19.12.07

1446 Série III Ano XVI

MACAU/DELTA

PROPOSTA DE LEI DO ORÇAMENTO PARA 2008 APROVADA
Deputados (quase) acertam contas

A Lei do Orçamento para o próximo ano foi aprovada com dois chumbos dos democratas: é inaceitável que a actualização das despesas no sector das obras públicas não passe pelos deputados e a isenção fiscal na compra de imóvel puxa à compra de bens de luxo, defendem. Também a ala pró-governo diz que a medida não protege os mais pobres, mas votou a favor

Sónia Nunes

A Assembleia Legislativa aprovou ontem a proposta de Lei do Orçamento Financeiro para 2008, com dois votos contra dos deputados Ng Kuok Cheong e Au Kam San. Os democratas chumbaram dois artigos do diploma: a fixação da despesa total em 40,970 milhões de patacas e a isenção do pagamento de imposto de selo sobre a transmissão de imóveis avaliados até três milhões de patacas. O saldo positivo do cofre público, defendem, corre o risco de sem o aval dos deputados ser usado abusivamente pelo Governo, na pasta das obras públicas. Já o benefício fiscal vai incentivar a compra de prédios de luxo.
A proposta de lei prevê uma receita total de 40,977 milhões de patacas e uma despesa consolidada de 32 530 milhões – valores que representam um crescimento de 33 e 15 por cento, respectivamente, contra o orçamento de 2007. O saldo positivo para 2008 será assim de 8,448 milhões de patacas. E é na distribuição do erário público que os democratas centram a objecção. “Após a aprovação dessa verba, o tal saldo positivo vai ser usado ao bel-prazer do Governo, sem passar por qualquer outra apreciação por parte da Assembleia Legislativa. Esta situação é absolutamente inaceitável”, argumentou Ng Kuok Cheong, na declaração de voto também assinada por Au Kam San.
O representante da Associação Novo Macau Democrático destacou que o Executivo já disse que não vai usar os saldos orçamentais dos anos anteriores, embora no cálculo da receita total sejam incluídos os valores acumulados (cerca de 2,670 milhões de patacas). “É inaceitável que na conta dos saldos dos anos anteriores se misturem as disponibilidades dos saldos e a previsão inicial dos saldos dos organismos autónomos”, declarou.
Ng Kouk Cheong invocou ainda a Lei Básica para chamar o exame da AL para aprovação do orçamento, uma vez que o Governo “actualiza as despesas e não apresenta o orçamento anual das acções de investimento de maior dimensão para apreciação”. Da prática resultam os “problemas de falta de fiscalização e de transparência do PIDDA [Plano de Investimento e de Despesas de Desenvolvimento da Administração]”. Para o democrata é necessário prever o abuso na utilização do erário público e travar as despesas com as obras públicas de maior envergadura. A boa tutela, argumentou, seria conseguida com a criação de um mecanismo que permitisse aos deputados a apreciação das dotações da rubricas. E concluiu: “A AL não deve aprovar o PIDDA para assim obrigar o Governo a apresentar um a um, todos os reforços orçamentais que efectuar ao PIDDA, para uma apreciação mais aprofundada por parte da AL”.

