7.1.08

1453 Série III Ano XVI

MACAU/DELTA

DECISÃO DO DIFERENDO QUE OPÕE MACAU E EUA SOBRE JOGO ONLINE
Macau sem pressa na OMC

União Europeia e Japão já chegaram a acordo com os Estados Unidos por causa do jogo on-line. Mas Macau resiste. No diferendo com a União Europeia sobre as exportações de calçado espera para ser ouvida

João Paulo Meneses
putaoya@hotmail.com

O próximo prazo para decisões no que diz respeito ao diferendo entre Macau e os Estados Unidos, por conta do jogo realizado pela Internet, é o final deste mês. Qualquer uma das partes admite um acordo até lá, mas uma vez que os prazos têm sido sucessivamente renovados, também não admira se o diferendo se continuar a arrastar em sede de Organização Mundial do Comércio (OMC).
Os Estados Unidos esperariam que, depois do acordo conseguido com a União Europeia e o Japão, tudo se tivesse resolvido. Mas há um núcleo de resistentes, entre eles Antígua e Barbuda, o promotor da queixa, e Macau (mais a Costa Rica e a Índia).
Macau, tanto quanto apurámos, está na expectativa de ver o que conseguem as ilhas das Caraíbas que há muitos anos mantém com os Estados Unidos um diferendo por causa da proibição imposta aos norte-americanos, pelo seu próprio governo, de jogarem em casinos on line, sedeados fora dos Estados Unidos.
Mas enquanto Antígua e Barbuda luta por recuperar receitas importantes para o orçamento do seu país (de acordo com algumas informações, o jogo on line poderia valer cerca de 10 por cento do PIB das ilhas, uma vez que muitos desses casinos estavam estabelecidos – ainda que virtualmente – em Antígua e Barbuda), Macau encontra-se numa situação muito mais tranquila: não há perda de receitas, porque a indústria do jogo on line não se desenvolveu localmente. Pelo contrário, os seus principais contribuintes, os casinos locais, até são – regra geral – os principais inimigos do gambling através da Internet.
Além do mais, como costuma acontecer neste tipo de diferendos envolvendo disputas sobre comércio e a mediação da OMC, o que Macau virá a conseguir dos Estados Unidos serão contrapartidas «em géneros», nomeadamente privilégios nas trocas comerciais, como benefícios em direitos alfandegários (calculados até ao valor estipulado no acordo).
O PONTO FINAL sabe que depois de uma fase em que os Estados Unidos começaram por não reconhecer as reivindicações de Macau e de outros reclamantes, já houve tentativas para se chegar a acordo, mas os valores indemnizatórios propostos estarão muito abaixo do pretendido (aliás, essa é uma estratégia destas negociações, como se constata pelo facto de Antígua e Barbuda reclamar perto de 3,5 mil milhões de dólares e Washington contrapor, pelo menos inicialmente, meio milhão de dólares).
Embora o processo seja os Estados Unidos contra todos, as rondas realizam-se «estado a estado», o que faz com que possa haver, nessa fase, soluções diferentes para cada caso.
Finalmente, mais um argumento para Macau não ter pressa, e que justifica o impasse em que se encontram as negociações: ao abrigo da cláusula de nação mais favorecida, que faz parte da OMC, em disputas como esta, as vantagens económicas dadas a uma nação têm de ser aplicadas às restantes. Talvez a pensar nas consequências que possam resultar desta questão, já se ouviu nos EUA o primeiro sinal de contestação ao encerramento das fronteiras ao jogo offshore, com uma carta assinada por dois congressistas a pedir a revisão da medida.

À espera do contraditório
no calçado

A União Europeia ainda não convocou Macau para se pronunciar sobre a alegada utilização da RAEM para exportação indevida de calçado chinês, sinal de que o processo está atrasado.
Sabe-se que os investigadores de Bruxelas estiveram em Macau antes do Verão e que visitaram fábricas, no sentido de avaliar se os valores de calçado exportado tiveram ou não origem na RAEM, mas até agora nada mais se conheceu.
Recorde-se que, numa altura em que a União Europeia impôs limites à exportação de calçado chinês, Macau registou um crescimento dessas mesmas exportações de quase 500 por cento.
Este é o primeiro caso que surge na RAEM envolvendo violação de acordos de comércio. Há memória de dois outros casos, um com isqueiros e outro com CD, mas ambos na década de 80.


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ARQUITECTOS APLAUDEM SALVAGUARDA DO CASINO LISBOA
Três vivas para Stanley Ho

Os arquitectos Rui Leão, Mário Duque e Maria José Freitas louvam Santley Ho por não demolir a entrada principal do Hotel Lisboa. O magnata do jogo ficou nos píncaros. As regras do concurso internacional de arquitectura dirão se Ho tem ou não pés de barro

Sónia Nunes

Stanley Ho marcou pontos junto dos arquitectos de Macau. Pela primeira vez, um patrono dos negócios tomou a iniciativa de proteger um símbolo cultural da cidade. A entrada e a “gaiola” do Casino Lisboa - isto é, o edifício original de forma cilíndrica - vão sobreviver à demolição. Seja porque o edifício tenha chocado com a academia dos anos 60 e entrado na lista dos dez mais feios do mundo, ou porque cativou a memória da população, ou porque é o castelo de Feng Shui do magnata do jogo. É o espelho do território e vai ficar de pé. Resta saber como é que a Sociedade de Jogos de Macau (SJM) vai conduzir o concurso internacional de arquitectura para a remodelação do complexo.
“O que é notável é o próprio promotor privado achar que aquilo que tem é significativo e toma isso como uma condição para remodelar o edifício. O regime de salvaguarda cabe à Administração Pública”, observa Mário Duque. O arquitecto destaca o abalo que o Hotel Lisboa provocou ao demarcar-se quer da cultura vigente quer da vanguarda e diz que só há pruridos em falar de património cultural por se tratar de uma sala de jogo.
Também o vice-presidente da Associação dos Arquitectos, Rui Leão, aplaude o acto de “grande civismo por parte de Stanley Ho ao reconhecer que o hotel Lisboa faz parte da memória colectiva, o que é mais significativo do que ser uma peça de cultura arquitectónica”.
Já Maria José Freitas, apesar de elogiar o princípio da protecção do imaginário da cidade, puxa a declaração do presidente da SJM à superstição: “O próprio Stanley Ho sempre deu muito valor àquela parte. E em termos de feng shui justifica-se. Aquela entrada sempre lhe deu sorte. O magnetismo, a sobrecarga simbólica das coisas é valorizável e é assim que deve ser”, entende.
Uma das perguntas imediatas ao anúncio da destruição do primeiro casino do território prende-se com o volume de receitas das mesas de jogo. Estará o Casino Lisboa, o habitual número 1 no ranking local, a dar prejuízo? “Não está entre os primeiros, mas continua com bons resultados”, avançou ao PONTO FINAL uma fonte do sector. Se Stanley Ho procurou recuperar melhores augúrios para o negócio é ponto secundário para os arquitectos: “O feng shui está ali configurado. Qualquer outro edifício podia seguir as mesmas regras. A questão é que ali já está uma imagem fixada. É uma memória”, avalia Mário Duque.

