10.10.08

Quarta-feira, dia 8 de Outubro de 2008 - Edição nº 1640

Companhia aéra aposta em mais rotas

Viva Macau aumenta frota

A companhia aérea "low cost" Viva Macau vai duplicar para quatro a sua frota de aviões e contratar mais pessoal em 2009, revelou o director-geral da empresa.
No passado sábado, em declarações à MacauNews, Con Korfiatis afirmou que, além de permitir um aumento do número de voos para os destinos actuais - Indonésia, Vietname, Austrália e Japão -, o plano de expansão prevê também que a Viva Macau passe a voar para outras cidades.
Con Korfiatis revelou ainda que estão a ser estudadas novas rotas para o Japão, Coreia do Sul, Indonésia e Austrália e o início de voos para a Índia, Rússia e Médio Oriente. O responsável da Viva Macau referiu ainda que acredita que o número de passageiros possa aumentar no próximo ano, passando de 15 mil para 50 mil por mês.
Con Korfiatis admitiu que, dois anos depois de ter iniciado a operar, a companhia ainda não dá lucros, tendo, contudo, manifestado optimismo em relação ao futuro da aviação em Macau, uma vez que "os meios marítimos e terrestres não terão capacidade de transportar todos os turistas de que Macau necessita para rentabilizar os complexos de empreendimentos que estão a ser criados no território".
O director-geral da Viva Macau afirmou ainda estar certo de que a expansão do pessoal e da frota da empresa em 2009 trará os resultados positivos que a empresa pretende dentro do plano quinquenal projectado, aquando do arranque da companhia aérea.
À Macaunews, Con Korfiatis defendeu a necessidade de alterar o quadro legal da aviação civil em Macau, que actualmente garante o monopólio à Air Macau, a companhia de bandeira do território, a qual suboncessiona rotas a outras companhias aéreas.
Recorde-se que, no início do ano, a Viva Macau foi considerada, pelo Centre for Asia Pacific Aviation (CAPA), a melhor companhia "low cost" do ano.

Instituto Ricci assinala nascimento do pioneiro do cristianismo em Pequim

Retrato de Matteo enquanto jovem

A história na China é bem conhecida, mas o passado nem por isso. Que vida teve Matteo Ricci antes de chegar ao Império do Meio? O que estudou? O que o fez ser um homem diferente dos outros? O Instituto Ricci foi à procura das respostas no mês em que se assinala o nascimento do jesuíta seiscentista.