Democratas contra redução do imposto predial

A distribuição da riqueza está tutelada nos artigos 14º e 18º da proposta de lei do orçamento que se referem à isenção do imposto de selo sobre a transmissão de bens e a redução da colecta de contribuição predial urbana. O benefício fiscal assustou alguns deputados que temem a especulação imobiliária e o aumento do fosso entre ricos e pobres. A 1º Comissão apresentou ontem dois aditamentos à lei: ditou o prazo de três anos antes de revenda do imóvel adquirido no regime fiscal e o pagamento do imposto de selo caso haja transacção de bem. A excepção é levantada nos casos de herança. Também a isenção do imposto de selo nas fracções destinadas a estacionamento será limitado. Entendeu-se que medida beneficiava os particulares e chocava com a política de prioridade aos transportes públicos.
O secretário para Economia e Finanças Francis Tam referiu que as cláusulas do artigo 14º verá ainda o “conteúdo aperfeiçoado”. O Governante fez ainda uma alteração ao ponto 16º: as publicidades referentes ao tabaco ou Grande Prémio de Macau não serão isentas de taxas de imposto sobre informação comercial.
Contudo, os democratas não aceitam nem a redução da colecta predial urbana (fixada em 3500 patacas), nem a isenção do pagamento do imposto de selo sobre a transmissão de prédios. “Face ao elevado preço das residências de luxo, não deve o Governo continuar a adoptar medidas que incentivem os residentes locais a comprar este tipo de residências”, defendeu Ng Kuok Cheong. Também a redução da contribuição predial é, continuou, uma medida aplicada anualmente, sem resultados eficazes. Os democratas instam ainda o Executivo a rever o regulamento do imposto “por forma a reduzir em grande escala os encargos dos residentes”.
Já a ala pró-groverno manifestou a intenção de voto favorável na declaração conjunta de Lee Chong Cheng, Leong Iok Wa, Kwan Tsui Hang e Lau Cheok Va. Embora o vice-presidente da AL tenha ressalvado que as medidas fiscais “não beneficiam os residentes com baixos rendimentos sem habitação própria” e “não reduzem o fosso entre ricos e pobres”. Ainda assim as medidas indicam distribuição de recursos e merecerem a luz verde de Lau.


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AU KAM SAN CRITICOU SISTEMA DE ELEIÇÕES DA RAEM
Há almoços grátis

A dois dias das manifestação organizada pela Associação Novo Macau Democrático, Au Kam San voltou a criticar o sistema de eleição local e a pedir o sufrágio directo e universal. No discurso antes da ordem do dia, o deputado insistiu nos níveis de corrupção do Executivo e recuperou a metáfora do saque.
“Nos últimos oito anos assistimos com frequência a situações como corrupção grave, venda de terrenos de preços de saldo, nepotismo, clientelismo (...) e menosprezo pelos assuntos relacionados com a população, tudo isto num caos em que uma minoria (...) saqueia, sem pudor e abertamente, os recursos públicos”, declarou o democrata. A atitude, continuou Au Kam San, resulta do sistema de “eleições realizadas em pequeno círculo”, passíveis de influência. Reforçou ainda “conluio” entre Administração e as “pessoas com especiais prerrogativas”, na concessão de terrenos fora da hasta pública.
A criação de um sistema democrático, defendeu, é a única ferramenta para romper “com o monopólio dos recursos económicos e políticos”. Recordou que Edmund Ho tem adiado a auscultação sobre o sistema politico – prometido para o segundo semestre de 2007 – e insinuou que a Lei Básica, ao contrário do diploma da RAEHK, omitiu a passagem sobre a eleição universal do Chefe do Executivo, por acção de algumas figuras pró-Pequim que querem “proteger ad eterno os seus privilégios”. E rematou: “É claro que as pessoas estão habituadas a ter almoços de borla e não estão dispostas a pagá-los, vivem à custa de privilégios e, ter de os largar, é matá-las”.
Já Tsui Wai Kwan e Chui Sai Cheong acusaram uma minoria de estar a instigar a maioria a erguer vozes contra o governo e que com a propagação de slogans como “a população exige” “há quem provoque propositadamente distúrbios”. O burburinho prejudica, defenderam, a boa governação e a vida em sociedade e serve para esconder o “que se faz bem” – “técnica utilizada por alguns políticos para alcançarem objectivos divisionistas”, concluíram. Também o deputado Leong Heng Teng referiu que a “população de Macau trabalha com felicidade”, que “os operários, moradores e famílias monoparentais estão tranquilos” e espelham alegria. Tsui e Chui destacaram o metro ligeiro, o sistema de segurança social como medidas favoráveis aos cidadãos e afirmaram que num sistema capitalista é impossível o ajuste do nível de riqueza: “Nunca se podem cortar 60 biliões aos pedaços e distribuí-los como bolinhos aos nossos mais de 400 mil residentes, só para dizer que há partilha dos frutos do desenvolvimento económico, não é assim?”.