Império da história

O hotel Lisboa rompeu Macau com um castelo histérico de cruzamento de estilos culturais. Três décadas depois ganhou o estatuto de ícone. “Há imagens que são mais puras, espartanas. Há outras que são exuberantes. Essas têm muito maior capacidade de fixar esse fascínio. É o caso do hotel Lisboa”, afirma Mário Duque. O edifício serve de referência, continua ao simbolizar o período de crescimento económico. E a carga imagética entrou no coração da cidade: “As
pessoas acabaram por lhe atribuir maior valor patrimonial. É, de facto, uma imagem eficaz”, entende o arquitecto.
A construção não está nos manuais de arquitectura nem segue qualquer corrente artística. É atemporal. “Aquelas opções estéticas foram penalizadas quer pela vanguarda quer pela cultura vigente. Este tipo de posição é muito datada. O hotel Lisboa era criticado precisamente por ser Kitsch”, explica Mário Duque.
No projecto, impõem-se alguns sinais de “bons auspícios” como a ondulação da cobertura a imitar o voo do morcego e a forma de gaiola. Há ainda o revestimento em mosaico que o arquitecto sempre admirou como gesto contemporâneo. “A vibração das cores, a técnica, lembram as experiências que se fizeram no movimento do cinetismo”, esclarece. Para Rui Leão, o que torna o Hotel Lisboa extraordinário é a hibridez. “Mistura elementos da arquitectura meridional e faz referência a uma certa composição chinesa. Não é nada ortodoxo. Já havia coisas com este gosto, mas o cruzamento era mais ingénuo. Aquele objecto surpreendeu”, avalia o vice-presidente da Associação dos Arquitectos. A mestiçagem traduziu-se na procura simbólica dum povo pelo outro. O Casino Lisboa, avalia Rui Leão, é o que um ocidental imagina sobre a China. “O telhado redondo lembra a capa do jogo do mikado, onde estava uma chinesa com um arranjo de cabelo cheio de pauzinhos. Outras coisas do uso português, como o pudim mandarim, tinham este ar do chapéu do Lisboa. É uma síntese muito boa do que Macau é e foi para os europeus”, ilustra. Também o chinês encontra no edifício “um desejo colectivo do que deveria ser o ocidente. Tinha um ar de arquitectura moderna”, observa.
O arquitecto não tem pejo em dizer que o Casino Lisboa “não é nenhum encanto”. Porém, houve um atrevimento à época e “hoje ninguém é capaz de dizer que aquele edifício é dos mais feios. É um edifício de arquitectura de entretenimento. Tem que dizer ‘Estou aqui, sou um máximo’. E envelheceu muito bem”, remata.

Ganas para concorrer

Os três arquitectos contactados pelo nosso jornal estão interessados em apresentar um projecto para o concurso internacional lançado pela SJM. A fase de apreciação de candidaturas deverá ser concluída antes do Ano Novo Chinês, avançou Stanley Ho. Mas ainda não se conhecem as regras nem se sabe se o concurso será aberto ou por convite.
Mário Duque está algo céptico e espera que o formulário seja tomado público. “Preciso de saber primeiro se os pressupostos do concurso inspiram confiança. Envolve trabalho e despesa e as pessoas precisam de se sentirem seguras. Tem de se conhecer o júri e os critérios de avaliação”, afirma. De qualquer maneira, o projecto é “como qualquer oportunidade de trabalho. Não é um caso especial”.
“Estou vivamente interessada. Como qualquer arquitecto que esteja em Macau e se aperceba do que está acontecer. É uma oportunidade de fazer uma coisa valorizável num terra que está numa transformação incrível”, avança Maria José Freitas. A arquitecta elogia a abertura de “um concurso de ideias” para um intervenção no centro da cidade, sobretudo “num contexto em que muitos edifícios têm sido construídos sem qualidade arquitectónica”. A demolição do casino abre, confia, as portas ao bom urbanismo.
Também o vice-presidente da Associação dos Arquitectos destaca o interesse no projecto. E espera que a SJM convide os profissionais locais e não esteja obcecada pelos grandes nomes da arquitectura mundial. “Este é o desafio dos desafios. Nós estamos bem posicionados para dar um resposta criativa. Conhecemos a cultura local. Será penoso ter quatro ou cinco Madonnas a competir no festival da canção e nós ficarmos a olhar”, brinca Rui Leão.

