8.10.08

Segunda-feira, 6 de Outubro de 2008

Agência de viagens desmente SCMP

Vistos na mesma

A agência de viagens da província de Guangdong encarregue das autrizações de visita a Macau, a "Guangzhou Post Express", negou a aplicação de medidas mais restritivas à deslocação ao território de residentes no continente

De acordo com o diário de língua inglesa Macau Daily Times, que por sua vez cita o jornal de língua chinesa Ou Mun, responsáveis da "Guangzhou Post Express" garantiram àquele periódico que, até ao passado dia 2 de Outubro, não tinham recebido nenhuma indicação sobre alterações da política de vistos individuais.
Mas Wu King Kwong, presidente do Conselho de Turismo de Macau, também citado pela mesma publicação, diz ter ouvido vários visitantes provenientes do continente referir que a duração dos seus vistos teria sido alterada. Wu King Kwong acrescentou não afastar a hipótese de o governo central vir a introduzir mais restrições na política de vistos, uma vez que as medidas tomadas em Junho passado não tiveram grandes reflexos no número de visitantes.
O diário de língua inglesa South China Morning Post (SCMP) noticiou, no passado dia 2 de Outubro, que o governo de Pequim tinha reduzido o prazo de concessão de vistos individuais, para residente no continente chinês, passando a autorizar apenas uma deslocação a Macau de três em três meses. Citando indicações dadas a agências de viagens, o SCMP adiantava que as novas restrições entraram em vigor no dia 1 de Outubro.
Em meados de Agosto, uma fonte oficial de Macau tinha adiantado à agência Lusa a possibilidade de a China voltar a restringir ainda mais as visitas de continentais à actual Região Administrativa Especial.
As autoridades chinesas já adoptaram este ano várias medidas para atenuar a afluência de residentes no continente a Macau para tentar controlar de forma mais eficaz o verdadeiro turismo, combater o trabalho ilegal e a pequena criminalidade e arrefecer o forte crescimento da indústria do jogo no território. Em 2007, Macau recebeu cerca de 27 milhões de visitantes, a maioria dos quais oriundos do continente chinês.

Stanley Ho sem medo da crise

O empresário Stanley Ho, está "verdadeiramente optimista" quanto à resolução da actual crise financeira, acreditando que Portugal, Hong Kong e Macau serão afectados apenas em "pequena escala". Durante uma cerimónia em Portugal, onde foi homenageado pela Câmara de Cascais e pela Junta de Freguesia do Estoril com a Medalha Municipal de Mérito Empresarial e com o descerramento de uma placa toponímica com o seu nome, o accionista maioritário da sociedade gestora dos casinos do Estoril, de Lisboa e da Póvoa do Varzim afirmou não estar preocupado com a recessão, embora reconheça que a situação ainda demorará a ser resolvida.
"Acredito seriamente, pela minha experiência, que isto vai e vem", disse o empresário, após a sessão solene de entrega da distinção, no Casino Estoril, garantindo também "acreditar no futuro" das economias de Portugal, Hong Kong e Macau.
A paixão de Stanley Ho pelo Estoril e por Cascais foi o tema dominante do seu discurso, durante o qual salientou a sua consciência de "tudo ter feito", ao longo de 24 anos de liderança da Estoril Sol, para merecer as distinções de que foi alvo.
"Aqui tive a oportunidade de cumprir a promessa que havia feito a mim próprio quando assumi o controlo accionista da Estoril Sol: transformar o Casino Estoril, então em fase decadente, numa montra, rejuvenescida e inovadora, de manifestações artísticas, culturais e sociais que revolucionaram o tradicional conceito redutor de 'casino', até então vigente em Portugal", afirmou.