Isabel Castro

Nasceu no ano da graça de 1552, o mesmo em que morreu S. Francisco Xavier, o homem que quis evangelizar a China mas acabou não ter tempo. A coincidência de datas é apontada pelos historiadores e destacada por Gianni Criveller, o académico que andou à procura dos primeiros anos de Matteo Ricci. Aquele que é, talvez, o jesuíta a Oriente mais famoso de todos os tempos acabou por tornar realidade a pretensão de Francisco Xavier. Como se houvesse uma lógica de continuidade entre vidas separadas por milhares de léguas. Vida e morte. Desaparecimento e ressurreição.
Com uma reprodução do retrato de Matteo Ricci a servir de enquadramento, Gianni Criveller contou esta semana, no Instituto baptizado com o nome do jesuíta, como foram os primeiros anos do homem que mudou a história do cristianismo na China. “De uma forma geral, as informações sobre o que Matteo Ricci fez na China estão disponíveis para as pessoas interessadas pelo assunto. Sabe-se muito menos sobre o que fez em Itália e especificamente sobre a sua formação”, contextualizou ao Ponto Final o académico italiano, responsável pela licenciatura em Estudos Religiosos do Instituto Inter-Universitário de Macau. Criveller é italiano e tem, por isso, acesso a fontes que estão na sua língua materna.
A importância de perceber os primeiros anos é destacada pelo académico. A investigação que fez permitiu-lhe chegar à conclusão de que “a maioria dos seus trabalhos na China resulta de matérias que aprendeu durante os cinco anos em que frequentou o Colégio Romano”. São disciplinas como Cartografia, Astronomia e Matemática, entre muitas outras que faziam a completa formação dada na altura a quem pertencia a uma restrita elite. O passado é “muito importante para perceber que tipo de homem era Matteo Ricci”.
E que homem era? “Um homem de qualidades excepcionais”, destaca Gianni Criveller. “Foi um dos primeiros a estar na China, mas a sua proeminência em relação aos outros missionários não se deve apenas ao facto de ter sido o primeiro, mas sim porque era o melhor, ou um dos melhores.” Entre as qualidades excepcionais conta-se “a memória, que lhe permitiu aprender chinês com muita rapidez”.
Humanista, “um homem da Renascença”, Ricci nasceu e cresceu numa época em que o mundo (leia-se a Europa onde viveu, sobretudo o seu país natal) passava por um período de excepcional abertura e predisposição para a diferença. O jovem jesuíta tinha “uma inclinação especial para ciências, que naquela altura estavam em desenvolvimento e causavam grande entusiasmo”. Destacava-se em tudo o que fazia. Mas as qualidades de índole técnica de pouco lhe teriam valido na China sem a sua “extraordinária capacidade de adaptação”.
Ao contrário do que era prática nas políticas colonizadoras e religiosas, “quando chegava a novos locais, Matteo Ricci não pensava que as pessoas se tinham que adaptar a ele, mas sim o inverso”, conta Gianni Criveller. “Parece algo muito óbvio, mas não é. A ideia da colonização residia exactamente no conceito oposto.”

O primeiro professor e o Colégio Romano

Filho varão de uma família de origem nobre, Matteo Ricci nasceu a 6 de Outubro de 1552 em Macerata, uma cidade dos Estados Papais. No seio de uma família com dinheiro e relevância social, Matteo teve desde cedo acesso à melhor educação. O primeiro professor, Nicolo Bencivegni, foi a sua primeira grande referência – o padre foi conselheiro de Ricci durante grande parte da sua vida, mesmo quando se encontrava já em Pequim.
Aos nove anos, Matteo Ricci entrou para uma escola jesuíta que abrira as portas pouco tempo antes, por vontade do próprio Ignacio de Loyola. Era um estabelecimento de ensino de excelência, frequentado por uma minoria onde o filho mais velho de Giovanni Battista Ricci se incluía. Ali permaneceu até aos 14 anos de idade, destacando-se pelas brilhantes resultados e mostrando já uma inclinação para a vocação religiosa. O académico Gianni Criveller não encontrou documentação que permita perceber o que se passou nos dois anos seguintes, ou seja, entre 1566 e 1568. “Provavelmente terá continuado os seus estudos de humanidades em casa”, continuou.
Aos 16 anos, e por vontade expressa do pai, Matteo seguiu para Roma. O destino era a Universidade La Sapienza, onde passou quase três anos embrenhado em livros de Direito. Giovanni Battista sonhava com um futuro de glória para o seu primeiro filho. O jovem Ricci optou por outro caminho, que acabaria por se revelar, do ponto de vista histórico, não menos glorioso: a 15 de Agosto de 1571, bateu à porta do noviciado de São André. Estava assim admitido na Companhia de Jesus.
Das várias fases da juventude de Matteo, Criveller salienta o facto de ter frequentado o Colégio Romano, a universidade jesuíta destinada aos alunos de excelência. De grande rigor e com uma enorme abrangência em termos de disciplinas ensinadas, a instituição académica acolhia estudantes de toda a Europa. “Digamos que havia um grupo internacional, o que fazia com que as pessoas se aceitassem mutuamente, fossem abertas a outras ideias e línguas.” Esta “abertura” e a predisposição em relação à diferença acabaram por ser de grande importância para a futura incursão na China.