Caixa
Democrata acusa Governo de falta de transparência
Au Kam San quer clareza no contrato de concessão do solo do Casino Lisboa

O deputado Au Kam San resume o projecto de demolição do Casino Lisboa, anunciado por Stanley Ho na semana passada, como mais um caso de falta de transparência do Executivo na política de concessão de solos. O democrata exige um esclarecimento público sobre o contrato. Quer saber como fica o valor do prémio do terreno e como será calculada a renda para a reconstrução do edifício.
Em declarações ao jornal Va Kio, na edição de Sábado, o representante da Associação Novo Macau Democrático afirmou que o acordo assinado entre o Governo e a Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM) estipulou que o terreno do antigo Lisboa (e de mais dez casinos da operadora) passaria para as mãos da Administração a partir de 2003. Porém, ressalvou, o Executivo nunca prestou qualquer declaração pública, até há uns dias ter dito que completou o título de propriedade sobre o Casino Lisboa, em meados de 2007.
Au Kam San confronta as datas e insta o Governo a esclarecer como calculou – ou vai calcular – a renda da jóia coroa de Stanley Ho naquele hiato de quatro anos. A questão do Casino Lisboa prova, defende, que apesar dos anúncios de maior transparência e de mais auscultação pública, o modelo de concessão de terrenos segue o estilo da era Ao Man Long.
O deputado quer, assim, o claro esclarecimento sobre a real posse dos casinos da teia da STDM, e ainda saber qual será o montante do prémio do solo para a demolição e reconstrução do Casino Lisboa, bem como qual o método de cálculo de renda para os títulos de propriedade das salas de jogo. Falta também saber quando é que os contratos assinados entre Governo e operadoras terminam e qual será o preço da renovação da licença.


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AS TRANSFORMAÇÕES NA SILHUETA DE MACAU
Design do futuro

Quando se debate o urbanismo, os arquitectos de Macau dizem que o planeamento é uma questão de bom senso, e urgente

Donna Page *

O horizonte de Macau transformou-se nos últimos cinco anos, com um boom de construções a encherem os céus. Arranha-céus residenciais nasceram em cada esquina e milhões de turistas são atraídos pelas luzes dos casinos, cujo número não pára de aumentar. Mas as mudanças na paisagem urbanística não têm agradado a todos. Ao verem a cidade alterar-se tão rapidamente, vários arquitectos de renome receiam que os danos da construção desenfreada sejam irreparáveis, a menos que seja feito um melhor planeamento urbanístico imediatamente.
Ao contrário do que se poderia pensar, a maior crítica não é feita aos edifícios per si, mas às mudanças na paisagem da cidade sem qualquer tipo de consideração. Rui Leão, vice-presidente da Associação de Arquitectos de Macau, explica que o maior problema é não haver nenhuma visão a longo prazo. "Não houve realmente nenhum planeamento à priori, o que acaba por se tornar crítico já que não conseguimos absorver todo o investimento estrangeiro", explica Rui Leão. "Nos últimos seis anos temos tentado passar a mensagem de que é necessário planear a longo prazo e as políticas incluíam que este plano fosse cumprido".
Basta olhar para o Venetian para perceber como o design urbanístico pode dividir a opinião pública. A maior parte das pessoas adora ou odeia a cópia do resort de Las Vegas. A sua controversa construção foi justificada como um investimento que traria um enorme retorno económico, e ao mesmo tempo criticado por tornar o trânsito caótico, destruir aterros naturais e ocupar demasiado terreno útil.
Rui Leão recusa-se a dar uma opinião sobre o Venetian, admitindo ser totalmente irrelevante. "Esta é uma discussão que não leva a lado nenhum, não me interessa se os edifícios são bonitos, demasiado grandes ou pequenos", explica. "Se isso se tornar uma discussão pública, então perdemos a noção do que é realmente importante e deixamos de ter uma perspectiva de futuro".
Rui Leão admite que há muitas ideias que precisam de ser transformadas em procedimentos simples de trabalho. "Nós estávamos num comboio rápido de desenvolvimento que agora está completamente parado. O que está a acontecer agora foi planeado em 2002, portanto o que estamos a decidir neste momento?", questiona. "Esgotámos os nossos terrenos. Agora não precisamos de mais casinos, precisamos de nos tornar uma grande cidade numa área pequena".
O reconhecido arquitecto de Macau, Eddie Wong, admite que não há duvidas que a industria do jogo apanhou a todos desprevenidos, inclusivamente o governo. "O desenvolvimento desta indústria foi inesperado, ninguém sequer o previra", explica Wong. "Há muito mais casinos e hotéis do que se planeara originalmente e as infra-estruturas não estão preparadas para isso. O governo está a tentar acompanhar o ritmo, mas é um desafio muito grande".
Embora vários projectos de grande dimensão não tenham tido uma contribuição positiva em termos de design, Eddie Wong explica que os benefícios económicos são inquestionáveis. "Pessoalmente considero que alguns edifícios são bizarros, eu teria preferido algo mais adequado a Macau, mas é a indústria do entretenimento", diz. "Felizmente não se têm espalhado por Macau, estando concentrados em duas áreas. Como arquitectos, lutamos contra isto, mas como cidadãos reconhecemos a necessidade de mudança. Há trinta anos não era possível arranjar um emprego em Macau, portanto temos de aceitar esta evolução, mas temos de preservar também a nossa identidade".

Tarde demais para correcções

A dimensão das construções da indústria do jogo exclui os arquitectos locais do processo de design. A maioria dos projectos são desenhados além-mar e levados a cabo por empresas de Hong Kong, com um número de recursos humanos que ronda as centenas. As empresas de Macau limitam-se a assegurar que as regras do governo são cumpridas. "São necessários escritórios com 200 a 300 pessoas e isso não existe em Macau", explica Wong. "Claro que estes projectos acabam por ser importantes para nós. Ficaremos melhor preparados para o próximo boom de desenvolvimento".
Um arquitecto que trabalha num dos maiores projectos de casinos em Macau prefere não se identificar com receio de perder o emprego, mas admite que muitos dos membros da equipa envolvidos no processo nunca estiveram sequer em Macau. Ele questiona a capacidade de levar em consideração a paisagem urbanística da zona onde será inserido o casino, já que esta nem foi sequer vista. "Alguns destes edifícios parecem enormes paredes e têm impactos na poluição, nos ventos e em muito mais aspectos à sua volta", explica. "Trazem mudanças ao ambiente que os rodeia que parecem não ter sido equacionadas". O arquitecto admite que se uma falha no design for detectada por um arquitecto de Macau, a menos que se trate de uma questão de segurança, não será corrigida por já ser demasiado tarde. "Se for encontrado um erro no design será muito em cima da hora, porque a obra já estará na fase final", admite. "A correcção será considerada demasiado cara já que é tudo uma questão de tempo e o objectivo é ter a obra pronta o mais rápido possível. O cliente está a pagar muito pela qualidade, mas não está a tê-la".
Enquanto os júris podem aceitar bem ideias como a do edifício do Venetian e de outros casinos, todos os arquitectos concordam que é essencial proteger a arquitectura local. Felizmente muitos dos edifícios históricos são propriedade do governo ou de organizações de caridade.
Eddie Wong considera que se deve aprender com a experiência de Hong Kong e que Macau tem "um ambiente único" que não é encontrado noutra região. Explica que enquanto não houver necessidade de preservar os edifícios antigos de Macau, a questão reside na protecção do que os rodeia. "O governo está a fazer o seu melhor para comprar de volta e recuperar algumas propriedades, mas é tudo demasiado próximo em Macau", admite. "Temos obras enormes, com mais de 200 metros de altura, nas traseiras. É impossível escapar a isso, o que é uma pena".