Símbolo

Assegurando que o grupo fará todos os possíveis para o desenvolvimento da vocação turística do Estoril, "berço do turismo nacional", Stanley Ho referiu que a homenagem da autarquia cascaense "se reflectirá, amanhã, no futuro" do grupo.
Presente na cerimónia, o administrador da Estoril Sol, Mário Assis Ferreira, destacou as qualidades "inigualáveis" do empresário de Macau e lembrou a primeira orientação dada pelo presidente do conselho de administração - fazer do Casino Estoril um "símbolo de excelência".
Já o presidente da Câmara de Cascais, António Capucho, apontou vários dos investimentos viabilizados pela empresa gestora da sala de jogos e espectáculos, desde a recuperação de património histórico-arquitectónico ao acolhimento de eventos internacionais como a ModaLisboa|Estoril ou o European Film Festival.
Stanley Ho já recebeu mais de 20 distinções - uma delas atribuída pelo Papa João Paulo II - em Portugal, Macau, Hong Kong, China, Reino Unido, França, Espanha, Bélgica, Japão e Malásia.

Promessas de deputado

Em Abril esteve em Macau e disse que iria fazer um requerimento à ministra da Educação, sobre a formação dos professores da Escola Portuguesa. Meio ano depois não há sinais da promessa.

João Paulo Meneses
putaoya@hotmail.com

Há 30 ou 40 anos a ligação entre Macau e Portugal demorava pelo menos três meses e fazia-se de barco; em 2008 há «ligações» entre os dois destinos que não se fazem, sequer, em meio ano. Pelo menos é o que se deduz do facto de o último deputado que visitou Macau, Páscoa Gonçalves não ter ainda concretizado a única «promessa» que deixou durante a visita, em Abril: fazer um requerimento ao Ministério da Educação, «assim que chegar a Lisboa» (como escreveu a imprensa local no dia seguinte).
Quase seis meses não foram suficientes para este deputado eleito pelo círculo de fora da Europa enviar o tal requerimento à ministra, requerimento que – recorde-se – é um processo muito simples e que qualquer deputado pode fazer sem limitações (não lhe seria, sequer, difícil conseguir mais uma assinatura do seu colega de partido e de círculo eleitoral, José Cesário, uma vez que os dois únicos deputados deste círculo são do PSD).
Páscoa Gonçalves visitou Macau em Abril deste ano, tendo centrado muita da sua atenção na Escola Portuguesa. Como sempre acontece – e é normal que assim seja – Gonçalves ouviu mais do que falou. E do que pouco que falou anunciou um requerimento dirigido a Maria de Lurdes Rodrigues, questionando-a sobre a formação dos professores da Escola. O deputado usou o adjectivo «fundamental» para classificar essa formação e até disse que o Ministério tem verbas para essa área, pelo que «não vejo nenhum problema, desde que haja vontade de resolver o problema».

Austrália teve mais sorte

Em rigor, nestes quase seis meses, Páscoa Gonçalves dirigiu um requerimento à ministra da Educação, que começa assim «O ensino da língua portuguesa no estrangeiro tem de ser uma preocupação permanente dos nossos governantes pois é sem dúvida o mais poderoso instrumento da inclusão dos luso-descendentes na cultura do país de seus antepassados».
Mas este requerimento não tem a ver com Macau, antes com a Austrália, onde existe um programa de ensino da língua portuguesa promovido pelo governo local, em conjunto com a comunidade portuguesa. Mas sem qualquer intervenção do governo em Lisboa.
As perguntas de Páscoa Gonçalves seguiram em Julho, a ministra respondeu em Setembro.
Curiosamente, tinha sido, já, este deputado, juntamente com o seu colega Cesário, que subscreveu o último requerimento que deu entrada da Assembleia da República, tendo como tema Macau. Foi Janeiro de 2006 e tinha como assunto a Escola Portuguesa.
Nesse texto perguntava-se à ministra se confirmava a intenção de mudar as instalações, quando e com que projecto pedagógico. A ministra não se comprometeu, na resposta que chegou três meses depois, falando apenas nas «decisões que vierem a ser tomadas» e referindo que «as autoridades de Macau estão a considerar as possibilidades de localização que se afiguram possíveis e adequadas ao desenvolvimento do projecto» (e nem uma referência ao acordo com a SJM). Todos estes documentos estão «online» na página da Assembleia da República.