CAIXA
Preço da carne de vaca duplicou em 15 dias
Deputado defende liberalização do mercado

Cham Meng Kam alertou para as recentes duas suspensões do fornecimento de carne de vaca e indicou que em 15 dias o preço do produto “aumentou duas vezes, passando de 24 patacas a 34 patacas por cate, um aumento superior a 40 por cento”. A subida dos bens alimentares, continuou, arrasta-se também à carne de porco e ao óleo.
O deputado defendeu que a inflação resulta do monopólio da distribuição dos bens alimentares e do facto de a estabilidade dos preços estar dependente do exterior, sobretudo da China - o que ganha especial revelo com a subida crescente do remimbi. O Executivo, sugeriu, deverá considerar a “liberalização do mercado abastecedor”.
Cham destacou o aumento do custo de vida e concluiu que a população não consegue “acompanhar o rápido aumento da inflação, sem esquecer que existem ainda cerca de 85 mil trabalhadores a auferir apenas 5 mil patacas por mês”.

CAIXA
Protocolo de Quioto sem critérios

Lee Chong Cheng acusou a assinatura do Protocolo de Quioto por Macau de mero formalismo. O deputado afirmou que a ratificação foi feita sem o estabelecimento de critérios e atribuição de responsabilidades para “reduzir a emissão de gases que provocam o efeito de estufa”. A RAEM cumpre o diploma, à semelhança da China, como região em desenvolvimento. Porém, Lee destacou que a Administração tem dinheiro para seguir melhores medidas ambientais e pediu mais fiscalização para a Central Térmica de Coloane e Central de Incineração.


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DEPUTADO ENTREVISTADO PELA XINHUA
Ieong Tou Hong pela diversificação económica

O deputado nomeado pelo Chefe do Executivo Ieong Tou Hong concedeu uma entrevista à agência de notícias Xinhua onde afirma que Macau, em termos históricos, se encontra no "melhor momento do seu desenvolvimento económico devido ao rápido crescimento dos últimos oito anos." Ieong Tou Hong não deixa, contudo, de assinalar que é necessário contrapor ao domínio do jogo uma maior diversificação das actividades económicas. Ieong Tou Hong, investigador do Centro de Estudos Económicos, Sociais e de Políticas Públicas do Instituto Politécnico de Macau, é membro do Conselho para o Desenvolvimento Económico da RAEM e presidente da Direcção da Associação Promotora da Economia de Macau.
Apesar dos resultados económicos, defende que este crescimento trouxe ainda problemas como inflação, falta de mão-de-obra e escassez de terrenos. Assim, acredita, "o Governo terá de melhorar as políticas macroeconómicas e a legislação relativa ao sector do jogo."
Para diversificar a economia, o deputado sugere que se reforce o sector dos transportes a nível local e a nível transfronteiriço. Do mesmo modo, Ieong Tou Hong propõe que se promova o sector das indústrias culturais com base no património histórico. Também o sector dos serviços é uma via apontada pelo deputado, que sustenta também a aposta no desenvolvimento de áreas como as finanças, os seguros e a contabilidade.
Nas vésperas da comemoração do oitavo aniversário (20 de Dezembro) da transição de soberania de Macau para a República Popular China, o deputado faz um balanço positivo da acção governativa do actual Executivo. No seu entender, o Governo "cumpriu os objectivos de rápido crescimento, elevas taxas de emprego e uma inflação relativamente baixa ao longo dos últimos oito anos." Tudo isto, acrescenta, no quadro de respeito pela Lei Básica, que permite uma política de porto franco e de baixos impostos.


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TERRY LANNI NA ABERTURA DO MGM GRAND
"Vamos ser parte de Macau por muitos e bons anos"

