Três milhões elegem novo Conselho Legislativo em Hong Kong
Democratas com teste difícil
Democratas com teste difícil
Cerca de três milhões de eleitores foram ontem chamados às urnas para eleger 30 dos 60 deputados ao Conselho Legislativo de Hong Kong, votação já contestada por alguns partidos, que reclamam "falta de democracia".
Metade dos deputados do conselho é eleita por sufrágio directo, enquanto os restantes são designados por um "Colégio de Grandes Eleitores", escolhidos em representação dos interesses económicos.
As urnas estiveram abertas desde as 07:30 e as 22:30, devendo os primeiros resultados ser conhecidos já nas primeiras horas de hoje.
De acordo com os dados do governo de Hong Kong, a afluência às urnas foi menor do que há 4 anos. Comparando com as eleições daquele ano, agora, nas primeiras 11 horas em que as urnas estiveram abertas, apareceram menos 10 por cento de eleitores.
Ainda assim, estas eleições, tal como as de 2004, devem servir como um barómetro para medir a força dos movimentos pró-democracia numa altura em que as alas mais alinhadas com Pequim ganham cada vez maior força.
Na votação de 2004, aproveitando uma onda de fortes sentimentos anti-governo, os democratas obtiveram 60 por cento dos votos, elegendo 25 deputados.
Segundo as sondagens locais, apesar da baixa de popularidade do governo local, os pró-democracia, que defrontam candidatos de formações pró-chinesas, não deverão reforçar o total de votos em relação a 2004, arriscando-se mesmo a perder deputados.
A manutenção da estabilidade de Hong Kong e a continuação do processo de desenvolvimento da cidade centraram a campanha, lado a lado com os temas da liberdade e da consolidação da democracia.
Outros factores que podem ajudar a explicar, caso se verifique, a queda dos democratas é a saída de cena de políticos como Martin Lee ou Anson Chan.
Com o afastamento destas duas figuras, dois dos maiores vultos dos movimentos pró-democracia actualmente na região, Emily Lau (ex-jornalista e uma crítica feroz do governo) e "Long Hair" Leung Kwok-hung, podem mesmo perder os lugares de deputados nestas eleições, revela uma sondagem da Universidade de Hong Kong.
Apesar de a popularidade de Donald Tsang, o chefe do Executivo, ter vindo a cair, a verdade é que a generalidade das forças pró-Pequim tem cada vez maior aceitação.
Acresce ainda o facto de o governo central chinês , recentemente, ter prometido introduzir, em 2017, o sistema de sufrágio universal em Hong Kong. Este passo é visto por analistas como um revés para os democratas, que assim vêem a sua maior reivindicação e arma de arremesso político calendarizada contra a sua vontade e, tudo indica, o seu poder.
Ainda assim, Michael DeGolyer, professor da Universidade Baptista de Hong Kong, ouvido pela AFP, observou que, apesar de as sondagens realizadas mostrarem um crescente patriotismo, isso não significa um apoio incondicional a Pequim.
"As pessoas começam a encarar os seus votos da mesma forma que encaram os seus investimentos", comentou o académico.