História à espera de protecção

No ano passado o governo decidiu proteger as imediações das zonas históricas da cidade. O novo regulamento obrigava qualquer intenção de construção assim como demolição de edifícios existentes a passar pela aprovação do Gabinete de Assuntos Culturais. As críticas, nomeadamente da Sociedade de História de Macau, falam em regras "vagas" e "pouco eficazes".
Embora à primeira vista as novas políticas pareçam boas, a verdade é que há demasiadas zonas cinzentas na lei, para além de faltarem linhas claras de procedimento.
Considerados por muitos dispensáveis há pouco anos, os edifícios históricos da cidade constituem hoje herança mundial e uma das maiores atracções turísticas de Macau. Desde a inscrição oficial do centro histórico de Macau como Património Mundial pela Unesco, em Julho de 2005, a sua preservação deixou de ser uma preocupação meramente local. Rui Leão teme que o desenvolvimento económico actual nem dê uma possibilidade aos edifícios históricos. Acrescenta que, se políticas claras de preservação não forem definidas rapidamente, os edifícios históricos "não conseguirão salvar-se". "A história não é um negócio, é um bem", explica. "Não podemos contar com os donos dos edifícios históricos para os reabilitarem. Temos de ter uma estrutura para isto, para tudo. É preciso criar novas escalas para a cidade".
Vicente Bravo, arquitecto de Macau, admite que um edifício com um bom design é um investimento, e que nem sempre maior significa melhor. Bravo receia que a crescente construção de arranha-céus residenciais seja uma bola de neve que acabará por rebentar um dia, deixando o centro da cidade vazio e abandonado. "Dentro de dois ou três anos, se a população não aumentar muito, teremos entre 20 a 30 mil apartamentos à venda e os preços irão cair vertiginosamente", diz. "Nós estamos a criar os nossos próprios problemas e parece que ninguém é responsabilizado. Devia haver um esforço para reconverter o que temos e renovar os edifícios existentes de modo a que possam voltar a ser usados".
Bravo admite não ser contra a indústria do jogo mas considera que, nos últimos cinco anos, a única coisa que Macau ganhou foi dinheiro. O arquitecto explica que devido à sua dimensão, Macau é muito delicado e os erros cometidos actualmente não puderam ser corrigidos mais tarde, porque não há espaço para correcções . "Nós perdemos tanto terreno importante e, feito um balanço, eu não sei se estes enormes projectos acabam por ser benéficos para Macau", admite. "Onde haverá espaço para fazer um novo hospital ou qualquer outra obra necessária? Estas questões parecem ainda não ter sido consideradas".
A atitude do 'deixa-andar' de Macau mostra que o governo prefere encorajar os investimentos do que criar regras e princípios que podem ser considerados como obstáculos de novos projectos, e isso inclui a compra de terrenos e o seu planeamento. Mas Vicente Bravo admite que deve ser encontrado um equilíbrio entre o fomento do desenvolvimento e a protecção dos interesses da comunidade. Diz que no passado já houve demasiadas decisões tomadas sem as devidas considerações e que a comunidade raramente foi consultada. No início do ano passado, o governo lançou um ambicioso plano de recuperação de terrenos que dava pelo nome de Desenvolvimento de Novas Zonas Urbanas e que procurava aumentar a área de Macau em 15 por cento. As intenções governamentais receberam uma onda de críticas por não terem sido sujeitas a uma consulta pública e estarem rodeadas de algum secretismo. "Anda-se a dizer que sim e que não a projectos sem razão nenhuma", explica Bravo. "O planeamento não pode estar separado da política e precisamos de pensar bem naquilo que podemos ser no espaço que temos".

"Esquecemos o lado histórico"

Ryan Leong cresceu em Macau, foi estudar arquitectura na Austrália e voltou para fazer carreira na sua terra natal. Com 25 anos, considera que há pouca noção em Macau do que é realmente a arquitectura e de como ela influencia a vida das pessoas. "Há um grande problema na arquitectura que é a ausência de um planeamento urbanístico", explica. "Precisamos de perceber como os edifícios reagem ao que os rodeia, mas e os parques, e os espaços abertos? Acho que precisamos de ter discussões mais abertas e entender qual será o nosso futuro. A arquitectura deve estar relacionada com as pessoas".
Leong admite que projectos-réplica, como o Venetian, não têm qualquer ligação ao espaço que os rodeia, poderiam estar em qualquer lado. Não duvida também que o trânsito cada vez mais caótico, a claustrofobia de certas áreas da comunidade e os escassos recursos de espaço, levam os habitantes de Macau a questionarem cada vez mais o seu futuro na cidade. "Temos de nos juntar e planear o futuro juntos", considera o arquitecto. "Quisemos tanto construir uma cidade de casinos, que esquecemos o nosso lado histórico e é preciso encontrar um equilíbrio, descobrir o que é o mais acertado para a comunidade".