O MGM Grand Macau, o casino da parceria entre a MGM Mirage e Pansy Ho, filha de Stanley Ho, que custou 1,25 mil milhões de dólares (cerca de 8700 milhões de patacas), abriu ontem as portas.
A inauguração do MGM, que decorreu na Grande Praça, um espaço inspirado na arquitectura portuguesa de Lisboa, contou com a participação representantes de toda a concorrência, incluindo o pai de Pansy, Stanley Ho, e o irmão Lawrence Ho, que está associado aos australianos da PBL no consórcio Melco/PBL.
Na ocasião, Terry Lanni, chefe executivo da MGM Mirage, disse que "somos os últimos a entrar, mas estamos aqui em grande e vamos ser parte de Macau por muitos e bons anos."
A empresa, como tem sido noticiado nos últimos dias, está a negociar com a Dubai World, uma "holding" do governo daquele país dos Emirados Árabes Unidos, e detentora de 5 por cento da MGM Mirage, a expansão das suas relações até Macau e à China, mas não necessariamente em áreas relacionadas com o jogo.
Ontem, em declarações à Reuters, Gordon Asher, vice-presidente para as relações públicas da empresa norte-americana, disse contudo que ainda nada fora concretizado nesse sentido.
Recorde-se que a empresa Dubai World já detém interesses em Macau, no sector imobiliário.

O primeiro de muitos

Para Pansy Ho, o MGM Grand Macau é o primeiro de "vários projectos" que a parceria tem previstos para Macau e o consórcio pretende também desenvolver um hotel/casino na zona do Cotai.
Localizado na marginal junto ao rio, o MGM Grand Macau tem 35 andares, espaços comerciais, zonas de convenções e exposições e restaurantes, vai empregar 6.000 pessoas e possui no seu interior uma praça inspirada na arquitectura portuguesa com a réplica de vários edifícios da baixa lisboeta.
O novo hotel/casino, o 28º espaço de jogo da Região Administrativa Especial de Macau, - ou 27º se se tiver em conta que o Casino Flutuante está encerrado para manutenção -, está integrado num complexo que inclui um hotel de 600 quartos, suites e apartamentos.
Com a entrada em funcionamento do MGM, que vai explorar 385 mesas, 890 "slot-machines" e 16 salas para jogadores VIP, todos os operadores licenciados estão activos no mercado do Jogo de Macau.


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AGÊNCIA SANCIONADA PELA DST REAGE EM COMUNICADO
"Não houve ameaças de abandonar turistas"

A Agência de Viagens Juventude Internacional, excluída pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST) do programa de viagens "Excursões a Macau" por ter estado envolvida nos confrontos com 126 turistas há cerca de 15 dias em Hac Sa, defende que o referido incidente não se deveu a problemas de "ameaças de abandonar os turistas" ou esteve relacionado com as "viagens a custo zero". No entanto, não são avançadas explicações para o sucedido. Num comunicado difundido cerca da meia-noite de ontem, no qual reagiu à medida adoptada pela DST, a empresa diz também que as agências que praticam essa modalidade de turismo acabaram por não ser penalizadas, facto que é considerado "infeliz", e defende que o itinerário da excursão que acabou por protagonizar o episódio de violência foi acordado com os turistas e a agência do continente.
A agência diz ainda que se manteve em silêncio até a este momento para não prejudicar as investigações que apuraram a culpa da empresa e de quatro guias.
Apesar das repercussões que o incidente acabou por ter na imagem internacional de Macau, com notícias difundidas no mundo inteiro pelas principais agências noticiosas, a Agência de Viagens Juventude Internacional diz-se tranquila relativamente à imagem da empresa, cuja actividade nos "últimos 20 anos granjeou uma reputação de honestidade". A empresa diz mesmo que este episódio acabou por ter um efeito positivo, uma vez que pôs na ordem do dia "problemas profundos no sector do turismo de Macau que precisam de ser solucionados."
Por fim, o documento conclui dizendo que a empresa "vai, como sempre, apoiar o governo central e o governo local no cumprimento da lei e contribuir para criar um bom ambiente no sector do turismo de Macau."
Recorde-se que a DST, numa decisão anunciada anteontem, considerou que tanto a agência como os quatro guias "infringiram o diploma regulador da actividade da agência de viagens e da profissão de guia turístico", pelo que se procedeu à "exclusão da agência de viagens receptora da lista de participantes do programa turístico 'Excursão a Macau'". A medida, no entanto, não teve efeito imediato, e ainda anteontem, de acordo com o jornal de Hong Kong The Standard, a referida agência continuava a sua actividade.