De Coimbra a Macau

Na universidade, Matteo Ricci estudou as mais variadas disciplinas, da Retórica à Filosofia, passando pela Matemática e a Astronomia. Terá contribuído para a construção dos primeiros calendários gregorianos, que mais tarde introduziu na China. No final do seu terceiro ano de Filosofia, em 1576, o padre português responsável pela missão das Índias visitou Roma. O jovem estudante decide candidatar-se a missionário, desejo partilhado por muitos outros alunos. Em 1677, chega a resposta à candidatura: tinha sido aceite. Sai de Itália nesse mesmo ano sem voltar à terra natal, rumo a Coimbra, onde estudou Teologia. Um ano depois foi enviado para Goa. Em 1582, dois anos após ter sido ordenado padre, chegou a Macau, a porta de entrada para a desconhecida China.
“A situação é, de algum modo, semelhante ao que era então.” Gianni Criveller estabelece o paralelismo, com as devidas diferenças, para dizer que, “na altura, tinham descoberto o quão importante era a China: havia quem tentasse entrar à força, outros achavam que era uma causa perdida, demasiado complicada”. No terceiro grupo estava Ricci, que “tinha interesse pela China, queria entrar no país, mas não através da força ou da imposição das suas ideias e sim pela amizade”. Moral da história, remata Cavallier: “É uma lição com um significado actual”.
Governo apresenta estudo sobre saúde da população de Macau

Prudente mas pouco

A febre de Dengue e a pneumonia atípica serviram para despertar a consciência dos residentes de Macau em relação à saúde, mas é preciso ir mais longe. O cancro e a doenças cardiovasculares continuam a ser as principais causas de morte na RAEM. Está na mão da população acabar com esta tendência. Basta alguma atenção e novos hábitos de vida.

Isabel Castro

Foi o primeiro estudo do género a ser feito no território e teve como principal objectivo traçar o cenário do estado geral da saúde da população da RAEM. A iniciativa partiu dos Serviços de Saúde, contou com a colaboração do Instituto Politécnico de Macau (IPM) e foi levada a cabo em 2006. Esta semana, foram divulgados os resultados e há, desde logo, uma conclusão: os residentes de Macau estão atentos à saúde, mas não o suficiente para evitarem factores de risco.
A hipertensão atinge números mais elevados do que nas regiões vizinhas e há pouca preocupação em relação às doenças sexualmente transmissíveis. O estudo revela que “há situações que precisam de ser reforçadas”, resumiu Dulce Trindade, coordenadora do Núcleo de Planeamento da Saúde do Centro de Prevenção e Controlo da Doença (CPCD), mas também apresentou resultados que “trazem uma certa satisfação porque mostram que, em relação aos determinantes de saúde, a população continua com parâmetros de qualidade de vida”.
O estudo contou com a participação de 3120 pessoas com mais de 18 anos de idade, pertencentes a 1667 agregados familiares escolhidos aleatoriamente. A taxa de resposta foi de 54,78 por cento. Foi conduzido em três centros de saúde do território, durante vinte fins-de-semana consecutivos, e compreendeu diferentes tipos de recolha de elementos: além de exames físicos de saúde e de testes laboratoriais, os participantes responderam a um inquérito.
O facto de a prevalência das condições de saúde ter sido relatada pelos próprios indivíduos abrangidos pela amostra faz com que os autores do estudo relativizem o grau de certeza de alguns resultados, embora a maioria das conclusões tenha sido confirmada pelos testes físicos efectuados. Ainda assim, consideram que o trabalho feito veio “reforçar as bases de informação sobre a saúde da população de Macau, determinar os modelos referenciais do estado de saúde, morbilidade e factores de risco, e fornecer base de apoio a futuras investigações”, conforme se lê no relatório.