* Exclusivo Macau Closer/PONTO FINAL


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MUSEU DA CIÊNCIA ESPERADO INAUGURAR ATÉ 2009
L.C. Pei satisfeito com ritmo das obras

L.C. Pei, filho do arquitecto nascido em Cantão I. M. Pei - o famoso autor da pirâmide do Museu do Louvre, em Paris -, está confiante de que o Museu da Ciência de Macau possa abrir ao público antes do mandato de Edmund Ho, o Chefe do Executivo, terminar em 2009. O também arquitecto e fundador, juntamente com o irmão Chien Chung Pei da Pei Partnership Architects, está satisfeito com o ritmo a que as obras do complexo - com 20 mil metros quadrados -, tem decorrido. "O projecto está a ser erigido a um ritmo rápido e as formas têm ficado mais claras todos os dias. A conclusão das obras deve acontecer dentro de pouco mais de um ano, e espero que vá estar incluída entre os feitos do Chefe do Executivo."
Em entrevista ao sítio BizChinaUpdate, Pei descreveu o projecto como "muito complexo", e "uma resposta a vários desafios". Um desses desafios, segundo explicou, foi tornar o edifício consentâneo com a sua finalidade, desenvolvendo um conceito que pudesse fazer com que os visitantes tenham vontade de voltar Museu. A forma de construção, um conjunto de edifícios de várias formas ligados entre si, potencia o efeito da exploração, que pode ser feita por várias formas e combinações possíveis, diz o arquitecto.
Além do mais, o complexo apresenta várias vertentes e funções, como um centro de conferências, 15 galerias, um planetário, uma sala multi-funções e um posto de observação elevado a uma altura de 26 metros que oferece uma vista privilegiada da ilha da Taipa.
Para fazer o edifício funcionar como um todo, os arquitectos responsáveis apostaram em vários espaços independentes nas funções, mas cuja ligação entre eles é feita através de áreas com motivos aquáticos e paisagísticos. A intenção é "fazer lembrar aos visitantes a ligação do museu com o mundo real, a natureza."


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JOGO FECHA 2007 COM RECEITA DE 83.800 MILHÕES DE PATACAS
Stanley Ho caiu para segundo lugar em Dezembro

O Jogo encerrou 2007 com uma receita de 83.800 milhões de patacas, num ano em que Stanley Ho foi ultrapassado pela primeira vez, no mês de Dezembro, na realização de receitas brutas.
Dados estatísticos finais a que a agência Lusa teve ontem acesso indicam que o sector do jogo em casino apurou uma receita final de 83.000 milhões de patacas, acrescida de uma receita bruta de cerca de 800 milhões de patacas nas corridas de galgos e cavalos, lotarias e apostas de basquetebol e futebol.
Apesar de Stanley Ho, que opera 18 casinos em Macau (17 de facto, já que o casino flutuante está encerrado para remodelação) ter realizado no mês de Dezembro uma receita ligeiramente inferior à da Las Vegas Sands, manteve, no entanto, o primeiro lugar na contabilidade dos 12 meses do ano, fechando 2007 com 40 por cento da receita bruta, contra apenas 20 por cento da empresa norte-americana.
A Galaxy Resorts, grupo ligado a empresários de Hong Kong, detém o terceiro lugar global em termos de receitas brutas com 18 por cento, seguido pela norte-americana Wynn Resorts com 16 por cento.
O consórcio Melco/PBL fechou 2007 com cinco por cento da receita bruta apesar de algumas oscilações de receita ao longo dos 12 meses.
Depois de inaugurar o seu primeiro hotel/casino a 18 de Dezembro, o consórcio entre Pansy Ho e a MGM Mirage não consegue expressão percentual na receita geral anual mas garantiu, em apenas 13 dias completos de 2007, uma significativa quota de cerca de dois por cento num mês em que as receitas brutas globais dos casinos atingiram um total de 8.100 milhões de patacas.
Em Outubro de 2007, as receitas em casino estabeleceram um novo recorde absoluto num só mês, com o registo de 9.200 milhões de patacas, um valor 56 por cento superior ao que tinha sido apurado no mês homólogo de 2006 e que traduz, por exemplo, mais de um terço da receita bruta anual apurada nos casinos.
Em termos gerais, a análise dos dados do sector do jogo em Macau ao longo de 2007 permite também concluir que o crescimento foi potenciado apenas pelo aumento das receitas brutas dos casinos e das corridas de galgos, que registaram, isoladamente, aumentos de 47 e 46 por cento, respectivamente.
Todos os outros jogos - corridas de cavalos, lotarias, apostas de futebol e basquetebol - registaram crescimentos negativos de dois dígitos.
O apuramento de 83.000 milhões de patacas nos casinos de Macau traduz ainda que ao longo de 2007 foram apostadas nas salas de jogo locais mais de 2,7 biliões de patacas, já que segundo fontes do sector as receitas brutas dos casinos apenas representam cerca de três por cento do total de dinheiro apostado nas salas e slot-machines.
Os números do jogo mantêm uma forte subida das receitas brutas desde 2004, ano que marcou a liberalização de facto do sector com a entrada em funcionamento, em Maio, do primeiro casino fora do universo de espaços e de diversão controlados por Stanley Ho e em que foi registado um crescimento da receita bruta em cerca de 40 por cento.
Em termos comparativos, a receita de 2007 traduz um aumento global do sector (casinos e outras apostas) de 46 por cento face a 2006 e de 78 por cento face a 2005. Se os dados forem comparados a 2004, então o crescimento das receitas de 2007 é de cerca de 93 por cento, uma quase duplicação em quatro anos.


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Mãe abandonou filho 11 dias enquanto jogava

Um jovem de 14 anos de Hong Kong foi abandonado durante 11 dias de castigo em casa enquanto a mãe estava em Macau a jogar nos casinos. De acordo com o South China Morning Post, a mãe do rapaz, solteira, contou à polícia que deixou o seu filho de 14 anos a 7 de Dezembro por ele ser desobediente. Disse também que pretendia que o rapaz aprendesse a cozinhar, a limpar e a cuidar sozinho de si.
Com 45 anos, a mãe viajou então para Macau para, como explicou, se "acalmar" em visitas aos casinos locais. A polícia foi alertada pelo próprio jovem que, sem dinheiro e com fome, ligou para as autoridades.
A mulher, que diz sofrer de problemas no coração que a podem matar a qualquer momento, compareceu sexta-feira no Tribunal e está acusada de maus tratos infantis.
Perante o tribunal, a mulher reconheceu ter errado ao negligenciar o seu filho mas disse que achou que valeria a pena caso o rapaz tivesse mudado a sua atitude.
O tribunal agendou nova audiência sobre o caso para 18 de Janeiro com o objectivo de recolher provas e para aguardar o relatório do departamento de assuntos sociais.
O caso agora conhecido é, segundo a imprensa de Hong Kong, o segundo a chegar ao Tribunal uma semana depois de a 29 de Dezembro do ano passado uma mãe, também solteira, ter deixado duas filhas de oito e nove anos sozinhas enquanto se deslocava a Macau onde, segundo explicou, "perdeu a cabeça" ao jogar nos casinos locais.


