras do presidente da Associação de Patinagem, António Aguiar, ele que está há 18 anos de “alma e coração” no hóquei em patins de Macau, acompanhado por outros elementos, dos quais se destacam os “carolas” e fundadores, Gentil Noras e Manuel da Luz, que ajudaram a implementer o hóquei em 1983.

Ausência de Portugal
é a grande desilusão

Sem Portugal, o Torneio Internacional vai na mesma para a frente e promete constituir uma excelente propaganda da modalidade, numa altura em que se continua a lutar pela sua sobrevivência e pelo direito a um espaço permanente para treinos e jogos.
Esse tem sido, na verdade, o principal problema de desenvolvimento do hóquei em patins macaense, maioritariamente formado por “gente portuguesa”.
E essa comunidade que se espera acorra em massa ao Pavilhão do Colégio D. Bosco, a partir da próxima quarta-feira, para presenciar boas partidas de hóquei.
Desde logo a selecção mista espanhola, que traz a Macau uma comitiva mesclada de alguns jovens e outors jogadores quase em fim de carreira. Segundo informações colhidas pelo PONTO FINAL, a Espanha decidiu reunir um lote de jogadores jovens que actuam em clubes da I Divisão, juntando-os a experientes da II Divisão.

Espanha é o candidato
mas terá de o provar

Este combinado vai fazer, certamente, com que os espanhóis sejam considerados, sem qualquer dúvida, os principais favoritos à vitória na competição.
“Mas têm de provar esse estatuto e nós, Macau, vamos tentar dar a melhor réplica possível logo na primeira jornada, tentando tirar partido de algum cansaço da viagem do nosso adversário”, referiu Alberto Lisboa, treinador da selecção da RAEM, que vai poder contar com o mais recente reforço da equipa, o português José Cardinho, a treinar em Macau há cerca de um mês e responsável pela continuidade do projecto de formação da Associação de Patinagem.
Lisboa diz que a selecção local não vai estar no melhor período de forma, “porque isso só está previsto para mais tarde, para que se consigam bons resultados no Campeonato do Mundo do Grupo B, a realizar na África do Sul, em Novembro.”

Luta interessante
para o segundo lugar

Este Torneio Internacional dos 25 anos da Associação de Patinagem serve, por isso, de preparação do conjunto macaense para tentar “novo assalto” à subida ao Grupo A, o da elite do hóquei em patins mundial.
A prova, que arranca quarta-feira ao fim da tarde, contará ainda com as selecções de Austrália, Japão, India e Nova Zelândia, tornando o evento interessante de se seguir.
A Espanha está, naturalmente, uns furos acima dos restantes, mas a luta pelos lugares imediatos vai ser equilibrada.
O torneio disputa-se no sistema de todos-contra-todos, com o mais pontuado a sagrar-se vencedor.
“É o sistema mais justo, pois as equipas defrontam-se ao longo de cinco dias. Foi também a solução encontrada depois da confirmação das ausências de Portugal e Moçambique. Fiz tudo para que eles viessem, mas não consegui”, disse António Aguiar, para quem Espanha, Macau e Austrália, deverão ser as três melhores formações da prova.

José Cardinho estreia-se
Nuno Antunes regressa

Voltando à selecção do território, diga-se que o plantel apresenta algumas novidades e ainda não sabe se poderá contar om Ricardo Atraca, a estudar e jogar na Austrália.
Para além disso, há a novidade, já referida anteriormente, da presença do português José Cardinho, que provoca igualmente alguma expectativa, uma vez que será a sua primeira aparição em jogo com a camisola da RAEM. No entanto, ele não poderá representar a RAEM no próximo Mundial do Grupo B, uma vez que não tem tempo de residência suficiente, face aos regulamentos.
De resto, nota-se o regresso de Nuno Antunes, depois de algum tempo de ausência da selecção, e a utilização de Dinisio Luz, ele que voltou a Macau depois de algum tempo fora do território.
Os restantes convocados são: Arnaldo Silva, Augusto Ramos, Alfredo Almeida, João Cardoso. Edgar Rodrigues, Helder Ricardo, Leong Cha Kin, Koon Ho e Alberto Lisboa, que acumula as funções de técnico.
“Os espanhóis têm obrigação de ganhar o torneio e é de facto pena não podermos ver aqui em Macau um Portugal-Espanha. Seria mais um teste para a nossa selecção”, rematou Lisboa.

Obras no D. Bosco
pagas pela Associação

A prova começa às 18 horas de quarta-feira no Pavilhão do Colégio D. Bosco, que teve de sofrer alguns melhoramentos, para receber condignamente as selecções.
“Tivemos de pagar do nosso bolso para que o recinto tivesse as mínimas condições. Os balneários não tinham água quente, havia tacos levantados. Alugámos sistema de som. É lamentável que tudo isto tenha de ser feito à nossa custa e com grandes dificuldades”, desabafou António Aguiar.
“O problema é que este recinto vai entrar em obras mais alargadas e nós (selecção) não temos muito por onde escolher para prosseguirmos com a nossa preparação para os próximos compromissos, Mundial Feminino (Japão) e Mundial B masculino (África do Sul). Mais uma vez sou obrigado a concluir que o hóquei em patins é posto de lado.”
Na primeira ronda do torneio, o jogo de abertura colocará frente-a-frente Japão e India (18 horas), seguindo-se a cerimónia oficial de abertura. Às 20 jogo grande entre Macau e Espanha, concluindo-se a primeira noite com o “derby” da Oceania, Austrália-Nova Zelândia.

Hóquei em patins
com muitos títulos

Em jeito de balanço destes 25 anos da Associação de Patinagem, o presidente, António Aguiar (que se poderá regressar à alta roda do dirigismo desportivo lá para Outubro, se a lista onde está incluido vencer as eleições para o Comité Internacional de Rink Hockey), refere um misto de emoções:
“De facto vivemos muitas alegrias, com os títulos alcançados a nível asiático (cinco no total e três nos últimos anos consecutivamente). Organizámos Mundiais B, Asiáticos de Juniores, torneios, um deles com o Clube Tap de Portugal, mas também tivemos várias desilusões e acima de tudo temos lutado imenso para que o hóquei em patins se mantenha em Macau. É justo, apesar de tudo, de reconhecer o apoio que sempre nos tem adao o Governo de Macau, através do IDM, mas não entendemos como a modalidade continua a não ter um recinto para treinar e jogar.”

Meninas de Portugal
já não devem vir

A propósito desta dificuldade de pavilhão, o último sinal foi dado pela decisão do IDM de não oferecer condições mínimas para que a selecção portuguesa de hóquei em patins feminino, pudesse realizar um estágio de cinco dias entre nós, antes de seguir para o Mundial de Akita, no Japão.
Aguiar sente-se desgostoso com esta situação e diz mesmo que “é uma vergonha Macau não ter possibilitado a Portugal um estágio condigno, quando tem fama de receber da melhor forma todas as selecções que nos visitam, independentemente da modalidade, como aconteceu agora antes dos Jogos Olímpicos. Sinto-me envergonhado por esta situação. Portugal ainda não confirmou que não vem, mas penso os dirigentes lusos já sabem que não serão recebidos da melhor maneira, em termos de instalações. É uma vergonha, mas é verdade.”

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