Sem resposta

O PONTO FINAL questionou em Junho o deputado social democrata, através do endereço do Grupo Parlamentar do PSD, mas não obteve respostas (é no mínimo estranho que o deputado eleito pelo círculo eleitoral mais distante de Portugal não tenha uma forma de contacto personalizado com os seus eleitores, disponível na Internet). A mesma mensagem foi reenviada em Setembro.
Em três perguntas questionávamos Carlos Páscoa Gonçalves sobre se fez o requerimento, não fosse o caso de nos ter passado despercebido ou ainda não estar «online», se, nesse caso, obteve resposta e, já agora, se da viagem a Macau ficara mais alguma preocupação, para além da Escola Portuguesa. Sem sucesso, como se percebe.

Tutela educativa mantém-se no Ministério da Educação

Foi anunciado várias vezes que as escolas portuguesas no estrangeiro passariam para a tutela do Ministério dos Negócios Estrangeiros, deixando a Educação.
A ideia seria criar uma política única para o ensino do português no estrangeiro e como o Instituto Camões está na dependência dos Negócios Estrangeiros, as várias escolas portuguesas no mundo juntar-se-iam.
No governo de Sócrates havia vários elementos que defendiam esta alteração, mas a ministra da Educação tinha outros planos. E conseguiu convencer os seus colegas de governo de que o melhor seria manter a tutela educativa tal como está, ao mesmo tempo que apoiava uma «estratégia de reconhecimento e promoção da língua portuguesa» suportada por uma «reestruturação do Instituto Camões» e por um Fundo para a Língua Portuguesa.
No essencial, contudo, nada se altera no que diz respeito à Escola Portuguesa de Macau: vai continuar – pelo menos até final deste mandato – a ser Maria de Lurdes Rodrigues (e o seu secretário de Estado Jorge Pedreira) a «mandar» na Escola Portuguesa.
"Semana dourada" com bom início em Macau

Visitantes aumentam

Cerca de 400.000 pessoas - mais 13 por cento do que no ano anterior - visitaram Macau nos quatro primeiros dias da Semana Dourada de Outubro, um dos principais períodos de férias da comunidade chinesa, que aproveitou os feriados para comprar produtos lácteos no território.
Com o problema da contaminação por melamina no continente chinês, as farmácias de Macau têm sido alvo da procura de leite em pó e numa das várias “farmácias populares” da cidade, os funcionários dedicam mais tempo a explicar as características e proveniência do leite exposto do que a despachar receitas médicas.
”Desde o final de Setembro que registamos uma grande procura de leite em pó por pessoas do continente, que aproveitam os dias de férias em Macau para comprarem produtos vindos do exterior com garantia de qualidade”, explicou um dos funcionários, que se identificou apenas como Michael.
Comparando latas de várias marcas já dadas como seguras depois de testes feitos em Macau e Hong Kong, muitos cidadãos chineses saem das farmácias carregados de latas de leite em pó ou mesmo de outros produtos lácteos ou derivados que consideram ”não ser seguros” na China.
Os visitantes provenientes do continente costumam aproveitar as deslocações para comprar vários produtos sobre os quais têm dúvidas de qualidade, como cosméticos e produtos de ourivesaria.
De acordo com dados provisórios, entre 29 de Setembro e 2 de Outubro entraram em Macau 390.000 visitantes, mais cerca de 13 por cento do que no mesmo período de 2007.
Do total de visitantes, 254.000 pessoas (mais seis por cento do que em idêntico período do ano passado) são oriundas do continente chinês e 38.000 (mais 64 por cento do que em 2007) são visitantes internacionais. Os restantes são oriundos da Grande China (Hong Kong e Taiwan).