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MOTOCICLISTAS TÊM QUE PAGAR MULTAS EM ATRASO PARA RENOVAR LICENÇAS
Ameaças de nova manifestação contra lei do trânsito

Depois das críticas e manifestações contra a Lei do Trânsito Rodoviário em vigor desde o passado dia 1 de Outubro, os motociclistas de Macau prometem voltar às ruas em protesto. Desta vez, o motivo das reivindicações prende-se com o facto de a nova lei obrigar os motociclistas a pagarem as multas em atraso para poderem renovar a licença, processo que começou este mês e se estende até Março.
Lee Kin-yun, da Associação para o Activismo da Democracia, que esteve por detrás da manifestação do dia 1 de Outubro, a maior do ano passado, tendo juntado cerca de 6 mil motociclistas, admitiu ao South China Morning Post de ontem que podem realizar-se mais acções de protesto caso o Governo seja inflexível em obrigar os motociclistas a saldar as dívidas. "Vamos ver o que acontece quando as pessoas forem renovar as licenças. Se as pessoas forem realmente obrigadas a pagar as multas, vai haver uma reacção imediata."
Até ao momento, segundo o jornal, a Divisão de Transportes do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) apenas requereu que os que querem renovar as licenças pagassem as multas em atraso emitidas a partir do dia 1 de Outubro, inclusive. Aos motociclistas, o IACM tem dito que as multas com datas anteriores não vão ter que ser pagas "por enquanto" para efeitos de renovação das licenças.
A maior parte das multas estão relacionadas com estacionamento legal, e são no valor de 200 patacas, montante esse que é acrescido em 100 patacas se a multa não for paga num prazo de 15 dias. Os motociclistas argumentam que não existem condições para que a lei possa ser cumprida, uma vez que para cerca de 100 mil motociclos existem apenas 40 mil lugares de estacionamento. O Governo tem insistido na promessa de aumentar o número para 50 mil nos próximos tempos.


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PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE HISTÓRIA DE MACAU DEFENDE SOLUÇÃO
Demolição de nova construção para proteger Farol

Chan Shu Wing, presidente da Associação de História de Macau, é da opinião de que o Governo deveria considerar a hipótese de proibir a construção do edifício de 88 metros, propriedade do Gabinete de Ligação do Governo Central, no sopé da Colina da Guia, e uma vez que a obra já está em fase avançada, a demolição é uma solução.
Em declarações ao canal chinês da TDM, o responsável deu o exemplo da cidade de Colónia, na Alemanha, cujo governo municipal construiu um edifício nas imediações de uma área considerada Património da Humanidade. Após os reparos da UNESCO, que alertou para o facto de o novo edifício prejudicar a preservação do património, o próprio município decidiu-se pela demolição da recente construção.
Para Chan Shu Wing, trata-se de um exemplo a ser seguido por Macau, tendo em conta as diversas reacções que a obra no sopé da Guia já motivou, inclusive por parte da UNESCO.
Neste sentido, o responsável lembra o episódio da carta de que o organismo internacional enviou a Pequim, que por sua vez endossou a Macau, mas cujo conteúdo as autoridades locais ainda não revelaram. No seu entender, o Governo deve revelar o mais depressa possível o teor da missiva à população, aumentando a transparência.


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AUMENTOS A PARTIR DE 20 POR CENTO
IAS garante mais apoios financeiros a instituições

O Instituto de Acção Social (IAS) vai actualizar o apoio financeiro regular que concede mensalmente aos equipamentos e unidades sociais já este mês, sendo que a taxa de aumento vai variar entre os 20,54 por cento e os 26,52 por cento. Com este ajustamento, prevê-se que o apoio financeiro a conceder ao longo do ano totalizará mais de 260 milhões de patacas, um aumento anual de cerca de 48 milhões de patacas.
O Governo pretende assim elevar a qualidade dos serviços dos respectivos equipamentos, tendo em conta a pressão derivada da subida generalizada do salário da mão-de-obra e o problema da mobilidade dos trabalhadores da linha da frente das instituições de serviço social.
Neste sentido, o IAS apela para que as diversas instituições particulares de solidariedade social aproveitem este acréscimo dos recursos financeiros para actualizar de modo racional as remunerações dos seus trabalhadores, a fim de atrair e reter o pessoal qualificado.
O Governo promete ainda continuar a rever o actual regime de comparticipação financeira, assim como os recursos humanos dos equipamentos sociais, as remunerações, as acções de formação e o grau de satisfação do pessoal, a fim de poder encontrar um modelo que mais se adeqúe às necessidades sociais e que contribuam para o desenvolvimento sustentável do sector de serviço social.


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ESCOLHIDOS NOVE MEMBROS RESPONSÁVEIS PELO PROCESSO ELEITORAL PARA ANP
Au Kam San e Paul Pun foram as únicas abstenções