CAIXA
Turistas do continente já têm a quem apresentar queixa

Os turistas do continente vão poder queixar-se às autoridades do turismo nacionais acerca de produtos falsos que comprem em Macau, uma medida que surge depois da Direcção dos Serviços de Turismo (DST) ter tido uma reunião na passada semana em Pequim com a Administração Nacional do Turismo da China, encontro onde foi apresentado o relatório sobre os incidentes de Hac Sa que resultaram na exclusão da Agência de Viagens Juventude Internacional. A par com esta medida surge outra, lançada pela DST em conjunto com o Conselho dos Consumidores, consistindo na atribuição a cerca de 1300 lojas comerciais de Macau do título "Comércio Honesto".
De acordo com a edição de ontem do jornal Shanghai Daily, vários residentes de Xangai e Pequim têm apresentado queixas relativamente a esquemas fraudulentos de comércio em Macau e Hong Kong.


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SEGUNDA-FEIRA À NOITE NO NAPE
Tiro para o ar para deter assaltante

Na passada noite de segunda-feira, no NAPE, um polícia disparou um tiro para o ar na rua de Xiamen, uma das ruas pedonais da zona, na tentativa de deter um assaltante que momentos antes havia tentado um furto a uma mulher que entrava num edifício. O homem terá usado uma tesoura para ameaçar a mulher, quando o polícia, que se encontrava no local, avistou a situação. Depois de gritar para o assaltante parar, este pôs-se em fuga em direcção à rua de Luís Gonzaga Gomes até que o agente ter aberto fogo. Aí o assaltante parou e permitiu que o polícia o detivesse. O agente apreendeu no local a tesoura que o alegado criminoso terá usado para ameaçar a mulher e ainda uma faca de cozinha. A mulher, que não perdeu nenhum bem material que transportava, teve no entanto que ser transportada ao hospital Conde de São Januário em virtude de ferimentos ligeiros que apresentava no pescoço.

Polícia pode usar pistola

A questão do tiro para o ar disparado por um agente durante a manifestação do passado dia 1 de Maio acendeu o debate em torno da legitimidade desse acto. No passado dia 12, o gabinete do secretário para a Segurança, Cheong Kuok Va, em resposta ao deputado Ng Kuok Cheong, defendeu a legalidade desse tiro disparado na manifestação porque o "actuou tendo em conta as condições especiais verificadas na ocasião e no local, tomando, assim, uma medida de natureza de 'alerta', sem outra alternativa eficaz para evitar ferimentos graves ou acidente mortal."
Na resposta, as autoridades argumentaram ainda que "não se pode considerar que o referido agente policial tenha ido contra à lei, nem contra as indicações das autoridades policiais, como também o uso de pistola não é contra as regulamentações do Estatuto dos Militarizados das Forças de Segurança de Macau".


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CONSELHO VOLTA A REUNIR NO PRÓXIMO ANO
Regime jurídico para os Bairros Antigos pronto em 2008

O Conselho Consultivo para o Reordenamento dos Bairros Antigos (CCRBA) apresentou ontem a proposta de regime jurídico para o plano urbanístico. Um diploma com 70 artigos que precisa ainda de ver regido mais regulamentos para garantir a sua concretização legal. Os trabalhos deverão ficar concluídos no segundo semestre de 2OO8, altura em que se dará início à produção legislativa. Isto depois de findas as fases de auscultação inter-departamental e pública.
O organismo, criado em 2005 e que conta com três gabinetes, tem ainda que determinar as formas de delimitação das zonas de reordenamento, estabelecer a competência para elaborar o plano urbano e ditar as regras de audição dos proprietários. Também as percentagens e cálculo dos apoios ou benefícios fiscais a serem atribuídos aos proprietários que assinarem a concordância com a execução do projecto ou os subsídios destinados aos habitantes e arrendatários (onde se incluem as fracções comerciais) estão por definir. Os temas foram alvo de discussão em 2007 mas sem avanços: ainda não se sabe de deve ser ou não estabelecido o direito de preferência do Governo nas transmissões de imóveis.
O CCRBA fez também um balanço da actividade do ano passado e destacou “as discussões aprofundadas sobre temas polémicos”, as sessões de esclarecimento e o contacto directo com os moradores e a parceria com os serviços de Investigação Sobre a Actual Situação dos Residentes no Bairro Iao Hon.