Ouvir o corpo

No ano em que foi feito o trabalho dos Serviços de Saúde e do IPM, foram registados 1566 casos de morte na RAEM, sendo que as doenças não transmissíveis foram a primeira causa de mortalidade: o cancro apareceu no topo, com uma taxa anual de 103 por cada 100 mil habitantes, com as doenças cardiovasculares e cerebrovasculares a provocarem 38,9 mortes por 100 mil habitantes. Ainda em 2006, revela o relatório, a incidência mais elevada de mortalidade por causas externas esteve associada à morte por suicídio – registaram-se 51 casos, o equivalente a 10,2 por cada 100 mil habitantes.
Os inquéritos feitos no âmbito da pesquisa indicam que 3,3 por cento da população já teve um diagnóstico de cancro. No entanto, apenas 19,8 por cento dos participantes disse ter feito exames para rastreio da doença. As mulheres são as mais preocupadas com a prevenção, com 52,4 por cento a afirmar já ter feito exames citológicos; no caso dos homens com mais de quarenta anos, apenas 15,9 por cento fez exames à próstata.
Dulce Trindade olha para estes números e deixa um alerta: homens e mulheres devem fazer rastreios. Não há nada como prevenir. “A Organização Mundial de Saúde preconiza que temos que ser responsáveis pela nossa saúde. Este estudo é também um incentivo para que as pessoas procurem precocemente cuidados de saúde, para não deixarem os factores de risco evoluir e a doença manifestar-se já numa fase tardia”, sublinha.
O mesmo conceito de prevenção e atenção às manifestações do corpo se aplica às doenças cardiovasculares. “A hipertensão tem uma prevalência de quase 30 por cento, não é diagnosticada precocemente”, avisa a médica. A hipertensão leva a problemas mais complicados se não for tratada atempadamente. No capítulo das doenças cardíacas, 4,6 por cento dos inquiridos revelou já lhe ter sido feito um diagnóstico preocupante.
Os hábitos alimentares e a vida sedentária contribuem para aumentar o risco. A coordenadora do Núcleo de Planeamento da Saúde do CPCD realça que “sessenta por cento da população inquirida diz nunca comer alimentos com gorduras fritas e pratica exercício, indicadores que nos dão uma perspectiva positiva”, mas mostra-se preocupada com uma faixa etária mais nova – tem um comportamento que, dentro de alguns anos, pode ser de risco.
“As escolas têm que estar envolvidas neste projecto de modificar o padrão de doenças cancerosas e cardiovasculares. É preciso uma boa dieta, combater o sedentarismo e fazer exercício com muita frequência. Temos índices bons, mas metade da população parece fazer exercício muito irregularmente.” Dulce Trindade vinca que “os hábitos nas escolas têm que ser modificados”, ao não se permitir, por exemplo, o acesso fácil a doces dentro dos estabelecimentos de ensino. Em casa, compete aos pais a promoção de hábitos e dietas saudáveis. “Este estudo também serviu para sensibilizar a população adulta, porque eles são a chave da educação dos jovens”, acrescenta a médica.

Gordos e magrinhas

A obesidade foi outro dos parâmetros estudados durante a pesquisa. Os cálculos feitos pelos técnicos em relação à amostra demonstram que 9,5 por cento dos participantes tem um peso abaixo do normal, 44,3 por cento tem um peso considerado normal e 19,9 por cento ultrapassou esta fasquia. Os restantes 26,3 por cento são obesos.
“As mulheres situam-se predominantemente nos grupos abaixo do normal e peso normal enquanto que, nos grupos de peso acima do normal e obesos, há mais homens”, explica o estudo. A taxa de obesidade em Macau é de 37 por cento, com as mulheres a engordarem à medida que aumenta a idade. Os homens atingem pesos excessivos e pouco desejáveis mais cedo do que os indivíduos do sexo feminino. A obesidade preocupa mas o peso abaixo dos índices aconselháveis também suscita apreensões: dez por cento da amostra pesa menos do que devia. São todas mulheres.
De acordo com Dulce Trindade, a tendência da diabetes em Macau precisa também de ser combatida. Está acima das regiões vizinhas, à excepção de Hong Kong, com 5,3 por cento dos inquiridos a afirmar ter recebido um diagnóstico positivo em relação a esta doença, em que o organismo não produz ou não usa apropriadamente a insulina, resultando em altos níveis de glicose no sangue. Os resultados do estudo sugerem que 25 por cento dos pacientes diabéticos não estavam diagnosticados. Mais uma vez recomenda-se atenção.