O Chefe do Executivo, Edmund Ho, vai liderar o conjunto dos nove membros que vão ficar responsáveis pelo processo eleitoral de 27 de Janeiro que vai escolher os 12 representantes de Macau à 11ª legislatura da Assembleia Nacional Popular da China (ANP). Além de Edmund Ho, no passado sábado, o colégio eleitoral de 325 membros (faltaram 10 à reunião realizada na Torre de Macau), escolheu ainda Ma Man Kei, Philip Xavier, Lei Pui Lam, Ho Iat Seng, Susana Chou, Leong Heng Teng, Pok Iok Lan e Chui Sai Cheong.
Os trabalhos desta primeira sessão plenária foram presididos por Sheng Huaren, vice-presidente do Comité Permanente da ANP.
O deputado Au Kam San e o dirigente da Cáritas, Paul Pun, membros do colégio eleitoral, abstiveram-se na votação para a mesa da Comissão Eleitoral. Au Kam San criticou a forma fechada de eleição, por colégio eleitoral, e Paul Pun considerou que a mesa devia ser composta por mais deputados eleitos directamente.
Segundo afirmações de Pun ao Canal Macau, o responsável considera que devia haver mais deputados eleitos pela via directa "para haver mais vozes do povo de Macau."
Também ao Canal Macau, Neto Valente, presidente da Associação dos Advogados de Macau e membro da comissão, disse que era
"importante que, quem tenha oportunidade de participar na eleição dos deputados de Macau à ANP, o faça. Neto Valente vê a sua participação no acto eleitoral como o reconhecimento pela actividade que tem desenvolvido em Macau, em benefício da comunidade e da advocacia, disse ainda ao Canal Macau.
Todos os membros da comissão têm que ter nacionalidade chinesa, e além de Neto Valente, outros membros com ligações a Portugal incluem o arquitecto Carlos Marreiros, o advogado António Dias Azedo e o Provedor da Santa Casa da Misericórdia, António José de Freitas.
Esta primeira reunião serviu também para fixar os prazos para apresentação de candidaturas, processo que começa hoje e termina no próximo dia 18. No dia 27 os candidatos que conseguirem reunir pelo menos 10 apoios entre os 325 membros vão a votos. Para já são conhecidas 25 candidaturas.



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MONTE CARLO CONTINUA SEM PERDER PONTOS NO FUTEBOL DE MACAU
Lam Pak faz pressão ao líder
e regista maior goleada (7-0)


O actual campeão, Lam Pak, está na sombra do Monte Carlo no campeonato da I Divisão do futebol da RAEM e há quatro jornadas que obtém goleadas. Mas este fim-de-semana o líder imitou o seu velho rival, conseguindo “chapa-seis” ao Vá Luen. Os dois eternos candidates ao título estão quase a defrontar-se. Será na última jornada da primeira volta, daqui a duas rondas

Vítor Rebelo
rebelo20@macau.ctm.net

Nada de novo na quinta jornada do escalão principal do futebol do território, a não ser três resultados desnivelados, o que tem acontecido com maior frequência a partir da segunda ronda da competição. Curiosamente, os números da primeira jornada do campeonato, davam a entender um maior número de candidates ao título este ano e uma prova mais equilibrada.
Com o decorrer do tempo, equipas como o Vá Luen, que empatara na abertura diante do candidato Vong Chiu, caíram rotundamente e na verdade os desaires do Vá Luen, agora sem Pereirinha ao leme, constituem uma das maiores surpresas.
Ao ponto do clube onde jogaram, na temporada passada, jogadores como Francisco Rosário, Paulo Conde, Miguel Heitor, Pelé, se ter afundado na tabela, tudo apontando, se a situação não melhorar, para que a equipa lute apenas para se manter no principal escalão do futebol macaense.
Paulo Conde, um dos jogadores que saiu do Vá Luen, disse ao PONTO FINAL que a sangria de elementos, em relação ao ano passado, acaba por ter reflexos. “Afinal parece que aqueles que saíram eram importantes para o plantel. Acabaram por apostar em jovens e isso provocou uma descida acentuada na qualidade do Vá Luen”.

Vá Luen em queda,
Monte Carlo a subir

Nesta altura e depois de um começo prometedor (2-2 face ao Vong Chiu), o Vá Luen só ganhou ao último classificado Heng Tai (1-0), perdendo depois com Sub 21 (3-2) e agora com Monte Carlo (6-0).
Assim, o Vá Luen deixa claramente de lutar pelos primeiros lugares do campeonato.
Lá na frente, o Monte Carlo está a fazer talvez o melhor inicio de prova dos últimos anos. Cinco jogos e cinco vitórias. Notável a prestação da equipa treinada por um jovem técnico, Tam Iao San, que ainda há dois anos estava a jogar no Heng Tai. Impôs disciplina no plantel e excluiu o camaronês Wamba, depois de atitudes do médio (excelente executante diga-se…) em pleno recinto de jogo, discutindo muito com os seus colegas.
O treinador do Monte Carlo não quis mais contar com Wamba e parece estar a dar-se bem com a decisão, arriscada, uma vez que o futebolista dos Camarões dava grande consistência ao meio campo do conjunto. Tam Iao San “deu a volta por cima” e referiu ao nosso jornal estar a equipa mais unida. “Claro que não vou dizer se a equipa está melhor ou pior desde a saída de Wamba, mas o que posso dizer é que há mais unidade no seio do clube, com os jogadores agora a actuarem mais à vontade e com espírito de grupo. Isso está a reflectir-se nos resultados.”

Com Wamba de fora
há várias opções

De referir que, depois do afastamento de Wamba, o clube de Firmino Mendonça contratou o queniano John, polivalente, com grande garra dentro do campo, talvez mais do que a própria técnica. “Mas tem sido bastante útil e tem ajudado ao equilíbrio”, referiu Tam Iao San, para quem o Monte Carlo está a subir de produção, como se viu em especial na primeira parte do desafio de ontem, em que o líder do campeonato goleou o fragilizado Vá Luen por 6-0.
Ao intervalo já era grande o desnível (5-0) e o técnico considerou ter sido a melhor exibição, durante quarenta e cinco minutos, da sua equipa. “Estou finalmente satisfeito com a produção dos meus jogadores e tudo saiu bem com as alterações que fiz no onze inicial, colocando Samiro a defesa central, ao lado do queniano John, utilizando um dos reforços da China, Lam Chiu Meng no meio campo. Na segunda parte deu oportunidade a outros elementos e por isso a produção não foi tão boa. Até o guarda-redes Domingos Chan deu o lugar ao nosso habitual guardião suplente.”
Neste encontro em que o Monte Carlo averbou a quinta vitória consecutiva (provavelmente é feito único pelo menos nos últimos dez anos de futebol de Macau), Chan Kin Seng, o principal goleador da equipa (ponta-de-lança da selecção da RAEM, apontou os dois primeiros golos, aos 7 e 10 minutos. Portanto, bem cedo os “azuis e amarelos” começaram a construir um triunfo fácil, num jogo tranquilo.
O cabo-verdiano Allison (outra das apostas de Tam Iao San após a saída de Wamba), marcou o terceiro, Chan Kin Seng voltou a facturar no quarto e Lam Chiu Meng fez o 5-0 antes do descanso. De referir que este chinês de Cantão fez o primeiro desafio pela formação comandante do campeonato e, Segundo o treinador, “trata-se de um bom reforço que vai consolidar um sector importante, colaborando muito bem na manobra atacante.”
O sexto golo foi apontado por Chan Kun Kan.

