21.1.08

ASSOCIAÇÃO DOS MÉDICOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE DE MACAU ARRANCOU ONTEM
Queixas dos pacientes
preocupam médicos


Marta Curto

"O que mais provoca ansiedade e instabilidade aos médicos é a questão das queixas dos pacientes", dizia ontem Fernando Gomes na tomada de posse da Associação dos Médicos dos Serviços de Saúde de Macau, da qual é vice-presidente. Embora já exista desde Novembro, só agora a associação foi oficializada, e Fernando Gomes está pronto para defender os interesses dos médicos de serviço público junto do executivo. "Já tivemos uma reunião de cortesia com o Governo, mas agora é que vamos começar os trabalhos". E o primeiro ponto na lista é a questão do erro médico. Segundo Fernando Gomes, os médicos já se defendem no trabalho do dia a dia, tal é o receio de processos movidos pelos pacientes. "Um médico agora já irá pensar duas vezes antes de usar técnicas mais recentes, porque não quer pagar os custos de um advogado no caso de lhe ser movido um processo. Isto não faz sentido. Nós somos funcionários como tantos outros: se o 'cliente' apresenta queixa, cabe ao patronato defendê-los". Fernando Gomes não especificou quantos casos de erro médico estariam nas barras do tribunal, muito menos falou em culpas ou inocências.
A verdade é que os serviços públicos de saúde em Macau não estão em melhor estado. As listas de espera não são fáceis de suportar para quem tem dores, e as queixas amontoam-se. "Nós temos falta de médicos a nível de reumatologia, medicina interna, medicina de reabilitação. Mas também temos médicos novos a entrar, nomeadamente da China continental e de Portugal. O problema aqui é que o aumento de residentes de Macau foi exponencial e estamos a preparar-nos para isto aos poucos", explica Fernando Gomes, adiantando que o tempo de espera num hospital público em Macau não é, no entanto, superior ao de Hong Kong. "Uma coisa é deixarmos uma pessoa que tem uma diarreia, uma febre ou tosse, à espera. Outra coisa é ficar uma pessoa com uma ferida exposta horas à espera de ser atendida. Isso seria um crime, mas isso não acontece".
Acrescenta que os serviços públicos de saúde não estão preparados para uma enchente de 80 mil trabalhadores não residentes em Macau. "E isto também não é ir buscar médicos ali à esquina". Outro hospital poderia ser uma solução, mas segundo Fernando Gomes: "Vamos primeiro arrumar esta casa, antes de pensarmos numa casa de férias".
A verdade é que a situação actual dos médicos também não ajuda a uma maior eficácia no trabalho, que teria de passar muitas vezes pelo sacrifício destes profissionais. A questão das carreiras já foi amplamente discutida e Fernando Gomes propõe-se a levar o tema ao Governo. "Tem de haver um ajustamento indiciário em relação à situação actual da sociedade. Mas não me parece bem estarmos a falar nisto à comunicação social, antes de discutirmos o assunto com o Executivo, que já se mostrou muito aberto às nossas sugestões".

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