Ginástica e mau hálito

O trabalho do Governo compreendeu ainda um capítulo sobre os determinantes da saúde, ou seja, os factores que permitem perceber se a população tem hábitos e preocupações com o estado do corpo. “No ano passado, com que frequência praticou exercício?”, perguntaram os responsáveis pelo estudo. As respostas permitiram concluir que 34,7 por cento dos inquiridos basicamente não tinha praticado exercício (menos de uma vez por mês) e 29 por cento dos auscultados fez pouco exercício. Apenas 36,3 por cento praticavam exercício três vezes ou mais por semana. Curiosamente, os idosos são os que mais cuidados têm nesta matéria. “Pessoas com idade igual ou superior a 65 anos perfazem o maior grupo de praticantes”, conclui o relatório.
Quanto ao consumo de álcool, só 4,7 por cento dos inquiridos admitiu ser consumidor diário. Os homens são os que mais ingerem bebidas alcoólicas. No que toca ao tabagismo, 23,1 por cento disse já ter fumado: 60,8 por cento deste grupo fuma habitualmente, 18,7 só de vez em quando e 20,5 por cento pertence à classe dos ex-fumadores. O tabagismo passivo afecta 53,5 por cento da amostra, exposta a uma média diária de duas horas de fumo alheio ao longo de oito anos.
As perguntas sobre os hábitos de sono revelam que 33,9 por cento dos participantes dorme oito horas diárias ou mais, enquanto 10,2 por cento dorme menos de seis horas por dia. Os restantes pousam a cabeça na almofada entre seis a oito horas. São mais os homens a fazerem a sesta depois do almoço do que as mulheres. Os indivíduos do sexo masculino sofrem menos de insónia e recorrem menos a medicação para o sono.
No referente à saúde oral, destaque para o mau hálito, com cinquenta por cento dos inquiridos a revelar sofrer deste mal.
O estudo inclui ainda perguntas sobre a utilização dos cuidados de saúde: as clínicas particulares foram a resposta mais escolhida, com 26,6 por cento. No entanto, a maioria das pessoas com mais de 65 anos opta pelos serviços públicos, onde se incluem os centros de saúde e o Centro Hospitalar Conde de São Januário. Não foi incluída qualquer pergunta sobre o grau de satisfação da população em relação aos serviços proporcionados pelo Governo da RAEM.

Jogo, sexo e pouco cuidado

Os dados relativos às doenças sexualmente transmissíveis não são alarmantes, mas a população de Macau é pouco cuidadosa no que à prevenção diz respeito. “Nas doenças sexualmente transmissíveis, as pessoas devem continuar a adoptar métodos de prevenção. Uma grande percentagem não usa qualquer método anticoncepcional”, vinca Dulce Trindade.
O estudo dos Serviços de Saúde e do IPM procurou saber qual o comportamento dos inquiridos, em termos sexuais, nos três meses anteriores à realização do inquérito. Assim, concluiu-se que 64,5 por cento dos inquiridos tinha tido um relacionamento sexual. Os auscultados foram elementos de agregados familiares (com 73,6 por cento de casados), sendo que a grande maioria (91 por cento) teve apenas um parceiro sexual. Em relação à orientação sexual, 97,7 por cento eram heterossexuais, um por cento homossexual e 1,3 por cento bissexuais.
O questionário incluiu ainda perguntas sobre o recurso à prostituição: 8,5 por cento dos inquiridos admitiu relações sexuais no âmbito de uma “experiência comercial”. “Os homens são a maioria dos que frequentam prostitutas e a ‘taxa de visita’ é de 20,1 por cento”, indica o relatório. A taxa de utilização de preservativo é de 54,1 por cento nos inquiridos que não recorrem à prostituição, 72,3 por cento naqueles que dizem “frequentar raramente” e 77,8 por cento para os que vão a prostitutas “amiúde”.
Entre as doenças sexualmente transmissíveis incluídas no estudo, encontra-se a hepatite B, à qual o estudo revelou que 56,4 por cento dos inquiridos está imunizada. “Contamos, dentro de 10 anos, termos uma imunidade perto de 90 por cento”, explicou Dulce Trindade, fazendo referência ao programa de vacinação que abrange jovens que não fizeram parte da amostra.
Os responsáveis pelo estudo aproveitaram a oportunidade para fazerem uma avaliação do comportamento dos residentes da RAEM face ao jogo. Quase 30 por cento dos inquiridos dizem jogar, com o mahjong a ser a preferência de 20,9 por cento. As idas aos casinos ocupam o segundo lugar (11,2 por cento), e as corridas de cães são as menos procuradas (1,5 por cento). O jogo patológico afecta entre um a três por cento dos adultos, com os homens a revelarem mais problemas neste âmbito do que as mulheres. “Começa geralmente na adolescência nos homens e mais tarde nas mulheres.”