Mais produtos com melamina

Os Serviços de Saúde de Macau revelaram a existência de mais oito produtos lácteos à venda no território, com sinais de melamina, embora as quantidades identificadas, menos de um miligrama por quilograma, sejam consideradas seguras.
De acordo com uma nota oficial divulgada através do Gabinete de Comunicação Social, até agora foram testadas em Macau 182 amostras de produtos recolhidos nas lojas da cidade, das quais 20 deram resultados positivos.
Os produtos testados incluem leite em pó - para bebés ou não -, leite e produtos lácteos, produtos de café, gelados e doces com produtos lácteos.
De acordo com a análise efectuada ao oitavo lote de produtos, foram identificado,s como contendo melamin,a uma bebida de leite de amendoim "Yinlu", sopa com leite de amendoim "Taisun" e seis tipos de leites da Nestlé.
Cerca de dez mil alunos do ensino pré-escolar e básico de Macau, incluídos no programa de leite dos Serviços de Educação e que beberam leite contaminado, realizaram exames médicos para despistagem de problemas de saúde derivados da melamina, como pedras no rins, mas nenhum caso foi detectado.
O programa de análises desenvolvido pelos Serviços de Saúde e pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude já realizou testes a um total de 9.458 alunos. Prevê-se que o trabalho de despistagem da primeira fase esteja concluído nos próximos dias, segundo uma nota oficial.

Residente filipina terá enganado compatriotas com promessa de emprego

Recrutadora burlou duas centenas

Cerca de 200 filipinos queixam-se de terem sido enganados por uma recrutadora, que lhes terá exigido avultadas quantias em dinheiro em troca de um emprego em Macau que nunca se concretizou. O caso já chegou à polícia e, nas Filipinas, o presidente do Senado declarou "guerra" aos falsos recrutadores .

Rui Cid

São cada vez mais frequentes os casos de cidadãos filipinos que viajam até Macau com a promessa de um emprego que acaba por nunca chegar. Desesperados com a falta de perspectivas no seu país e iludidos com a esperança de um trabalho na RAEM, aceitam pagar o que têm, e, na maior parte das vezes, o que não têm para partirem em busca do sonho de uma vida melhor. Mas onde uns vêem um sonho, há sempre quem veja uma possibilidade de negócio.
Com as oportunidades de trabalho a rarear, as agências de trabalho tornaram-se autênticos vendedores de sonho.
Nos últimos anos, Macau, tem assistido ao aumento do número de queixas de imigrantes filipinos que pagaram elevadas quantias em dinheiro a falsos "recrutadores de trabalhadores".
No final da semana passada, um grupo de pessoas manifestou-se à porta de casa de uma mulher, de cerca de 40 anos, a que acusam de lhes ter, literalmente, vendido falsas ilusões. O grupo é a ponta de um iceberg de outras 200 pessoas que terão sido enganadas por esta recrutadora. Muitos, em situação de excesso de permanência, viram-se obrigados a regressar às Filipinas. Outros, sem dinheiro e sem emprego, sobrevivem graças à generosidade dos amigos - a comunidade filipina é a terceira maior do território - e da Associação dos Engenheiros Filipinos de Macau, que organizou uma colecta de fundos.