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FP chamada a trabalhar na reforma administrativa

Está aberta desde ontem a inscrição no Plano de Participação Voluntária no programa da reforma da Administração Pública. Até 28 de Janeiro, os Serviços da Administração da Função Pública (SAFP), convidam os trabalhadores do sector a participarem na concretização dos 34 pontos da reforma administrativa e nos 38 da reforma jurídica.
Esta é a primeira fase de recrutamento dos funcionários públicos e pretende elevar o nível profissional e reforçar o “sentido de missão e pertença, introduzindo nova força motriz na reforma”, lê-se no comunicado oficial. Os trabalhadores podem deixar as suas ideias estratégicas na página da internet do Governo. Será depois feita uma selecção dos candidatos, tendo em conta o curriculum e o ajuste das sugestões ao plano de trabalhos do Executivo. Os voluntários escolhidos serão chamados a intervir no programa de reforma da Administração Pública.


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ICBC na calha de adquirir Seng Heng

O processo de aquisição, por parte do banco ICBC, do banco Seng Heng deverá ficar concluído no início do próximo ano, de acordo com as declarações de Shen Xiao Qi, director do ICBC em Macau, reproduzidas no canal chinês da TDM. Segundo o responsável, o instituição bancária da qual faz parte está à espera do parecer das autoridades supervisoras financeiras do continente. Contudo, Shen mostra-se confiante.
Na opinião deste executivo, este negócio vai beneficiar os interesses de ambas as instituições bancárias, e disse ainda que, após o negócio, a estrutura do Seng Heng deverá manter-se praticamente a mesma.


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Fim de ano em festa

O Instituto para os Assuntos Sociais e Cultura e a Direcção dos Serviços de Turismo anunciaram ontem a realização de festividades para a comemoração do ano novo. Assim, vai haver uma festa junto aos Lagos Nam Van, onde estará instalado um ecrã gigante que vai fazer a contagem decrescente até que 2008 seja realidade. Na praça de Nam Van vão actuar ainda artistas convidados da China e de Taiwan. As estações de televisão Nan Fang e Fushan vão estar presentes com programação especial. Para a Torre de Macau está programada uma sessão de fogo-de-artifício assim que os relógios passarem da meia-noite. Também a zona do Carmo, na Taipa, vai ter direito a festa, com um ecrã a ser instalado nas Casas Museu.



DESPORTO

SELECÇÃO DE MACAU PERDEU EM CASA POR 3-1
Taça da Soberania conquistada pelos jovens de Guangdong

Vítor Rebelo

A selecção principal de futebol da RAEM fechou o ano de 2007 com mais uma derrota. Desta feita foi na Taça comemorativa do aniversário da passagem de soberania de Portugal para a República Popular da China, num confronto com a província de Guangdong.
A formação comandada pelo japonês Kageyama Masanaga perdeu na noite de ontem por 3-1, em partida realizada no relvado do Estádio da Universidade de Ciência e Tecnologia, depois de na primeira mão, sábado, em Zhuhai, ter igualmente sido ultrapassada por 2-0.
A equipa do território apresentou quase o mesmo onze, com apenas duas alterações e actuou em ritmo mais atacante do que acontecera no encontro anterior, fora de casa.
Guangdong, que voltou a actuar com jovens menores de 20 anos, ganhava já ao intervalo por 2-0, depois de dominar durante quase toda a primeira metade.
No período complementar, a selecção de Macau arriscou mais e chegou ao golo, à passagem dos 60 minutos, através do verdadeiro ponta-de-lança da equipa, Chan Kin Seng, jogador do Monte Carlo.
O terceiro tento dos representantes da República Popular seria obtido mesmo em cima do minuto noventa.
Curiosamente, a equipa da RAEM melhorou a sua produção depois de ter ficado a jogar com dez unidades, por expulsão de Lam Ka Pou. No entanto, sabe-se da dificuldade habitual dos jogadores de Macau em concretizar oportunidades de golo, daí mais um desfecho negativo, em final de temporada em termos de selecção.
Assim, Guangdong totalizou um resultado de 5-1 nas duas mãos, levando consigo o respectivo troféu.
Recorde-se que, na edição de 2006, Guangdong havia ganho igualmente em casa por 2-0, mas consentiu uma igualdade a uma bola em Macau.