Residentes locais afectados pela falência do Lehman Brothers

Bancos vão compensar investidores

Os bancos de Hong Kong que venderam produtos do falido Lehman Brothers estão a considerar a retoma dos activos numa atitude que deverá ser seguida pelas instituições de Macau, anunciou ontem a Autoridade Monetária de Macau (AMCM).
De acordo com dados daquela instituição, entre mil a 1.500 residentes locais adquiriram produtos do Lehman Brothers e já entregaram ao Executivo uma carta a solicitar apoio no assumir de responsabilidades da banca, numa acção apoiada pelo deputado à Assembleia Legislativa, Ng Kuok Cheong.
O próprio deputado referiu, em declarações aos jornalistas, que existem residentes lesados em cerca de quatro milhões de patacas.
A Autoridade Monetária de Macau excluiu, no final de Setembro, a hipótese de qualquer compensação aos residentes que investiram poupanças em produtos do Lehman Brothers, mas garantiu ir acompanhar a situação, para ajudar os lesados.
Agora, a AMCM sustenta que os bancos de Hong Kong, numa atitude que será seguida pela “maior parte” das instituições de Macau, estão a equacionar retomar os activos vendidos aos residentes.
No final de Setembro, em conferência de imprensa, Anselmo Teng, presidente da Autoridade Monetária de Macau, revelou que os bancos de Macau com activos no Lehman Brothers não possuiam investimentos superiores a 200 milhões de patacas, de um total de activos no final de Julho de 387.000 milhões de patacas.
Apesar da disponibilidade da banca de Macau e Hong Kong em comprar aos investidores os produtos Lehman Brothers vendidos, ainda não foi fixado qualquer preço da retoma dos activos, salientando a Autoridade Monetária que os valores serão anunciados mais tarde pelas instituições.