Pesadelo

O PONTO FINAL teve a oportunidade de conversar com Maria - chamemos-lhe assim - que nos contou, em pormenor, os dias de amargura que vive em Macau. Para Maria, o pesadelo começou em Novembro do ano passado. Aos 28 anos, depois de três anos na Arábia Saudita a trabalhar na área da hotelaria, Maria regressou a Mandalayong, nos arredores de Manila, para encontrar o mesmo país que a fizera procurar outras paragens. Em 2007, 40 por cento da população das Filipinas vivia abaixo do limiar da pobreza e Maria não tardou a sentir o desejo de voltar a partir.
Com a decisão tomada, lançou-se num ritual repetido por milhares de jovens filipinos, e viajou até à capital para bater à porta das inúmeras agências de trabalho aí existentes. Uns dias antes, um amigo, segurança num conhecido bar da ilha da Taipa, falara-lhe de uma determinada agência que conseguira colocar várias pessoas num hotel de Macau.
Com a perspectiva de um emprego de sonho, Maria deslocou-se, então, à "Dreamjobs", onde viria a conhecer a mulher que lhe prometeu mudar a vida. Em vez de preencher formulários, Maria foi confrontada com uma proposta - se aceitasse pagar 45 mil pesos (cerca de 9 mil patacas) de um só vez, seria recompensada com um emprego no casino do território.
Para Maria, a proposta tinha tanto de tentador como de estranho. Porém, o desespero provocado pelo deserto de empregos nas Filipinas acabou por falar mais alto e Maria cedeu. As poupanças amealhadas ao longo dos anos de trabalho na Arábia Saudita não chegavam, e Maria teve que contar com "fundamental colaboração da família e amigos" para poder entregar os 45 mil pesos exigidos. A partir desse momento, passava a ser uma questão de tempo até viajar para Macau. Primeiro uns dias, depois umas semanas, um mês, dois, três, sem novos desenvolvimentos. Até que, já este ano, em Março, Maria é informada que viajaria um mês depois para iniciar um curso de formação no tal casino. Para a passagem de avião e dois meses de casa, foi obrigada a pagar mais 50 mil pesos à recrutadora.

Desilusão

Em Abril, na companhia de outras 15 pessoas, Maria chega ao território e é levada para a Almeida Ribeiro, onde descobre que a casa afinal não era casa, mas antes uma camarata que teria que partilhar com o resto do grupo. Era o principio de um pesadelo que viria a ter novo capítulo uns dias depois quando, na data prevista para o inicio do curso de formação, são informados que este tinha sido cancelado. Perante os protestos do grupo, Maria conta ao PONTO FINAL que a recrutadora lhes terá prometido novo emprego, agora num outro hotel, onde afirmava desempenhar funções na área do recrutamento. Mais uma vez, era uma questão de tempo. E mais uma vez, o tempo foi passando sem novos desenvolvimentos.
A paciência de Maria e do grupo foi-se esgotando à medida que todas as semanas, mais tempo era pedido, e novos grupos de filipinos chegavam a Macau e se deparavam com a mesma situação.
Ao PONTO FINAL, Maria revela que mais de 200 pessoas terão sido enganadas por este esquema. Filipinos que, em alguns casos, estavam já estavam empregados em Macau, Hong Kong e até na China e que largaram os empregos na esperança de virem a receber um salário melhor.
Em Agosto, já desconfiados de que algo não estava a bater certo, Maria e um grupo de várias outras pessoas contactaram o um dos hotéis mencionados, para se inteirarem se a recrutadora ali trabalhava.
Perante a resposta negativa, o grupo decidiu denunciar o caso às autoridades filipinas e à Policia Judiciária do território, onde foram formalizadas 85 queixas e apresentados vários documentos, entre os quais recibos a comprovar as transferências bancárias. De acordo com informações recolhidas pelo PONTO FINAL, foi também entregue uma cassete contendo imagens onde um imigrante filipino aparece, alegadamente, a entregar dinheiro à recrutadora.