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EMERSON FITTIPALDI EM ENTREVISTA EM ZHUHAI
A1GP será alternativa à Fórmula 1

O campeonato A1 Grand Prix vai ser, dentro de dois ou três anos, uma alternativa ao mundial de Fórmula 1, afirmou o piloto Emerson Fittipaldi, campeão na principal categoria do automobilismo em 1972 e 1974.
Em entrevista à Agência Lusa, Fittipaldi, que no último fim de semana esteve presente na prova realizada na cidade chinesa de Zhuhai, disse que a entrada da Ferrari na temporada 2008-2009 vai transformar os carros da A1 no "sonho" da Fórmula 1.
"Quando se tem muita pressão aerodinâmica do chassi, não se consegue seguir o carro da frente, e por isso não se consegue ultrapassar, o que é um dos grandes problemas da Fórmula 1", afirmou o ex-piloto, acrescentando que o modelo desenvolvido pela Ferrari para a A1GP possibilitará "andar grudado" no carro da frente.
Segundo o dono da equipa brasileira de A1GP, a Ferrari está motivada com o projecto, pois a modalidade permite uma corrida com mais ultrapassagens e com mais competição, "o que a Fórmula 1 de hoje não tem".
Emerson Fittipaldi disse que a evolução do conceito e do campeonato vai transformar a prova numa alternativa aos pilotos de Fórmula 1, assim como aconteceu nos Estados Unidos com a Fórmula Indy.
O bicampeão mundial afirmou também que não imaginava que o A1GP tivesse uma evolução tão rápida. Para o brasileiro, existe um "movimento que vem da Fórmula 1" contra a categoria, mas não é possível segurar a sua evolução.
"Está cada vez mais difícil porque hoje há equipas como a China, que não tinham tradição no automobilismo, e que nesta terceira temporada estão muito competitivas, à frente de muitos países com tradição", disse.
O segredo da A1 está "no talento do piloto e nas afinações da equipa para cada pista", afirmou Fittipaldi, ressaltando que a categoria abre portas e "também dá chances a países que nunca participaram num campeonato mundial".
Fittipaldi disse ainda que o conceito da modalidade é "revolucionário" por introduzir a disputa de país contra país, uma espécie "Copa do Mundo de automobilismo". Para o piloto, a experiência e o marketing da Ferrari vão proporcionar uma "fórmula fantástica", com um carro de mais de 600 cavalos, sem electrónica.

Atenção a Nelsinho Piquet

Com dificuldade em ficar longe das pistas (fez uma viagem de 30 horas para assistir à corrida de A1GP na China), o ex-piloto brasileiro prevê que, na próxima temporada da Fórmula 1, Nelsinho Piquet "vai dar mais problemas" a Fernando Alonso do que Lewis Hamilton este ano, porque o brasileiro "anda muito rápido".
Fittipaldi revelou que, depois da saída de Michael Schumacher, pensou que o campeonato fosse perder muito do seu interesse, mas gostou da estreia "brilhante" de Hamilton. Apesar disso, sublinhou a falta de competitividade no campeonato.
"Ainda há um desequilíbrio muito grande entre as equipas, o que para mim é o grande problema. Não é como nos anos 70, em que todas as corridas tinham cinco ou seis carros que podiam vencer. Hoje sabemos quem são os favoritos", disse.
Sobre os outros brasileiros na F1, Fittipaldi acredita que Felipe Massa está numa "posição excelente e tem chances de ganhar o mundial", enquanto Rubens Barrichello terá de esperar pelo desenvolvimento da Honda.
Fittipaldi aposta em Lewis Hamilton como grande candidato ao título de pilotos, mas sonha em ver o nome de sua família retornar às grandes provas mundiais de automobilismo. Os seus netos Pietro, de 11 anos, e Enzo, de cinco anos já disputam e "vencem" provas de karting nos EUA.

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