Associação de Protecção do Farol da Guia muito crítica em relação ao CEEDS
"O Governo tinha obrigação de apresentar
um Plano Conceptual bem melhor"
Entre elogios e críticas, o Plano Conceptual para o Desenvolvimento Sustentável de Macau não deixa ninguém indiferente. Desta vez é a Associação de Protecção do Farol da Guia que "depois de estudar atentamente o documento do CEEDS", faz uma avaliação insuficiente do projecto que visa fazer da RAEM uma cidade vigorosa no mundo
Rui Cid
"O Governo tinha obrigação de apresentar
um Plano Conceptual bem melhor"
Entre elogios e críticas, o Plano Conceptual para o Desenvolvimento Sustentável de Macau não deixa ninguém indiferente. Desta vez é a Associação de Protecção do Farol da Guia que "depois de estudar atentamente o documento do CEEDS", faz uma avaliação insuficiente do projecto que visa fazer da RAEM uma cidade vigorosa no mundo
Rui Cid
"O Governo tinha obrigação de apresentar um plano conceptual bem melhor". Foi desta forma, sucinta, que Tony Yuen, resumiu o "estudo atento" que a Associação de Protecção do Farol da Guia(APFG) fez ao Plano Conceptual que o Centro de Estudos Estratégicos para o Desenvolvimento Sustentado preconiza para o futuro de Macau: "Perante o que li só posso fazer uma avaliação negativa deste plano".
As palavras do coordenador da APFG foram proferidas no final de uma conferência de imprensa que serviu para a apresentação um documento de 6 pontos - a ser enviado ao CEEDS- que aponta as lacunas que a associação encontrou no projecto.
Frisando que, em teoria, a associação é a favor da ideia de um plano que defina estratégias futuras de uma cidade, Tony Yuen aponta, desde logo, uma falha estrutural neste projecto - "Não tem fundamentos científicos que o suportem". O coordenador mostra-se, igualmente critico em relação à postura adoptada pelo centro estratégico, e, por consequência, do governo:" O posicionamento estratégico do plano não foi discutido, apresentam uma proposta, sem fundamentos, e dizem 'está aqui a nossa ideia e agora digam se concordam ou não'."
Para a APFG, o facto de, nas palavras de Tony Yuen, o plano não olhar aos interesses dos residentes:" fala-se muito do desenvolvimento de Macau, mas para quem? pensamos que os cidadãos, a sua qualidade de vida, devem ser a prioridade. Falam em cidade vigorosa no mundo, mas as pessoas não sabem o que eles querem dizer com isso. Depois há muitas lacunas no texto. Dizem que devem ser construídas mais escolas, argumentando que o nível de educação é muito baixo, mas depois apresentam um gráfico onde se pode constatar que desde 1991 e até 2006 esse nível tem vindo a aumentar de forma acentuada. É difícil as pessoas perceberem isto."
Perante este quadro, o coordenador da associação diz que um plano com "esta (falta) de qualidade é uma perda de tempo e de recursos públicos".Acrescentando que para implementar projectos deste género é preciso tempo, Tony Yuen considera precipitado que o governo comece a implementar algumas medidas do plano, ainda antes do fim do mandato de Edmund Ho, como tem sido avançado na comunicação social: " Temos que ter calma, penso que o executivo deve centrar os seus esforços em reforçar a qualidade de vida dos cidadãos, olhando, por exemplo, para o sistema de transportes públicos que está caótico - os poucos autocarros que há estão sempre cheios - ou para as questões de segurança quando as estatísticas mostram que o número de crimes está a aumentar".
Como não podia deixar de ser - na génese da associação está a protecção ao farol da guia - também as questões relacionadas com o património histórico foram abordadas pela APFG que elogia algumas soluções do plano em relação a esta matéria, como a proibição da circulação automóvel no centro histórico.
A finalizar, Tony Yuen recorda que a associação já conseguiu pressionar o governo a aprovar a lei que impõe um limite de altura nas construções em redor do Farol da Guia, e apela às autoridades para uma maior fiscalização, de modo a que os empreiteiros cumpram essas regras, evitando os edifícios ultrapassem, de modo irreversível, o limite imposto por lei.