Guerra

A história de Maria e de todas as outras vitimas deste esquema chegou, naturalmente, às Filipinas, onde o presidente do Senado, Miguel Vilar, declarou "guerra" aos recrutadores ilegais.
Recordando que "infelizmente este não é um caso virgem", Vilar revelou, em comunicado, que na sequência de queixas apresentadas por 10 vitimas, entretanto regressadas às Filipinas, o departamento nacional de investigações já está a efectuar diligências.
O presidente do Senado apelou também ao Consulado das Filipinas em Macau para prestar todo o auxilio necessário às vitimas destes esquemas, incluindo assistência jurídica, de modo a que todos possam apresentar queixa contra "os recrutadores ilegais, que têm que ser parados".
Entretanto, o PONTO FINAL sabe que está agendada para hoje, segunda-feira, uma reunião entre representantes dos trabalhadores filipinos e o cônsul-geral daquele país. Em cima da mesa deverá estar a possibilidade de o consulado encontrar uma forma de ajudar a resolver o problema, nomeadamente pagando as viagens de regresso a casa.

Crescimento das receitas abranda em Setembro

Jogo em queda

As receitas do jogo em Macau caíram entre 3,5 a 4 por cento, em Setembro, descendo para 6.900 milhões de patacas, o que acontece pela primeira vez desde a liberalização do sector em 2002.
Dados recolhidos pela agência Lusa junto dos operadores em actividade em Macau indicam que, depois de nos primeiros 15 dias de Setembro as receitas brutas terem registado um crescimento praticamente nulo, a segunda metade do mês não se mostrou muito positiva levando Setembro a fechar no vermelho na comparação com o mesmo mês de 2007.
Os números apurados pela Lusa reflectem, mesmo assim, um crescimento acumulado nos primeiros nove meses do ano entre 44,5 por cento e 45 por cento contra os primeiros nove meses de 2007 devido, fundamentalmente, às fortes subidas do sector registadas na primeira metade de 2008.
Entre Janeiro e Setembro, o Jogo em casino registou receitas brutas totais de cerca de cerca 84.500 milhões de patacas, mais cerca de 1.500 milhões de patacas do que nos 12 meses de 2007.
No entanto, tendo em conta os dados do terceiro trimestre - 25.800 milhões de patacas - é já clara a desaceleração do sector já que no primeiro trimestre as receitas brutas totalizaram 29.823 milhões de patacas, e no segundo trimestre 28.885 milhões de patacas.

Alterações

O mês de Setembro ficou ainda marcado por algumas mudanças de posição nas quotas de mercado dos operadores evidenciadas até Agosto, já que a Melco/PBL, que lutava com a norte-americana Wynn Resorts pelo terceiro lugar de quota, sofreu uma forte quebra e ocupou em Setembro o quinto posto com pouco mais de 8 por cento.
A quota da Melco/PBL, controlada por Lawrence Ho, filho de Stanley Ho, e pelo magnata australiano James Packer, é ligeiramente superior à da MGM Macau, uma joint-venture que conta com a participação de Pansy Ho, outra filha de Stanley Ho, e que fechou Setembro também em queda mantendo o sexto posto com quase 8 por cento de quota.
No primeiro lugar pelo segundo mês consecutivo está a Las Vegas Sands, do magnata Sheldon Adelson, que conquistou em Setembro uma quota de mercado superior a 28 por cento, bem acima dos cerca de 25,5 por cento da Sociedade de Jogos de Macau de Stanley Ho. A Wynn Resorts conservou o seu terceiro lugar no ranking mensal com pouco mais de 19 por cento de quota de mercado, enquanto que a Galaxy, apesar de não ter aumentado significativamente a sua quota, beneficiou da queda da Melco/PBL e estava em Setembro no quarto lugar com pouco mais de 10 por cento.
Em termos acumulados, nos primeiros nove meses do ano, a Sociedade de Jogos de Macau continua a liderar as receitas brutas com cerca de 26,5 por cento do mercado, seguida da Las Vegas Sands com cerca de 23 por cento e da Wynn Resorts com cerca de 17 por cento.
A segunda metade da lista é ocupada pela Melco/PBL com pouco mais de 15 por cento, seguida da Galaxy Resorts com cerca de 10 por cento e da MGM Macau com cerca de oito por cento.
Macau tem actualmente 31 casinos, dos quais apenas 30 estão em funcionamento, e seis operadores de jogo.