Pai de bebé afectada com melamina critica serviços

Saúde nega acusações de falta de assistência

Os Serviços de Saúde de Macau rejeitaram as acusações de falta de acompanhamento do um caso de uma bebé com problemas renais que, por iniciativa dos pais, acabaria por ser transferida para Hong Kong.
Numa nota à imprensa, os SSM negam as acusações do pai da criança que, num fórum do canal chinês da Rádio Macau referira que a sua filha tinha sido a primeira vitima de cálculos renais no território, na sequência do escândalo do leite adulterado com melamina.
No programa da Rádio Macau que promove a participação dos ouvintes, o pai da menina afirmou que, depois de a filha ter realizado um exame imagiológico no Hospital Conde São Januário, foi-lhe revelado por um médico que não existia no território, equipamento para o tratamento da filha. De acordo com o pai, o mesmo médico terá explicado que a bebé poderia ser transferida para o exterior, o que, todavia, só poderia ocorrer dentro de um mês, o prazo necessário para uma junta médica apreciar o caso. Perante estas palavras, o pai decidiu recorrer, por conta própria, à assistência médica em Hong Kong.
Esta semana, os Serviços de Saúde desmentiram a versão do pai da criança, destacando que a junta que decide sobre a necessidade ou não de envio de pacientes para o exterior, reúne-se semanalmente. Na nota à Imprensa, os Serviços de Saúde sublinham que o estado de saúde da bebé "não tinha atingido um nível que necessitasse da activação de um mecanismo especial" previsto para casos urgentes, nos quais, de acordo com a nota, os doentes são, "no próprio dia ou no máximo no dia seguinte, enviados para um hospital no exterior". Para além disso, os SSM garantem que, "de acordo com as informações prestadas pelos pais da criança sobre a sua alimentação e o resultado das analises ao leite em pó que consumia, foi excluída preliminarmente a hipótese de que o cálculo renal detectado tivesse sido provocado pela ingestão de melamina".
Recorde-se que, de acordo com declarações do médico de HK que a atendeu ao jornal South China Morning Post, a bebé terá ingerido papa para recém-nascidos produzida em Taiwan, a partir de ingredientes da China continental eventualmente contaminados com melamina, algo que poderá ter estado na base da falha renal que chegou a por em perigo a vida da menina.

Escândalo do leite contaminado na China

Mais suspeitos detidos

A China deteve mais seis pessoas suspeitas de envolvimento no escândalo do leite contaminado por melamina, anunciou a agência Xinhua.
As detenções ocorreram na Mongólia Interior, no Noroeste da China, sede de duas das maiores empresas de lacticínios do país, Yili e Mengniu, e em cujos produtos foram encontrados anteriormente vestígios de melamina, um químico usado no fabrico de plásticos. Vários países suspenderam, entretanto, a importação de produtos lácteos chineses.
Na semana passada a polícia chinesa deteve 22 suspeitos na província de Hebei, onde está sedeada outra grande empresa de lacticínios, a Sanlu.
O caso do leite contaminado só foi noticiado na segunda quinzena de Setembro, depois de concluídos os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, mas já era do conhecimento das autoridades de Shijiazhuang, capital da província de Hebei.
"A Sanlu mentiu durante meses acerca do seu leite em pó (…) Os líderes da cidade de Shijiazhuang sabiam disso desde o início de Agosto e não disseram nada às autoridades superiores", revelou a imprensa oficial.
Três altos funcionários de Shijiazhuang, entre os quais o primeiro secretário do Partido Comunista e o presidente da câmara, foram entretanto demitidos e o líder da Administração Central do Controlo de Qualidade e Supervisão, Li Changjiang, pediu também a demissão.

Venda continua

Pelo menos uma cadeia de supermercados da cidade de Cantão (Guangzhou) ainda vende leite contaminado com o químico industrial melamina, apesar da grande repercussão do escândalo na imprensa internacional e da suspensão do comércio pelo governo, segundo o jornal South China Morning Post.
O leite desnatado com cálcio da marca Mengniu é um dos produtos banidos pelo Departamento de Inspecção e Quarentena, mas continua a ser vendido, diz o jornal.
Segundo o diário de Hong Kong, durante a última semana, carrinhos de supermercados de Cantão e Shenzhen estavam repletos de produtos das marcas Yili e Mengniu, vendidos a preços promocionais.
Alertada pelos consumidores de que os produtos eram impróprios para consumo, a direcção de um dos supermercados desculpou-se, alegando falha de organização interna, e prometeu recolher os produtos. Porém, no dia seguinte à notificação, o leite contaminado continuava à venda no CRVanguard, um supermercado em Cantão.

