16.9.08

O digital divide em Macau

Mais um estudo de Angus Cheong, o principal investigador sobre a Internet em Macau. Agora sobre as diferenças entre quem usa e não usa

João Paulo Meneses
putaoya@hotmail.com

Dois académicos, um de Macau e outro da China, acabam de publicar numa revista internacional de estudos da comunicação, editada a partir Portugal, um trabalho sobre as divisões que o acesso e o uso da Internet provocam na população de Macau.
O estudo, «Measuring Digital Divide: The Exploration in Macao» tenta contribuir para uma das discussões mais fortes da actualidade, entre quem estuda o impacto das tecnologias da informação e comunicação: até que ponto o acesso a estas tecnologias provoca e continua a provocar divisões na sociedade, privilegiando uns e menorizando outros.
As conclusões do estudo de Jin Jianbin e Angus Weng Cheong confirmam, no essencial, a existência de um problema que os especialistas resumem na expressão «digital divides», embora lancem questões de pormenor, sobre, por exemplo, a inexistência de uma relação directa e consequente entre o acesso à Internet e o uso da Internet.
Macau, no essencial, confirma que são os mais letrados os que mais usam, os que têm mais poder de compra e os mais jovens, três factores que podem não ter relação entre si (os mais novos não são os que têm mais poder de compra).
Macau segue aquela que é a tendência mais forte quanto à penetração destas tecnologias: há uma parte da população que está cada vez mais digitalizada e outra parte que acaba discriminada. De qualquer forma, a tendência a que se assiste é para uma cada vez mais disseminação destas tecnologias, a começar pelos níveis de penetração da Internet, que segue a tendência mundial de crescimento.

«Macao Internet Project»

Este trabalho resulta, globalmente, da informação que vem sendo recolhida para o «Macao Internet Project», parceiro do «World Internet Project»: desde 2001 que, a partir da Universidade de Macau, a população local é inquirida sobre o uso que faz das tecnologias de informação e comunicação, nomeadamente a Internet.
Este estudo em concreto resulta de seis inquéritos telefónicos realizados entre 2002 e 2007, a falantes de chinês (cantonense ou mandarim), e acaba de ser publicado no nº 6 da revista electrónica Observatório (OBS*) Journal, publicada pelo Obercom, Observatório da Comunicação, com sede em Lisboa (e de acesso livre a partir da Internet, a partir do «site» obs.obercom.pt).
Trata-se de um trabalho com uma dimensão teórica bastante significativa, de difícil compreensão para o leitor comum, mas que mostra uma vertente ainda pouco conhecida da ciência em Macau: a publicação de artigos de investigação em publicações internacionais de prestígio, nomeadamente fora da região.
Embora este trabalho explore a questão do «digital divides», ele segue na essência aquilo que sobretudo Angus Cheong tem vindo a publicar sobre a Internet em Macau. Algumas das conclusões essenciais mostram por exemplo que há um aumento continuado de computadores online, embora a linha de crescimento da Internet tenha registado alguns momentos de abrandamento. Por outro lado, é hoje claro que a banda larga é maioritária entre os utilizadores. Outra das conclusões interessantes é que já se verifica uma saturação entre estudantes universitários, sendo que não há diferenças significativas entre homens e mulheres; as horas de acesso preferencial são à noite, e a partir de casa.

Trabalho feito a partir de Macau

Angus Cheong tem vindo a produzir, desde 2001, uma vasta obra (com três ou mais trabalhos por ano) nesta área de especialização; o seu primeiro trabalho, «Diffusion and Impact of the Internet in Macao» é como que o mote para toda a sua produção científica que se seguiu, ininterruptamente. Uma parte significativa da sua produção científica está online, de acesso livre (em inglês).
Uma característica curiosa é que Angus Cheong tem trazido para este estudo professores e investigadores de outras universidades, seja de Hong Kong seja da restante China, como acontece com o co-autor do estudo que serve de suporte a este texto, Jin Jianbin, da Universidade de Tsinghua, em Pequim.
Angus Weng Hin Cheong é investigador e professor assistente no Departamento de Comunicação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanidades da Universidade de Macau, onde lecciona métodos de pesquisa e estudos de media.

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