Governo corta mão-de-obra importada para a construção

Suspensão imediata

O Governo de Macau anunciou medidas restritivas na importação de mão-de-obra não residente, com o objectivo de proteger os empregos para locais.
O secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam, disse aos deputados da Assembleia Legislativa, durante uma reunião de trabalho, no passado dia 3, que serão suspensos de “imediato” mais pedidos de autorização para trabalhadores não residentes para o sector da construção.
Esta medida é acompanhada do início de um estudo de avaliação global sobre o número de trabalhadores no sector da construção para “reduzir, de forma gradual, o número destes trabalhadores”.
A 1 de Janeiro de 2009, segundo Francis Tam, será suspensa a importação de mão-de-obra para cargos de supervisão nos casinos, já que o executivo liderado por Edmund Ho pretende que estes lugares sejam ocupados “na totalidade” pelos trabalhadores residentes.
Já para as empresas de prestação de serviços de limpeza e segurança, as quotas de importação “serão reduzidas para metade” aquando da renovação dos contratos, afirmou o secretário.
Com mais de 100.000 trabalhadores não residentes em Macau em Julho, Francis Tam reconheceu que a “sociedade tem prestado especial atenção” à evolução do número desses trabalhadores, mas lembrou que o “ajustamento à política” não é fixar um número, ”mas sim manter uma taxa de desemprego entre os trabalhadores locais relativamente baixa”.
”Pensar exclusivamente em reduzir o número dos trabalhadores não residentes sem ter em atenção o mercado de mão-de-obra local não é científico nem corresponde aos interesses dos trabalhadores locais”, referiu.
”Tendo em conta a realidade, o Governo de Macau vai continuar a controlar e fiscalizar a importação de trabalhadores com uma atitude mais pragmática, com o objectivo de alcançar a meta definida”, acrescentou.

Editorial

Aterragem

As notícias sobre restrições à emissão de vistos individuais, por parte do governo de Pequim, ainda não foram oficialmente confirmadas. Mas os seus efeitos já se fazem sentir. No meios financeiros norte-americanos, as empresas do jogo com investimentos em Macau foram penalizadas, com as suas avaliações de risco a aumentar, ao mesmo tempo que enfrentam maiores dificuldades em obter financiamentos junto da banca.
Mesmo que a anunciada restrição na emissão de vistos seja, por enquanto, uma intenção, não deixa de constituir mais um sinal de que a economia do território está a caminho do abrandamento.
Depois de ter "descolado", com a liberalização do jogo, em 2002, e andar a "voar alto", durante alguns anos, a indústria do jogo parece preparar-se agora para uma "aterragem", no meio da "turbulência" que agita os mercados financeiros internacionais.
Para quem pensava que o céu não tinha limites e apostou nisso, a "aterragem" poderá ser algo conturbada. E olhando à nossa volta, parece que todos apostaram no mesmo.
As primeiras medidas que apontam para uma tentativa de controlar os estragos já foram anunciadas. A decisão de suspender a importação de mão-de-obra, no sector da construção, com a limitação da contratação no exterior para a área do jogo - a aplicar apenas em Janeiro do próximo ano - visam, obviamente, reduzir o crescimento do desemprego, uma consequência quase inevitável do "arrefecimento" da economia local.
Mas o problema dificilmente se resolverá apenas com restrições deste tipo. A indústria do jogo precisa de mão-de-obra qualificada e o mercado de trabalho, em Macau, não tem oferta suficiente.
O Executivo arrisca-se, assim, a ser preso por ter cão e por não ter: de um lado, as empresas do jogo a queixarem-se de falta de mão-de-obra, do outro, as associações e trabalhadores locais a clamarem contra a importação de mão-de-obra.
Tudo isto prenuncia uma "aterragem" complicada. Porque, para além do "mau-tempo", os passageiros dão sinais de agitação.

Paulo Reis

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