Pequim admite falhas

O governo chinês reconheceu que o escândalo do leite contaminado com melamina “prejudicou gravemente a saúde das crianças” e “arruinou a reputação” da indústria de lacticínios do país, revelou a imprensa oficial.
“A recente questão de segurança dos produtos lácteos mostra que o país ainda é fraco em matéria de controlo da produção”, disse o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao.
A contaminação de leite por melamina, um produto químico tóxico usado no fabrico de plásticos, foi noticiada há três semanas e meia, mas já era conhecida de algumas autoridades locais no início de Agosto. Segundo a agência Xinhua, o governo chinês considerou “caótico” o sistema de produção e distribuição do sector de lacticínios e admitiu que a sua supervisão esteve “gravemente ausente”.

Crescimento inferior ao registado em 2007

Mais turistas na "Semana Dourada"

Macau recebeu cerca de 646.000 visitantes na denominada Semana Dourada, um crescimento face a 2007, embora menos acentuado do que em anos anteriores no caso dos cidadãos continentais chineses, que aproveitam este período para férias. A Semana Dourada, entre 29 de Setembro e 05 de Outubro, coincide com os feriados do primeiro de Outubro, o Dia Nacional da China.
Milhares de cidadãos do continente viajaram para Macau e Hong Kong para um curto período de férias, este ano aproveitado também para compras de produtos lácteos fiáveis, dada a desconfiança em relação aos que são feitos na China.
Dados oficiais divulgados através do Gabinete de Comunicação Social indicam que Macau recebeu 646.248 pessoas nos sete dias da Semana Dourada, um aumento de 5,87 por cento face à Semana Dourada de 2007.
Já do continente chinês, e de acordo com dados a que a agência Lusa teve acesso, entraram em Macau 412.500 pessoas, mais 6,4 por cento do que em 2007, enquanto que os visitantes internacionais totalizaram quase 66.000 pessoas, ou mais 51 por cento. Os restantes visitantes - 167.748 pessoas -chegaram de Hong Kong e Taiwan.
Depois de algumas medidas impostas pelas autoridades continentais chinesas à emissão de vistos para Macau, os números de 2008 já revelam algum abrandamento do crescimento dos visitantes do continente chinês que em 2007, e comparativamente a 2006, tinham registado um aumento de quase 32 por cento.
Em sentido inverso segue, no entanto, a chegada de visitantes internacionais cuja subida, 51 por cento, é significativa e explicada com alguns feriados na mesma altura em países como a Tailândia, Malásia ou Indonésia.

Editorial

Pergunta

O primeiro estudo global sobre a saúde da população de Macau permitiu apurar uma série de dados interessantes e úteis. Ficámos a saber, por exemplo, que os residentes locais sofrem mais de hipertensão do que os habitantes das regiões vizinhas. Não é de admirar, atendendo ao tempo que se passa dentro do carro, com o trânsito entupido, ou às voltas à procura de lugar para estacionar.
Outra curiosidade é o facto de a sesta depois de almoço ainda ser uma prática regular, com mais homens do que mulheres adeptos de uma soneca após a refeição.
Mais preocupante é a atitude em relação às doenças sexualmente transmissíveis, com uma razoável percentagem a confessar que não toma as devidas precauções, em matéria de sexo casual.
Descobrimos também dez por cento dos interrogados dizem ir regularmente aos casinos e que o vício de jogar afecta entre um a três por cento.
Mas neste inquérito, ao que parece, ficou de fora uma questão importante: a opinião dos utentes sobre a assistência médica disponível no território. Um número substancial de pessoas revelou recorrer a clínicas particulares, no que toca a cuidados médicos, com a faixa etária acima dos 65 anos a preferir os centros de saúde e o hospital S. Januário - talvez porque a sua situação financeira não lhes permite outra alternativa, em termos gerais.
Seria interessante conhecer melhor a opinião dos residentes locais sobre o tipo e qualidade da assistência médica que o governo disponibiliza.
Até porque, na ausência de dados mais concretos, ficamo-nos pelo que se vai dizendo e comentando, nas conversas de café. E o que se vai dizendo, justamente ou não, em relação a este tipo de serviços, não é propriamente elogioso nem abonatório.

Paulo Reis


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