Lam Pak não desarma
e assusta com goleadas

Daqui se depreende que o Monte Carlo está mais forte de jogo para jogo, quando se aproxima o desafio da verdade, face ao rival Lam Pak, agendado para o dia 19 deste mês de Janeiro, quando se efectuar a derradeira ronda da primeira volta.
As duas equipas estão separadas por apenas dois pontos, isto porque o Lam Pak cedeu dois no empate inaugural, face ao Hoi Fan (1-1). A partir daí, o conjunto orientado por Chan Man Kin (já treina o Lam Pak há vinte anos…) nunca mais desperdiçou pontos e até passou a golear todos os adversários que apareceram pelo caminho: Vá Luen (6-0), Vong Chiu (5-2), Policia (5-1) e sábado ultimo Heng Tai (7-0), no recorde de golos até agora registado na época 2007/2008.
Por aqui se pode ver o momento que atravessam os dois clubes mais credenciados do futebol de Macau, o que já acontece há vários anos. Por enquanto, o Monte Carlo está na frente, porque tem sido um pouco mais regular do que o seu opositor na questão do ceptro. Mas na verdade o confronto entre ambos é que vai mostrar quem tem mais argumentos.
O Lam Pak, na óptica do técnico Chan Man Kin, “está mais consistente este ano, já que se reforçou com bons elementos. Neste jogo com o Vá Luen voltámos a contar com Cheong Hang, um centro campista da China, que, juntamente com outro reforço do continente, Ian Hei Chi (jogou por nós na bolinha) dão de facto outra produção, lançando os nossos avançados. E aí têm estado muito bem Iun Chon Fai e Ian Chi Pan.

Ponta-de-lança chinês
já vai em 12 golos

Iun Chon Fai, de 26 anos, goleador do campeonato com 12 tentos marcados em cinco jogos (média superior a dois golos por desafio), veio da liga de Cantão e chegou a ser profissional no futebol de Singapura, há seis anos atrás. É hoje a “mais valia” do Lam Pak, um avançado de grande oportunidade e de fácil execução. Marcou cinco golos no embate diante do lanterna vermelha Heng Tai e sera, certamente, um jogador a ter em atenção para a equipa do Monte Carlo, uma vez que não costuma perdoar em posição frontal e nos lances de bola parada.
Ao intervalo o Lam Pak já tinha quatro de vantagem, face a um Heng Tai que continua sem sorte, não conseguindo marcar um único golo em cinco jornadas efectuadas. Isto apesar de terem regressado os veteranos, mas ainda influentes, Dedé e Mandinho.
O Lam Pak ‘cilindrou” assim o seu adversário e voltou a mostrar um “alto andamento”, em especial na transposição da linha média para o ataque, onde depois aparece o “letal” Iun Chon Fai.
Para o macaense Emanuel Noruega, que não alinhou neste jogo, “a equipa está a treinar muito bem e
Com bom ritmo, por isso os resultados aparecem.” Emanuel diz que Lam Pak e Monte Carlo voltam a ser os verdadeiros candidatos ao título.

Vong Chiu continua
como sério candidato

O treinador do Monte Carlo, quanto a isso, pensa que há mais opositores com credenciais:
“O Vong Chiu e o próprio Hoi Fan podem ainda provocar surpresas. Relativamente aos muitos golos que o Lam Pak está a marcar, não nos podemos esquecer que o Lam Pak tem vindo a actuar sem grande pressão dos adversários e isso torna-se fácil. Vamos ver o que vai acontecer quando nos defrontarmos, daqui a duas semanas.”
De resto, a quinta ronda trouxe o “regresso’ do Hoi Fan aos triunfos, depois da equipa de Hugo Afonso, Rosário, Conde e companhia, ter sido derrotada por 4-0 face ao Monte Carlo. Paulo Conde, no entanto, fez questão de dizer à nossa reportagem que “no jogo com o Monte Carlo o Hoi Fan actuou muito desfalcado, sem qualquer dos reforços da China, que de facto dão grande consistência ao conjunto. Em condições normais acredito que o Monte Carlo tenha dificuldades sequer em nos ganhar. Vamos ver na segunda volta.”
O certo é que o Hoi Fan venceu o Clube Desportivo da Policia de Segurança Pública, à tangente (1-0). Mas sabe-se dos habituais problemas, para qualquer equipa, no confronto com os duros policiais, que têm uma boa estrutura defensiva.
Com este triunfo, o Hoi Fan não se deixa afastar dos primeiros lugares, mantendo acesa a chama da luta pelos lugares da frente. “Estamos empenhados na corrida ao título e vamos continuar a dar cartas”, finalizou Paulo Conde, que jogou alguns minutos da segunda parte no desafio com a Policia, depois de uma lesão que o tem afastado da equipa.
Falta uma referência ao encontro entre o Vong Chiu e os Sub 21 patrocinados pela Associação de Futebol de Macau, com vitória do “onze” de Wu Kam Fai por 4-1, fazendo permanecer a equipa vice-campeã do ano passado na “Guerra” do título, não obstante a derrota face ao Lam Pak e o empate com o Vá Luen.
O patrão está atento às movimentações de mercado operadas noutras equipas rivais e foi buscar um médio à República Popular da China.

Monte Carlo mantém
dois pontos de avanço

Aqui fica a classificação do campeonato, quando estão realizadas cinco das sete jornadas da primeira volta:

Monte Carlo 15 (16-3)
Lam Pak 13 (24-4)
Vong Chiu 10 (12-10)
Hoi Fan 10 (7-6)
Vá Luen 4 (5-17)
Sub 21 3 (7-12)
Policia 3 (5-11)
Heng Tai 0 (0-13)


A próxima jornada está agendada para sábado (Policia/Heng Tai, 14 horas e Lam Pak/Sub 21, às 16) e domingo (Vong Chiu/Monte Carlo, 14 horas e Vá Luen/Hoi Fan, 16).

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